Fui o incumbido para escrever uma crítica da obra literária “2001 Uma Odisseia no Espaço”, de Arthur C. Clarke, um dos grandes nomes da ficção cientifica da literatura do século XX. A obra ainda teve como colaborador um dos grandes diretores de cinema, Stanley Kubrick, imortalizado por filmes como “Laranja Mecânica”, “Glória Feita de Sangue”, “Lolita” e, é claro, “2001 Uma Odisseia no Espaço”.
O livro foi cedido pela Editora Aleph, parceira do blog e responsável por várias reedições de obras da literatura de ficção como “Laranja Mecânica”, de Anthony Burgess, “Androides Sonham Com Ovelhas Elétricas?”, De Philip k. Dick, e “Duna” de Frank Hebert.
Ao se falar de “2001 – Uma Odisseia no espaço” devemos lembrar primeiramente que se trata na verdade de duas obras (filme e livro), desenvolvidas simultaneamente por Clarke e Kubrick, duas mentes bastante inquietantes e de saberes extremamente amplos. Durante toda a leitura somos mergulhados em várias teorias filosóficas, econômicas e políticas conferindo à obra um caráter de marco da literatura, já que ela, de certa forma, foi responsável por uma mudança de como a humanidade encara seu próprio amanhã.
No livro podemos perceber que o autor busca conferir ao processo evolutivo do homem um certo caráter de “experiência científica”, onde toda a razão despertada pelo ser primitivo advém de algo superior, representado no livro pelo famoso Monólito, que intervém na percepção dos homens macacos ou homem primitivo, conferindo aos mesmos um conjunto de habilidades mentais necessárias para a consecução de conhecimento sobre o mundo, o que podemos simplificar como a capacidade cognitiva do ser humano.

Um outro ponto bastante recorrente durante toda a narrativa é o conceito filosófico denominado de niilismo, onde o principal intuito é construir na figura do homem um agente negador dos valores sociais, tanto que Clarke busca criar uma correlação entre os passos dados pelo homem com as três etapas do niilismo.
A primeira etapa do conceito fica bastante perceptível logo no início da obra quando percebemos que “aquele que vigia a lua” começa a buscar um sentido em todo o acontecer, tanto que em certo momento essa busca leva à perca do ânimo e à compreensão de que todo aquele esforço feito por ele se torna um desperdício de força, da tormenta do “em vão”.

Com o correr da narrativa, podemos visualizar a segunda etapa, principalmente quando o homem começa a se colocar sob uma totalidade, se libertando e tornando-se líder de si mesmo, eliminando a necessidade de venerar e divinizar algo. Até que finalmente o homem começa a condenar o mundo do vir-a-ser como ilusão e busca por um mundo que esteja para além dele.
Além te todos esses pontos, ao receber a obra da editora, também me deparei com uma construção de uma metáfora tão profunda quando as que foram criadas durante a escrita, metáfora essa que se construiu apenas com o design da capa.
Para quem for adquirir esta obra, logo de início o autor nos diz que nossas mentes terão que permanecer receptivas e que todo o conhecimento que você adquiriu antes será totalmente supérfluo comparado ao que você irá adquirir após a leitura do livro. Para isso produziram uma capa bastante sugestiva, reproduzindo a mesma como se fosse o monólito visto no filme e descrito no livro durante a missão na lua. Monólito que representa, tanto no filme como no livro, o detentor do conhecimento e um interventor na evolução do pensamento humano. Obra recomendada sobretudo pelo seu poder de reflexão.
Fã de cinema desde de criança, estuda Arte e Mídia na Universidade Federal de Campina Grande (Paraíba). Tem como principais paixões a música, os quadrinhos e o cinema.