Cheguei ao cinema com a expectativa de, finalmente, assistir a uma boa comédia brasileira. Acho que ainda não foi dessa vez. Afinal, “Os Penetras” (Andrucha Waddington, 2012) logo se mostra um filme que gira em torno de uma antiga intriga das comédias cinematográficas: um mal-entendido entre personagens. Na película em questão, esse mal-entendido acontece entre as Lauras interpretadas por Mariana Ximenes e Andrea Beltrão. Várias sequências do filme parecem também serem inspiradas em clichês, especialmente a sequência do “própolis”, na qual aparece um elemento mais do que batido do contemporâneo cinema nacional: os policiais corruptos.
Os comediantes Eduardo Sterblich e Marcelo Adnet ao lado do ator Sterpan Nercessian: um bom elenco para um roteiro clicherizado |
A escolha do elenco, principalmente a dupla protagonista, porém, foi um bom acerto. A dupla de comediantes formada por Marcelo Adnet e Eduardo Sterblitch, devido à atuação destacada em programas de TV, permite aos espectadores imaginar que eles sejam bastante parecidos com as personagens que interpretam. Adnet interpreta Marco Polo, um golpista que aproveita as oportunidades que uma cidade cosmopolita como o Rio de Janeiro oferece para ganhar dinheiro e prestígio fáceis. Nesse sentido, essa personagem é mais complexo do que os últimos papéis nos quais Adnet atuou no cinema e atualiza a figura do malandro carioca Já Sterblitch é Beto, um bobo rapaz do interior que chega à Cidade Maravilhosa para reconquistar o seu amor. Tão bobo quanto os personagens caricaturais que assume no programa “Pânico da TV”. Devido à sua instabilidade amorosa, Beto acaba sendo vítima dos golpes de Marco Polo. Depois de algum tempo e com o próprio desenrolar do enredo, Beto desenvolve seu lado dissimulado por causa do convívio com Marco.
Mesmo que a dupla de comediantes carregue o filme nas costas, a interpretação dos dois não evita a impressão, no espectador, de que o roteiro poderia ter sido melhor trabalhado. “Os Penetras” acaba se mostrando um filme retalhado de chavões que se passa em um momento pra lá de batido: a festa de reveillon no Rio de Janeiro, uma das cidades brasileiras mais movimentadas neste período. Acaba sendo mais do mesmo.
Sagitariano carioca que mora em Natal. Jornalista formado pela UFRJ e UFRN. Apaixonado por cinema, praia e viagens.