Apesar de bela, a capa de Os Irmãos Sister (Editora Planeta, 2013) apresenta uma sinopse infantil e que não tem tanto a ver com o tom do romance. O canadense Patrick deWitt utiliza de elementos do Velho Oeste para criar uma história bem-humorada, sim. Mas não se trata de algo raso ou infantil.
Narrado pelo mais novo dos Sister, o quixotesco Eli, que monta num cavalo de cabeça deformada pelo golpe de um urso, há uma jornada em curso dos dois – assassinos profissionais famosos – para encontrar um homem na Califórnia, e aqui está o corpo da trama, o encontro com os mais variados e excêntricos personagens que foram tentar a vida no estado americano durante a famosa corrida do ouro, ouvindo e até participando de suas histórias fantásticas.
A prosa de deWitt é simples, e às vezes parece que estamos diante mesmo de uma homenagem ao Velho Oeste, numa versão para iniciantes no gênero, apesar da violência. Mas o escritor tem seu estilo próprio, da roupagem cômica ao período, como um assassino de western que sofre por estar de regime, já que durante sua última investida numa mulher, esta lhe disse que estava bem acima do peso.
O que se sente falta, se não caio em contradição, é de concisão. A lentidão com que os eventos acontecem parece nos fazer sentir ir de Oregon até a Califórnia a trote. É uma história simpática. Seria melhor se, a todo tempo, deWitt não fizesse questão de ter certeza que deixou a mensagem clara ao leitor.
Colunista de Literatura. Autor do livro de contos “Virando Cachorro a Grito”(2013). Vive pela ficção e espera no futuro poder viver dela.