São 21h e eu decido assistir àqueles capítulos iniciais do spin-off de uma série que acompanho, e que estavam menosprezados em alguma pasta perdida no meu computador. Terrível erro. Que eu sou mesmo frouxa e medrosa, nunca escondi. E por esse motivo nunca assisto a séries “pesadas” à noite. Sou meio mística e acredito que dormir com as cenas na cabeça não vai me fazer muito bem. Mas, convenhamos, que mal um spin-off de Pretty Little Liars (série adolescente que já vai na sua quarta temporada) poderia fazer? Bem, ao menos para mim, o efeito foi amedrontante.
A história de “Ravenswood”, série lançada em 22 de Outubro desse ano (logo após ir ao ar o clássico episódio especial de Halloween de Pretty Little Liars) e exibida também pela ABC, se passa na cidade de mesmo nome, uma clara referência a “The Raven” (O Corvo), conto do mestre do suspense literário Edgar Allan Poe. A relação se torna inegável com as constantes aparições de corvos na série, começando pela abertura, em que uma mancha preta na tela produz o formato da ave.
E, olha, se tem algo que assusta é a mistura de cemitério, casa antiga assombrada, e espírito de gente velha. Ravenswood tem tudo isso no seu enredo, e a cereja do bolo é uma maldição que insiste em matar cinco adolescentes em momentos específicos da história da cidade.
Tudo começa quando Hanna (de Pretty Little Liars), ainda no episódio de Halloween, sugere que o namorado, Caleb (também já velho conhecido por quem acompanha a história das garotas de Rosewood), permaneça em Ravenswood cuidando de uma adolescente órfã à procura de seu tio, Miranda Collins (Nicole Gale Anderson). Esse é o gancho para os estranhos e assustadores acontecimentos que têm como locação a misteriosa cidade.
“Ravenswood” aposta no constante suspense psicológico. A série é densa, pesada e nos faz ficar com medo a cada segundo, sempre procurando algo nas paredes, ao lado dos personagens, buscando pistas em cada canto da tela, imaginando que a qualquer momento algo poderá acontecer. A trilha sonora e a fotografia ocupam um lugar de destaque nesse conjunto. A primeira é sempre dramática, embora não seja exagerada, e é a principal responsável pelo aumento da tensão a cada cena. Já a fotografia é acinzentada, mesmo nas cenas externas gravadas de dia. Parece que a cidade está sempre na iminência de um temporal, mesmo quando há sol. O ritmo da vida das pessoas em Ravenswood é lento, há muitos ornamentos antigos em cena, e isso nos remete a um lugar recheado de segredos e preso ao passado.
A série pode ser um ótimo passatempo para quem busca matar a saudade dos mistérios de Pretty Little Liars. Embora a história seja outra, várias referências são feitas à produção da qual derivou “Ravenswood”. O elenco principal é pequeno, mas há personagens secundários e igualmente importantes para a narrativa. Para este ano, estão previstos seis episódios da série, três dos quais já foram veiculados. Vale à pena assustar-se, mas apenas se, como eu, você não tiver muito nível para o horror.
Jornalista, cinéfila incurável e escritora em formação. Típica escorpiana. Cearense natural e potiguar adotada. Apaixonada por cinema, literatura, música, arte e pessoas. Especialista em Cinema e mestranda em Estudos da Mídia (PPgEM/UFRN). É diretora deste site.