“Por 500 pratas por mês eu mato quem você quiser. Mas lembre-se de uma coisa: eu ficaria muito feliz em matar você de graça”. (Nathan Algren)
Eu ainda não tinha visto, mesmo passados dez anos do lançamento e com toda a propaganda que foi feita, “The Last Samurai” (“O Último Samurai“, no Brasil). Muitos foram os motivos que me levaram a não ver o filme na época do lançamento – depois foi só o esquecimento mesmo.
Depois de ver uma cena do filme que me chamou atenção, resolvi sentar e ver como conseguiram a façanha de fazer o gaijin Nathan Algren (Tom Cruise) se tornar o “último samurai”. Essa foi uma das principais críticas que alguns amigos amantes de cultura japonesa fizeram.
Na minha opinião, todavia, o problema não está no fato de Algren ser o último samurai, mas em ele se tornar um samurai. Oras, não precisa conhecer muito do Japão Antigo pra saber que um gaijin tinha menos direitos que as mulheres. Isso, caros leitores, compromete inteiramente a trama.
Superado esse trauma, e após ver o filme, tenho que fazer alguns elogios – e outras críticas. Ken Watanabe esteve perfeito no papel do líder rebelde Katsumoto, ele conseguiu assumir o espírito sereno e ao mesmo tempo superior dos samurais, ele entendeu o que é “a vida em cada suspiro” – os japoneses chamam de bushido.
A ambientação, o cenário e o figurino são incríveis, não parecem fantasias – vale salientar que mesmo as extravagantes armaduras dos samurais parecem reais. A última cena de guerra é épica, merece ser revista por várias vezes. Mas eu daria à última cena do filme o posto de inesquecível.
Confesso que me empolguei quando alguns personagens encarnam o verdadeiro sentimento que os japoneses têm pelos gaijins, mas logo depois fiquei frustrado com a forma rápida que as atitudes mudaram. Sobre muita coisa da cultura japonesa, principalmente no tocante aos modos e ao envolvimento das nativos com o gaijin, o filme deixou muito a desejar.
Para mencionar a trilha sonora, é de uma calmaria incrível, como deveria ser num drama sobre samurais. É um filme que cabe em qualquer situação e eu recomendo que, apesar dos reveses, assistam, se ainda não o fizeram, ou revejam pensando um pouco no que falei.
Arigatô!
Bacharel em Direito. Abecedista. Nas horas vagas escritor, divagador e mentiroso, tudo isso com uma boa dose de cinema e rock n’ roll – álcool só aos fins de semana. Assina a coluna “Opinião Formada”.
Boa análise, honestamente, não é o meu filme favorito, mas devo admitir que o roteiro era bastante atraente, cujo mérito deve entregá-lo a J. Logan. Altamente recomendado.