Pensando em dedicatórias de livros, daquelas escritas à mão (e aqui vai a dica | e mais outra aqui!) com o maior carinho e para aquela pessoa especial, parei para pensar também nas dedicatórias e citações “prefácias” escritas e escolhidas pelos próprios autores… Daí até começar a revirar minhas lembranças e prateleiras foi um passo. Compartilho as mais marcantes para mim.
Antes de tudo, não tenho como me esquecer dessa dedicatória feita não pelo autor, mas pela personagem do livro:
1. “Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver dedico com saudosa lembrança estas memórias póstumas.” (Brás Cubas em M. P. de Brás Cubas, de Machado de Assis)
Agora podemos começar:
2. “Para as mulheres.” (João Ubaldo Ribeiro em A Casa dos Budas Ditosos)
3. “Achava belo, a essa época, ouvir um poeta dizer que escrevia pela mesma razão por que uma árvore dá frutos. Só bem mais tarde viera a descobrir ser um embuste aquela afetação: que o homem, por sua força, distinguia-se das árvores, a e tinha de saber a razão de seus frutos, cabendo-lhes escolher os que haveria de dar, além de investigar a quem se destinavam, nem sempre oferecendo-os maduros, e sim podres, e até envenenados.” (citação de Osman Lins: Guerra Sem Testemunhas no livro Morangos Mofados, de Caio Fernando de Abreu)
4. “Para todas as chinesas e para meu filho Panpan” (Xinran, em As Boas Mulheres da China)
5. “Dedico este livro a Andressa (esquerda) e Adriana, duas vítimas da violência, que só reviram a mãe, prostituta desde menina, numa gaveta de alumínio do rabecão. São o legado vivo das Meninas da Noite.” (Gilberto Dimenstein, em Meninas da Noite)
6. “Tudo o que não invento é falso.” (Manoel de Barros, em Memórias Inventadas)
7. “Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara.” (citação do Livro dos Conselhos, no livro Ensaio sobre a Cegueira, de José Saramago)
8. “Toda Arte é ao mesmo tempo superfície e símbolo. Aqueles que procuram ver por baixo da superfície, fazem-no por conta e risco.” (Oscar Wilde em O Retrato de Dorian Gray)
9. “Confesso que vivi.” (citação de Pablo Neruda no livro Tanta Vida, de Alejandro Palomas)
10. “A Pilar, que não deixou que eu morresse ” (Saramago, em A Viagem do Elefante), isso só para ficar em uma das várias lindas dedicatórias do escritor à sua Pilar.
E, claro, aos Philips, Véras, Haris e Farahs, Rüyas, Julias, Luises, Berthas, Françoises… Enfim, a todas essas pessoas estranhas de nomes estranhos. Ao mistério que fica suspendido no ar ao lermos, logo no comecinho do livro, os nomes desses fulanos solitários tomando uma página toda.
E aí, quais são suas preferidas? Diz para a gente nos comentários! 🙂
Tentando transver o mundo, como Manoel de Barros bem disse ser preciso.