Ouso dizer que o grande fetiche humano desde sua existência é dominar por completo todos os aspectos da vida, buscar ter o controle absoluto sobre os mistérios que circundam o homem. No sentido mais literal, se tornar os senhores da causa e do efeito. É exatamente nesse viés que o grande escritor de ficção cientifica, Isaac Asimov, escreve o livro Eu, Robô.
“Houve um tempo em que o homem enfrentou o universo sozinho e sem amigos. Agora ele tem criaturas para ajuda-lo; criaturas mais fortes que ele próprio, mais fiéis, mais úteis e totalmente devotadas a ele. A humanidade não está mais sozinha. […] Os robôs são uma espécie melhor e mais perfeita que a nossa.”
O livro é considerados por muitos fãs da literatura de ficção cientifica uma das obras fundamentais que busca criar um universo em que as máquinas existem à imagem e semelhança dos homens. Tanto que, durante a leitura dos contos, percebemos que os robôs são dotados de sentimentos que lhes ocasionam dores e alegrias comuns aos seres humanos. De uma maestria única, Asimov constrói um panorama geral do desenvolvimento desses seres, nos apresentando inicialmente os primitivos Robôs mecânicos mudos até as máquinas avançadas capazes de controlar todo o mundo, deixando assim o homem como um ser obsoleto. Tal panorama nos remete um pouco à cronologia histórica da evolução humana.
Outro ponto marcante do livro é a apresentação das três leis básicas da robótica desenvolvida por Asimov; tais leis têm como principal proposito evitar a rebelião dos robôs contra os seres humanos.
- 1ª Lei: Um robô não pode ferir um ser humano ou, por inação, permitir que um ser humano sofra algum mal.
- 2ª Lei: Um robô deve obedecer as ordens que lhe sejam dadas por seres humanos exceto nos casos em que tais ordens entrem em conflito com a Primeira Lei.
- 3ª Lei: Um robô deve proteger sua própria existência desde que tal proteção não entre em conflito com a Primeira ou Segunda Leis.
Posteriormente à obra, Asimov desenvolve a lei zero da robótica, que fala que um robô não pode causar mal à humanidade ou, por omissão, permitir que a humanidade sofra algum mal.
A obra literária é uma coletânea de nove contos escritos pelo autor ao longo de sua carreira, posteriormente reunidos em forma de romance. As estórias apresentadas estão sequenciadas de forma lógica, inclusive por cronologia de data, tanto que ao lermos na sequencia apresentada teremos a sensação que os contos são capítulos de uma única obra.
Eu, Robô é um livro que perpassa o seu tempo, e que nos insere, não importa a época, em discussões contemporâneas sobre ética e tecnologia, fazendo pensar sobre o futuro e sobre os estados de coisas do presente. Tendo dito isso, parabenizo a Editora Aleph pela a iniciativa de reeditar a obra para as novas gerações de leitores de ficção científica.
Fã de cinema desde de criança, estuda Arte e Mídia na Universidade Federal de Campina Grande (Paraíba). Tem como principais paixões a música, os quadrinhos e o cinema.