Todo mundo sabe que o mercado cultural é bastante difícil. Muitas vezes, o espaço para alguns é grande, enquanto, para outros, nem existe. Nesta matéria, celebramos a conquista de um jovem natalense que conseguiu, entre essas dificuldades, publicar seu primeiro livro.
Nascido e residente em Natal, Guilherme Henrique Cavalcante tem 18 anos e lançou sua novela “A imagem do cão” pela editora potiguar CJA Edições em fevereiro de 2014. Mesmo assim, vale destacar que sua primeira publicação foi em 2012, aos 16 anos, no Jornal Illuminati – Cultural e Científico, no qual mantém uma coluna mensal de crônicas hoje. Ele também colabora, eventualmente, com blogs que incentivam e veiculam a produção literária jovem.
O CHAPLIN: “ A Imagem do Cão’’ é seu primeiro livro. Como foi o processo para publicá-lo?
Entre a escrita e a publicação de “A imagem do cão” levei cerca de dois anos. Comecei em 2012, houve um hiato em 2013 – por motivos de estudar para o ENEM – e os últimos ajustes foram feitos entre fins de 2013 e início de 2014. Entrei em contato com algumas editoras locais e três me responderam positivamente, contudo, a primeira foi a CJA Edições. Encontrei-me com Cleudivan, o editor, expus minhas intenções e ele disse que me publicaria quando eu estivesse seguro. Travamos contatos por cerca de um ano e meio. A segunda editora me lançaria em 2014, mas àquele tempo, como eu queria a publicação para 2013, descartei-a. Já a terceira me ofertou uma relação custo-benefício extremamente desvantajosa: saí do encontro com o (famoso) editor num pé de vento. Fiquei, com muita satisfação, na CJA Edições!
O CHAPLIN: O que você lê? Acha que suas leituras influenciam em sua escrita?
Leio coisas variadas. E, sem dúvidas, o que leio me permeia e influencia no que escrevo. Alguns autores de cabeceira e rede são Graciliano Ramos, Clarice Lispector, Franz Kafka, Rachel de Queiroz, Lygia Fagundes Telles, Jorge Amado, Manuel Bandeira, Zuenir Ventura, Cora Coralina, João Paulo Cuenca… – com certeza esquecerei de mencionar muitos, e isso me aflige (risos).
O CHAPLIN: Por ser jovem, você enxerga alguma diferença no jeito como você é visto, na forma de escritor? Há algum preconceito?
Por ser muito jovem, sinto, de certa forma, um olhar diferente dos outros (mais velhos) para comigo quando me apresento como escritor: uma desconfiança, um tom paternal e um riso de canto de boca, talvez. Isso não me incomoda, entendo esse receio das pessoas da mesma forma que entendo as minhas limitações naturais que são impostas pela idade e por todas as consequências atreladas a isso.
O CHAPLIN: Sobre o que fala “A Imagem do Cão’’?
“A imagem do cão” é uma novela que trata de gente e seus componentes básicos. Baseia-se no relacionamento conflituoso entre duas irmãs. O despertar do texto acontece quando Jana, uma das irmãs, furta um par de meias. A história desenrola-se em partes quase desintegradas, revelando o olhar de Jana e Verônica sobre seus cotidianos e intimidades. Há as personagens “secundárias” que ganham vultos de principais, como a Madrinha, Arthur, e A Mulher Ruiva, imprescindível para a compreensão da história. Só lendo para se saber mais (risos).
O CHAPLIN: Você mencionou que é bem diversificado em suas leituras. Seu livro é em prosa, mas você também escreve e lê poesia?
Sim, gosto de ler poesia. Conheço pouco e produzo menos ainda. Mas sou leitor assíduo de Bandeira, Cora Coralina e Rimbaud. Destaco Carito Cavalcanti, Pablo Capistrano, Brunno Soares e duas meninas-moças também potiguares: Nassary Lee e Regina Azevedo . Ah, tenho um amigo que escreve bem pacas, leio sempre suas produções, e o danado não quer publicar: Victor Cosson!
O CHAPLIN: Para finalizar, quais são seus planos para o futuro? Já está na produção de outro livro?
Para o futuro não tenho planos claros. Continuo produzindo minhas crônicas mensais, talvez daqui há uns dois ou três anos saia uma edição com esses textos reunidos.
* “A Imagem do Cão”, de Guilherme Henrique Cavalcante, está à venda na Livraria Nobel – avenida Salgado Filho –, na Cooperativa Cultural da UFRN, em algumas bancas de jornal da cidade e através de contato diretamente com o autor.
Poeta, estudante de Multimídia, formada no curso FIC de Roteiro e Narrativa Cinematográfica pelo IFRN, apaixonada por História da Arte e fotografia.