As pessoas ultimamente têm reclamado de uma possível “falta de criatividade” na indústria cinematográfica. Filmes com roteiros previsíveis ou fracos e grande quantidade de remakes são severamente criticados por uma parcela do público. Trance (2013) vai de encontro a esse pensamento.
O longa é um thriller psicológico: Simon (James McAvoy), um leiloeiro de obras de arte, faz um acordo com uma quadrilha de assaltantes para o roubo de uma pintura avaliada em milhões. Na ação, o personagem acaba sofrendo uma pancada na cabeça e esquece onde escondeu o quadro. O bando, chefiado por Franck (Vincent Cassel), tortura Simon para saber o paradeiro do artefato. Sem respostas, recorrem a uma hipnoterapeuta, Elizabeth (a bela Rosário Dawson), que poderá ajudar o protagonista a se recuperar de sua amnésia.
A partir daí, ocorre uma verdadeira jornada dentro da mente de Simon, na procura pela bendita pintura. Elizabeth vai se aprofundando na psiquê do leiloeiro em busca de respostas, e no meio do caminho encontra seus medos, impulsos e o início de uma paixão.
Dirigido pelo excelente Danny Boyle (Trainspotting, Slumdog Millionaire), o filme apresenta uma trama extremamente fragmentada e não linear, onde os acontecimentos de presente e passado, real e imaginário, vão se misturando, chegando por vezes, a confundir o espectador. A certa altura pode-se imaginar que a história se perdeu, por conta de tanta informação, aparentemente, desencontrada. Mas não, os roteiristas Joe Ahearne e John Hodge conseguiram com maestria fechar todas as pontas soltas.
Outro aspecto que chama atenção em “Trance” é a fotografia do filme, realizada pelo premiado Anthony Dod Mantle. Na tela as cores são muito vivas e exploradas de forma a criar uma estética belíssima. Aliada a bons enquadramentos e cenários limpos, enche os olhos de quem assiste. A beleza da cidade de Londres também contribui para o resultado. Cabe aqui o elogio de que se parece com uma pintura (rs).
Trance prende seu público durante todo o filme por conta de sua narrativa que a todo momento está dando pistas do que está escondido na história; faz isso lançando mão de flashbacks e omitindo alguns fatos de propósito, criando uma preparação para o que está por vir. Um quebra cabeças ao qual o público vai sendo apresentado progressivamente até a sua forma completa.
Este filme é uma obra de roteirista, pois não fosse uma trama tão bem desenvolvida e pensada, talvez não tivesse o mesmo impacto. Se busca por algo criativo, que prende sua atenção e te surpreende, assista.
Jornalista, headbanger baterista e metido a roteirista. A rima só não é pior que o gosto por mindblowing movies.
Acabei de assistir, é muito bom, realmente prende e muito a atenção, mas não somente pelo roteiro, como também pela mão de Danny Boyle, um gênio!