Dicas de leitura para o coração respirar em tempos de golpe

A motivação dessa lista surgiu por meio de um post de Giovanna Dealtry, professora da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e escritora. Na postagem, ela diz: “Nos dias de hoje, todos nós temos a obrigação de nos alimentarmos de arte diariamente. (…) Arte é praticamente de graça e muita gente não se dá conta.” E nos lançava um – nem tão novo – lema: “Um samba por dia. Um poema por dia.”

Pois bem. Essa lista é pra sobrevivermos em tempos difíceis. Em que há crise econômica, mas principalmente há gente sendo violentada nas ruas enquanto tentam exercer o simples direito de protestar.

É uma lista sem muita cara de lista, no estilo ”foi bom pra mim, pode ser bom pra você também” e possui obras de variados gêneros e temas, como poesia, crônica e tradução. Confira:

Jout Jout

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Jout Jout não podia faltar. Ela ganhou grande repercussão ao falar de temas relevantes como relacionamento abusivo e assédio de forma despretensiosa e que permitisse a pessoas sem informação prévia entender e se interessar pelo conteúdo apresentado. Seu livro de estreia, Tá Todo Mundo Mal, combina totalmente com o tempo que vivemos, pois a autora descreve o volume como “O livro das crises”. Os textos despertam identificação no leitor com cada crise existencial, cada preocupação boba, cada pedra que atravanca o caminho. Invoca em quem lê uma capacidade rara e muito preciosa: a de rir de si mesmo.

José Juva

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Juva é poeta, ensaísta, jornalista, doutor em Teoria da Literatura. Ele é de Recife. Seu livro mais recente, Watsu, ganhou o 3º Prêmio Pernambuco de Literatura na categoria de poesia. Os poemas passeiam por experimentações, formatos distintos. É uma delícia ler cada palavra e verso, extremamente ricos, desde construções como ”a amnésia do fogo” até ”o rapto da eternidade que vendem relojoeiros”.  O livro é um encanto e atesta um poeta que ama amplamente a linguagem e também se debruça sobre ela. Ao fim da leitura, respondemos o primeiro poema, que diz ” – que ilha você levaria/ para uma pessoa deserta?”: levaríamos esse livro, que é também uma ilha.

Anne Sexton

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Conheci através das traduções de Adelaide Ivánova e Rafael Mantonavi pra revista Parênteses e acredito que seja também um caminho bom pra começar a leitura de sua obra. É chorável não termos um livro de poemas da autora traduzidos para o português. Vou na onda e já incentivo uma edição, traduzida pelos dois autores para o ”recifês” (com este nuestro sotaque e termos a la ”boy” e ”tu”!).

Frank O’Hara

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Having a coke with you é um dos meus poemas preferidos, entre todos. É sutil, é simples, é uma declaração bonita sobre se sentir bem com alguém. Na tradução de Ricardo Domeneck pra Modo de Usar, encontramos alguns dos melhores poemas de O’Hara. Há, também, uma tradução que gosto muito, de André Caramuru Aubert para o Jornal Rascunho. Merece destaque o poema Why I Am Not A Painter (Por que não sou um pintor), que é uma narrativa comum transformada em algo precioso, bem humorado e extremamente bem desenvolvido. De Poem vem um dos versos mais impactantes de O’Hara pra mim: “Não gosto deste estranho espirrando sobre nosso amor.”

Ana Cristina César

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Pra felicidade geral da nação, a Companhia das Letras vem fazendo um bom trabalho em publicar e republicar obras da poeta e sobre a poeta. Em específico, Ana Cristina: Crítica e Tradução é muito bom pra entender mais do cenário que rodeia a autora homenageada da FLIP 2016.

Chacal

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Chacal é sempre uma ótima pedida. Um destaque, desta vez, à sua série Conselhos a um jovem escritor, publicada no perfil pessoal do poeta no facebook e também em livro, no Tudo e mais um pouco, pela Editora 34. Não é um guia, mas é uma série com conselhos de quem já percorreu a estrada várias e várias vezes e sabe do que fala. É divertido enecessário.

Wislawa Szymborska

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Mais um grande acerto da Companhia das Letras: publicar a obra de Wislawa. A poeta, chegando em terras brasileiras, logo conquistou grande público. Depois do sucesso da publicação de uma seleção de poemas, foi a vez do título Um amor feliz chegar às prateleiras. Esse trecho do poema ‘Nada duas vezes’ já vale o livro inteiro: “Você vem — mas vai passar. / Você passa — eis a beleza.”

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Regina Azevedo
Poeta, estudante de Multimídia, formada no curso FIC de Roteiro e Narrativa Cinematográfica pelo IFRN, apaixonada por História da Arte e fotografia.
Regina Azevedo

Regina Azevedo

Poeta, estudante de Multimídia, formada no curso FIC de Roteiro e Narrativa Cinematográfica pelo IFRN, apaixonada por História da Arte e fotografia.

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