Diversidade expressa em vários aspectos: no estilo, na idade, no comportamento e – principalmente – na sexualidade. Esta é a proposta da série de vídeos “Leve-me pra sair”, produzida pelos jovens do “Coletivo Lumika”. A websérie deve contar, ao todo, com 9 curtos capítulos e cada um deles está sendo disponibilizad0 no YouTube junto a conteúdos extras – depoimentos diretos de cada personagem e o making of de cada episódio.

Helena, uma menina de 16 anos, divide-se entre as muitas amigas, as baladas e o lindo namorado. É a vida que qualquer garota telespectadora de novelas teens gostaria de ter. A protagonista parece ter que tomar mais uma dessas decisões: atender à ligação de seu namorado ou aceitar o convite de Caiú, uma amiga de 19 anos, para ir a uma festa. Mas, dessa vez, a decisão – aparentemente simples – mostra-se mais complexa do que as outras tomadas em toda sua vida. A convivência com Caiú, que não tem problemas em dizer que sua orientação sexual é diferente da maioria, está deixando vários pontos de interrogação na cabeça da jovem.
A festa está sendo organizada pelos amigos Felipe (19 anos), Marcelo (de 17 anos) e Letícia (de 21 anos). Os garotos são assumidamente gays e Letícia, heterossexual. A convivência é maravilhosa. Felipe espera ansiosamente a chegada de um convidado, o Zé, um rapaz discreto de 20 anos. Enquanto isso, Letícia se surpreende com a chegada de Mauro (24 anos), um de seus ex-namorados, de quem se arrepende amargamente de já ter ficado um dia. Marcelo tem um “jeitinho” bem divertido e parece ter algum interesse em Felipe, mas o amigo mais velho nunca cede às investidas do outro e o rapaz de 17 anos passa a festa sozinho. A situação pode levantar as seguintes discussões: há preconceito dos gays mais discretos para com os homossexuais mais afeminados? E uma garota heterossexual num grupo composto em sua maioria por gays e lésbicas pode se sentir isolada por ser minoria?

“Leve-me pra sair” é mais do que uma narrativa de uma festa entre jovens de 16 a 21 anos regada a bebidas, cigarros e brincadeiras. A festa, na verdade, é apenas o mote para deixar a linguagem da websérie mais jovem e menos explicitamente didática. Pelo menos, até o episódio número 5. As discussões ficam mais visíveis quando os depoimentos diretos dos personagens – que fazem parte dos conteúdos extras – são assistidos logo depois dos episódios. Sutilmente abordados na websérie, temas como intolerância, formação de identidade, machismo e liberdade de expressão ficam bem mais claros quando são levados para o lado pessoal dos personagens. Esses conceitos têm muito a ver com a história do Coletivo Lumika, um grupo constituído em 2011 por 9 jovens que, em definição própria, acreditam na sede do mundo por mudanças mais concretas e que a meninada pode catalisar o desejo de transformação. Recentemente, o mesmo grupo produziu “Leve-me pra sair” em formato de documentário. Na obra, foi dado espaço para que a real personalidade de alguns jovens gays no Brasil pudesse ser mostrada de maneira poética e natural, a partir das histórias pessoais dos entrevistados.

O Coletivo Lumika tem o apoio da Coordenação de Políticas para a Diversidade Sexual – em parceria com a Secretaria de Cultura – do Governo do Estado de São Paulo. Os episódios da websérie sempre são disponibilizados às segundas-feiras; os depoimentos dos personagens vão ao ar às quartas-feiras e o making of de cada episódio podem ser vistos a partir das sextas-feiras no canal do grupo no Youtube. Você quer ter a oportunidade de sair?
Episódio 1 da websérie “Leve-me pra sair”
Primeiro depoimento pessoal
Sagitariano carioca que mora em Natal. Jornalista formado pela UFRJ e UFRN. Apaixonado por cinema, praia e viagens.