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Sebastian Bieniek é um artista de múltiplas habilidade. Do jeito que a Arte Contemporânea gosta. Do jeito que eu gosto. Nascido em 1975, ele é morador de Berlim desde os 13 anos. É cineasta, pintor, performer e dramaturgo.

Não sabia de nada disso até ver uma das suas fotografias do projeto Doublefaced sendo compartilhada por uma fan page de Frida Kahlo no Facebook. O que a Frida tem a ver com tudo isso? Provavelmente o dono da página admira o trabalho do tal Sebastian. Ou o conhece. Ou tá ganhando dinheiro com isso, vai saber? Desisti de investigar o motivo antes mesmo de procurá-lo. Aquela imagem me hipnotizou:

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Não é que tem tudo a ver com Frida, mesmo? Não é que os rostos duplos feitos com maquiagem na pele no fundo falam das mesmas coisas que falavam os autorretratos da pintora mexicana? Observe o quadro As Duas Fridas (1939):

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Que Frida era uma mulher a frente do seu tempo, já sabemos. E uma prova disso é o seu forte diálogo com o trabalho dos artistas contemporâneos. O de Sebastian é um excelente exemplo disso. A angústia de Kahlo, sua dor universal e suas dúvidas acerca da sua identidade não são as mesmas que nossa sociedade ~pós-moderna~ vive? Quem sou eu, quem é o outro? Até que ponto eu sou ou outro, o outro sou eu? As Duas Fridas poderiam ser muitas. Os olhos das mulheres de Sebastian poderiam ser vários, pintados incansavelmente no corpo todo. Mas, o número dois é bastante simbólico, condensa os outros vários num só, sem reduzi-los. Sebastian e Frida sabem disso.

Tantas perguntas nos afligem. Qual é meu sexo? De qual gosto? O que o outro achará de mim? Até que ponto devo me espelhar nele para ser aceito pela coletividade? Até que ponto devo ser eu mesmo para ser aceito pela minha individualidade? É essa a angústia que enxergo nas fotografias de Sebastian.

Tão simples traços com lápis de olho e batom, beirando o infantil, registrados através de ângulos tão interessantes. Às vezes como uma janela indiscreta, invasiva. Outras vezes encarando, duvidando, nos dando medo. Em situações tão inquietantes. Tão esquisitas. Gosto dessa palavra: esquisita. Façam suas próprias leituras:

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Raquel Assunção
Tentando transver o mundo, como Manoel de Barros bem disse ser preciso.
Raquel Assunção

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