Tulipa Ruiz lança Dancê e mostra uma nova esfera musical cadenciada

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Foto: Jorge Bispo

Terceiro trabalho de estúdio, Dancê (2015) é o mais novo lançamento de Tulipa Ruiz, que veio de uma estreia excepcional com Efêmera (2010) e de um percusso muito bem elogiado do seu crítico e poderoso Tudo Tanto (2012). Em nova fórmula, mas com a mesma voz contagiante e penetrante, a cantora mostra uma nova esfera musical, que apesar de já se fazer presente em seus discos anteriores, nunca se sobrepôs, até esse momento. Gravado no estúdio da Red Bull Station, em São Paulo, Dancê tem produção de Gustavo Ruiz e foi mixado e masterizado por Victor Rice.

Mais dançante – como até o título sugere -, mas não menos crítico, o novo trabalho abre a vertente para as referências Tropicalistas de Tulipa. Se encontra no seu disco um pouco do Gilberto Gil exilado na Inglaterra, um Caetano Veloso de longos cabelos rebeldes nos anos 70 e aquela aura divertida e sensível dos jogos de futebol no quintal promovido pelos Novos Baianos. É forte, é tenso, Dancê é um mix do passado com as problemáticas do presente. É um k7 em pleno maio de 2015.

A faixa “Virou”, com participação do cantor Felipe Cordeiro, se encaixa perfeitamente bem nas descrições acima, já “Físico” e “Jogo do Contente” são as clássicas músicas dos Embalos de Sábado à Noite. Tira o sofá da sala, pois esse disco é pra ser ouvido em pé, batendo o pézinho – dois passos pra cá, dois passos pra lá. “Oldboy”, ritmado por um sax lento, traz uma Tulipa pronta para falar no seu ouvido coisas do coração, que todo mundo sente ou tropeça em algum momento da vida. Seguem no mesmo ritmo lento e analítico as faixas “Tafetá” e “Elixir”. Pulando pra última faixa, a cantora fecha o disco de forma poética com “Algo Maior”, uma ode aos persistentes em busca de amor, cantado emtulipa 3 parceria com o grupo Metá Metá e que prega um aviso: “Tá pra nascer algo maior / Que tudo o que você já viu / Leu / Sentiu / Soube ou ouviu. Não sinta medo / Nem dó de ser feliz / E se soltar / De saber bem o que lhe convém”.

Sem deixar o pop de lado, Tulipa Ruiz também se reinventa no ritmo que tanto lhe deu destaque, elaborando uma animada referência oitentista com “Prumo” e uma crítica ferrenha aos padrões de beleza em “Proporcional”, afinal,  “Proporcional aos fatos / Gostar assim sem previsão / É normal nesse caso / Aconteceu de caber”.

“A vida é feita de encaixes e no amor tudo tem cabimento”, diz Tulipa. O disco é ainda composto pelas músicas “Reclame” e “Expirou”. Para ouvir o disco, basta ir ao site da Tulipa aqui.

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Gustavo Nogueira
Estudante de jornalismo, com um tombo por cinema e literatura. Curte um festival de música assim como um bom gole de café. Enquanto não acha seu meu rumo, continua achando que é a pedra no meio do caminho.
Gustavo Nogueira

Gustavo Nogueira

Estudante de jornalismo, com um tombo por cinema e literatura. Curte um festival de música assim como um bom gole de café. Enquanto não acha seu meu rumo, continua achando que é a pedra no meio do caminho.

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8 anos atrás

[…] musical há um bom tempo, fazendo parcerias certeiras, tal como no novo disco da Tulipa Ruiz, Dancê (2015), onde participa da faixa “Virou”. O cantor traz referências fortes do estilo comumente […]

trackback
8 anos atrás

[…] fazer de referência entre os anos 80 e 90. Nós já resenhamos o disco e você pode conferir aqui. O show da cantora será no dia 12 de julho, no Teatro Riachuelo, às 20h. Todos os ingressos, […]

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