Whiskritorio e a incrível capacidade de agregar tribos urbanas

Whiskritorio é um bar que fica na zona Sul de Natal (Foto: Facebook)
Whiskritorio é um bar que fica na zona Sul de Natal (Foto: Facebook)

Quando acontece um grande evento em Natal, todo mundo vai. Neste sábado (17), na teoria, o evento em questão não intencionava ser grande, contudo a falta de opções na cidade corroboraram para a maximização dele. Eu iria para o Festival do Whiskritorio, que reuniu umas três ou quatro bandas que tocavam covers de bandas internacionais, como Foo Fighters, System of a Down e Red Hot Chili Peppers.

O Whiskritorio é um bar que fica na zona Sul de Natal. Recebe todo tipo de gente, embora seja um bar que só toca rock, estilo musical que até hoje sofre preconceito pela cultura de massa. Portanto, reunir tribos urbanas em um mesmo espaço é uma grande vantagem, principalmente em um período em que as pessoas não querem se misturar, conversar com pessoas diferentes e sair com quem curte outros gêneros musicais – e, geralmente, pensa e age de forma distinta.

Na minha época de colégio, “roqueiro” não se misturava com “forrozeiro” e muito menos com “pagodeiro”, porém, ao que parece, as coisas estão mudando graças a lugares como Whiskritorio. Um dos motivos que o ajudou a alcançar o sucesso nessa missão foi a sua localização, perto de uma universidade privada famosa na cidade. É literalmente do lado da porta de saída da instituição de ensino. Uma outra vantagem é o ambiente, que é dividido em vários espaços bastante confortáveis. É possível ficar na área externa, ou ainda assistir a lutas de MMA na TV, ficar bebendo no bar ou assistir a algum show (o palco é isolado das outras áreas).

Pequena grande fila no Whiskritório às 23h50 (Foto: Lara Paiva/Celular)
Pequena grande fila no Whiskritório às 23h50 (Foto: Lara Paiva/Celular)

O sucesso da festa, além das outras vantagens do bar que citei anteriormente, deu-se devido à lista amiga: a entrada do bar custa R$ 30, porém quem compartilhasse o anúncio pelo Facebook  ganharia um desconto de R$ 10, ou seja, entraria apenas por 20 pilas. Além disso, as apresentações que aconteceram na cidade neste fim de semana eram de artistas populares, como Pablo (vulgo “rei da sofrência”), eventos que atraem pessoas realmente fãs. Sem contar que o ingresso era um pouquinho salgado e as casas de show eram em lugares longínquos.

Enquanto isso, no Whiskritorio, a fila estava quilométrica. O último lugar, quando entrei, estava quase no início da Avenida Engenheiro Roberto Freire, a principal via de acesso à zona Sul da capital potiguar. Eram 23h30 quando cheguei ao bar, mais precisamente na entrada, já que não consegui acessar a área interna. O local estava dividido em duas filas: quem estava com o nome na lista ou os dispostos a pagar 30 contos. Na entrada dava para ver que a área externa estava empanturrada de gente.

Quando o relógio marcou 10 minutos para meia-noite, e eu percebi que perderia o meu desconto e que não aproveitaria o bastante o show – uma vez que não curto ficar em lugares onde  preciso me policiar para não tirar o pé do lugar a fim de que alguém não ocupe o “meu” espaço – peguei o beco.

Enquanto estava esperando a minha “chance” de entrar no bar, ficava matutando na minha cabeça algumas coisas. 1) produtores culturais, façam mais shows na zona sul da capital; 2) mais bares deveriam promover shows como esse; 3) precisamos criar outras opções para sair à noite; e 4) os poucos eventos que existem na cidade não deveriam ser encarecidos – cobrem um preço justo (embora eu não considere que o evento deste sábado tenha cobrado um preço explorador).

Há eventos excelentes nos bares e casas da Ribeira e Cidade Alta, que até hoje são marginalizados pela maioria dos natalenses, infelizmente. Exemplo disso é o Buraco da Catita, aonde os roqueiros vão para ouvir samba e chorinho.  Porém, a zona Sul precisa também de eventos que agreguem e consigam unir todas as tribos em um mesmo espaço, sem frescura.

Área interna do bar (Foto: Facebook)
Área interna do bar

Contudo, os eventos nos bairros da zona Sul, como Ponta negra, Candelária e Lagoa Nova, não são tão divulgados. Só existe a divulgação nas mídia sociais, os produtores não usufruem o suficiente das “velhas” mídias, como rádio. Um erro, já que muitos escutam rádios como a Mix FM e Jovem Pan enquanto estão no trânsito. É importante a divulgação além dos “agendões” das televisões.

Minha ida ao Whiskritorio foi um fracasso, tive que ir ao Bar 54 para conseguir aproveitar o fim de um sábado à noite, porém saí de lá com um pensamento em mente: precisamos de menos eventos destinados a uma tribo urbana específica e mais programações como essa, a que todo o público vai.

*Essa postagem não tem intuito publicitário, com ela objetivamos parabenizar a iniciativa, já que uma das nossas funções enquanto veículo de cultura é descobrir as peculiaridades da capital potiguar.

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Lara Paiva
Natalense, jornalista, gosta de música, livros e boas histórias desde que se entende por gente. Também tem uma quedinha pela fotografia.
Lara Paiva

Lara Paiva

Natalense, jornalista, gosta de música, livros e boas histórias desde que se entende por gente. Também tem uma quedinha pela fotografia.

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