Na noite da última quinta-feira (27), foi dado o pontapé inicial para a 4° edição do “Festival MPBJazz”. O evento levou ao Teatro Riachuelo uma mistura de artistas locais e estrangeiros, que trouxeram boa música e fizeram valer aquela expressão “valeu a pena cada centavo do ingresso”. O espaço não chegou a ficar lotado, mas contou com um bom público.

Para abrir os trabalhos, subiu ao palco o grupo Candeeiro Jazz, um grupo instrumental que faz um certo jazz à moda nordestina. O trio composto por Jubileu Filho (guitarra), Sérgio Groove (baixo) e o compositor e sanfoneiro Zé Hilton, fizeram alguns improvisos, como é característico do grupo, usando bastante os solos de Jubileu e de Zé. Logo depois, surge ao palco a cantora Valéria Oliveira, que também é uma das idealizadoras e a curadora do evento. Valéria estava bem elegante, com um traje típico de cantoras da era de ouro do rádio. Ela apostou em alguns sambas, com uma mistura de baião e do próprio jazz, cantando canções próprias e com algumas parcerias, como Khrystal e Simona Talma. Em um dado momento, os rapazes do candeeiro mostraram seu trabalho autoral, até que Valéria voltasse trazendo consigo a multi-instrumentista Aurora Nealand.

O segundo show da noite ficou por conta de outro trio, mas dessa vez vindos diretamente de Nova Orleans, o berço do jazz. O “New Orleans in Concert” também apostou no instrumental, e já na segunda canção, executaram o clássico de Louis Armstrong “What a Wonderful World”, que foi até regravada pela banda Ramones alguns anos depois. Um dos componentes do trio com certeza era o destaque, o baterista Gerald French, que mostrou um domínio tanto do instrumento, quanto do ritmo, impecáveis, tanto que os espectadores aplaudiam de pé cada solo que era feito.
Após cumprimentar os presentes, o baixista do trio anuncia uma pessoa que iria cantar com eles, que é apenas uma das lendas do jazz americano, a cantora Jewel Brown. Ela que já foi parceira de Armstrong, impressionou com sua voz potente e uma energia que fez muitos se impressionarem. Ela dançou, fez algumas piadas com os músicos, e mostrou que não é uma diva à toa. Outra convidada foi Michaela Harrison, que apesar de ser americana, estava falando um bom português em alguns momentos, e deu uma certa “esfriada” no show, já que executou canções mais lentas, porém com uma bela potência vocal. Jewel convidou a própria Michaela e novamente Aurora, que dessa vez subiu com seu saxofone, para fazer o encerramento da noite.
Com uma boa dose de instrumental e belas vozes, o primeiro dia do festival mostrou a força desses ritmos – e provou o quanto é proveitoso este tipo de intercâmbio.

Graduado em Comunicação Social(UFRN), vai do rock ao samba, do Poderoso Chefão a Toy Story, como cantava Adoniran Barbosa, “Deus dá o frio, conforme o cobertor”.