Contribuindo com a minha eterna saga em busca de entender bandas que gosto, cai nas minhas mãos “O guia do Led Zeppelin”, escrito por Nigel Williamson e lançado no Brasil pela Editora Aleph, e eles realmente levam a sério o termo “guia”. O livro é dividido em três partes: a primeira busca contar o começo, meio e fim do grupo, tendo suas músicas e processos de gravação explorados na segunda parte e, por fim, a terceira parte, chamada “Zeppologia”, aborda notícias, pessoas envolvidas, covers, histórias por trás das músicas mais populares e lendas (até a mais infames) sobre a banda.
Assunto inevitável em livros sobre música, a vida pessoal dos quatro integrantes do Led Zeppelin é abordada no guia, afinal, qualquer ofício que alguém venha a exercer está fadado a sofrer influência do comportamento e das experiências pessoais de quem se envolve, e acredito que esse fator é ainda mais forte quando se trabalha com arte, nesse caso, a música. Fiquei feliz, no entanto, de perceber que os detalhes contados sobre a personalidade de cada um foram aqueles que contribuíram para transformar a banda no que ela foi: Uma série de eventos marcantes que se mesclaram com o experimentalismo e hiperatividade das guitarras de Jimmy Page, a paixão pelo blues e aura hippie de Robert Plant, a sofisticação e calmaria (necessária) de John Paul Jones, além de toda a ferocidade e, infelizmente, morte de John Bonham. Juntos, eles geraram o que o livro adora citar como “a melhor banda de rock do mundo”.
O que me chamou atenção sobre a história deles foi (momento inception) a própria história: não se trata de quatro garotos que, em suas andanças em shows, se encontraram magicamente e decidiram que seria uma boa ideia fazer uma banda. É uma história, acima de tudo, de lenta evolução e persistência, uma vez que o livro deixa bem claro que o Led Zeppelin teve como precursor a banda de blues e rock dos anos 60 The Yardbirds, da qual não só Jimmy Page participou, mas também Eric Clapton e Jeff Beck, dois dos mais talentosos guitarristas do mundo.
The Yardbirds passou por várias fases musicais devido às diferentes influências que os guitarristas traziam consigo, mas Jimmy Page foi o único “convidado a se retirar” da banda, que inconformado, criou o “New Yardbirds”, no qual gradualmente foi sendo transformado no Led Zeppelin. O livro aborda esse período crucial de forma clara e bem detalhada, com direito a várias entrevistas com Robert Plant e Jimmy Page.
Por fim, a parte que mais me empolgou: o processo de criação da banda! Quando eu percebi que o assunto ia ser abordado, fiquei eletrizada e fui anotando cada mísero artista e banda que de alguma forma, foi influência para o Led Zeppelin, partindo do guitarrista inglês Bert Weedon e chegando até o misticismo que permeia toda a música instrumental indiana, mostrando o quão longe eles foram para que pudessem criar um som, no mínimo, autêntico. É empolgante ler a história por trás de algumas músicas, descobrir o porquê de sua criação e também como alguns dos integrantes se sentiam quando executavam-na.
“O Guia do Led Zeppelin” é um livro detalhadíssimo, que mostra os lados brilhante e podre de uma banda que viveu seus dias de glória de forma eufórica e extrema. Aprovado.
Estudante de Enfermagem que se mete em letras, músicas e desenhos. Segue a filosofia de que a vida é muito curta para gastá-la com preocupações. Dificilmente algo conseguirá surpreendê-la. Lê tudo, assiste tudo, vê o lado bom de tudo. É editora deste site.
Valeu Ana, comprei o meu guia do Led hoje na Estante Virtual (usado), e, procurava informação sobre ele na internet. No guia o autor insiste que trata-se da “maior banda do mundo” e pra você???
Oi, Ismael! Tem gostado de ler o guia? Bem, eu não acho que Led Zeppelin seja a melhor banda de rock do mundo, mas com certeza está entre as melhores… Isso é relativo, né? Vai do gosto musical de cada pessoa.