Já pensou em se alistar para o Exército no dia do seu aniversário de 75 anos e partir numa das aventuras mais loucas da sua vida? É exatamente isso que acontece com John Perry, personagem principal de Guerra do Velho, livro publicado originalmente em 2005 e que chegou ao Brasil este ano pela Editora Aleph. No dia de seu aniversários de 75 anos, ele se alista para as Forças Coloniais de Defesa, para defender as colônias humanas em outros planetas da galáxia, o que acaba rendendo-lhe uma das aventuras mais incríveis de sua vida.
A narrativa inicia-se logo no dia do aniversário de John e ele, em “comemoração”, vai visitar a lápide de sua mulher, que faleceu há alguns anos. A falta de sua amada, juntamente com o ócio da aposentadoria, contribuem para que John procure um posto de alistamento assim que volta da visita ao local onde sua mulher foi enterrada. Guerra do Velho pode ser considerado, indubitavelmente, como um livro de ficção científica, pois vários elementos do gênero moderno estão presentes na obra, em especial as teorias de física que envolvem saltos hiperespaciais, presentes em clássicos como Star Wars e Viagem ao Centro da Terra.

John Scalzi, o autor do livro, desenvolve muito bem seu protagonista e o coloca em prova sempre que possível para mostrar muito da sua humanidade, o que acaba acarretando uma falha dentro da narrativa. Como ele utiliza muito tempo para desenvolver o personagem, a conclusão da história acaba ficando curta demais e as soluções de roteiro, inconsistentes. São recorrentes as desculpas esfarrapadas quando nos aproximamos do encerramento da história.
Mesmo com a escolha inapropriada citada anteriormente, o modo de escrita de Scalzi é um primor. O autor conduz a história com tanto carisma e um humor ácido imensurável, tornando uma discussão complexa bem simples e muito, muito engraçado. Vale destacar também como aspecto positivo o trabalho de edição gráfica feita pela Aleph, que está incrível. A capa, se aberta juntamente com as orelhas da frente e de trás, revela um pôster muito bem desenhado, além de ajudar o leitor a imaginar uma das criaturas que aparecem no decorrer da história.

No fim das contas, Guerra do Velho mostra como a vida ainda deve ser bem aproveitada mesmo depois de certa idade. Contudo, essa é uma lição de moral que vem sendo largamente explorada nas artes em geral, o que faz do livro uma história tão somente blockbuster, uma leitura apenas por diversão. Mesmo que dedique demasiado tempo na descrição dos personagens, também o único problema facilmente identificado no que se refere à narrativa, os momentos de ação não são enfadonhos. Pelo contrário, é uma leitura bem surpreendente, além de, claro, fácil e fluída, e ótima para tirar qualquer um daquela ressaca literária.
*As fotos para ilustrar essa resenha foram feitas pelo fotógrafo Renan Dias. Para conhecer o trabalho dele, clique aqui.