Les Parapluies de Cherbourg: artístico, romântico e francês

Confesso que estou me esforçando para recuperar o tempo perdido no que diz respeito a cinema francês. E tenho me apaixonado a cada título.

Quando me disseram que no filme “Os guarda-chuvas do amor” cada palavra pronunciada tinha o ritmo de uma música, não desconfiei, visto que a fonte era segura. Mas fiquei intrigada e ansiosa para conferir. Esperei ter algum intervalo das obrigações diárias e presenteei-me com a exibição do dito cujo.

Foi paradoxal imaginar que, enquanto o Brasil era vítima de um golpe de Estado, em 1964, essa obra de arte era produzida na França. Obra de arte, sem a menor das bajulações. Ainda não sei se a denominação melhor é mesmo longa-metragem ou um clipe musical gigante.

Se você não tem paciência para musicais (com suas dez ou doze canções), passe longe de “Les parapluies de Cherbourg”, o título original em francês. Eu, pelo contrário, fui seduzida pelos musicais desde criança e me vi no céu com o ritmo constante do filme. E ele não desafina nunca. Jacques Demy, o diretor, não perdeu um detalhe sequer e acertou em tudo: desde a escolha do elenco, cheio de talentos com uma incrível compatibilidade artística, até as cenas curtas, ambiente onde o filme é desenvolvido, móveis, ritmo musical e de roteiro… Encantei-me!

O filme é romântico, contudo, é francês. Tenho a impressão que os franceses seguem o ditado que diz  que “tudo demais é veneno”. Então, embora todo o clima do filme faça com que o espectador espere até o último momento por um “final feliz”, isso não acontece. Mas também não é infeliz. Quero dizer… poderia ter sido pior.

A história se passa na cidadezinha francesa chamada Cherbourg, onde uma jovem (Catherine Deneuve, na inocência de seus vinte anos), vive sozinha com sua mãe, que possui uma loja de guarda-chuvas chamada “Les parapluies de Cherbourg”. A jovem, Geneviéve, é apaixonada por Guy, um mecânico simpático e romântico, que mora com a tia doente Élise. Quando Guy é chamando a servir o exército e precisa passar dois anos fora da cidade, muita coisa acontece.

Para não dizer que não vi um defeito, confesso que fiquei um tanto decepcionada com o final devido ao meu sentimentalismo exacerbado. Mas nada diferente do que deveríamos esperar de uma película francesa. E vi, sim, ainda outro defeito. Mas aí a culpa é do tradutores de títulos brasileiros. “Os guarda-chuvas do amor”… Argh. Coisinha brega, hein? Custava deixar o nome da cidade? Cherbourg. Perfeito. Os americanos fizeram isso. Mas brasileiro é amostrado…

“O filme é incomum e inimitável”, parafraseando um crítico. Vale a pena ver. Ou você se apaixona ou desiste na segunda cena.

Aprecie uma das cenas mais bonitas do filme. Infelizmente, não consegui legendada. Mas vale à pena conferir ainda assim.

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Andressa Vieira
Jornalista, cinéfila incurável e escritora em formação. Típica escorpiana. Cearense natural e potiguar adotada. Apaixonada por cinema, literatura, música, arte e pessoas. Especialista em Cinema e mestranda em Estudos da Mídia (PPgEM/UFRN). É diretora deste site.
Andressa Vieira

Andressa Vieira

Jornalista, cinéfila incurável e escritora em formação. Típica escorpiana. Cearense natural e potiguar adotada. Apaixonada por cinema, literatura, música, arte e pessoas. Especialista em Cinema e mestranda em Estudos da Mídia (PPgEM/UFRN). É diretora deste site.

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ANTONIO NAHUD JÚNIOR
12 anos atrás

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O Falcão Maltês

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