A Arte da Conquista: despretensiosamente agradável

Dia desses vi o cartaz de um filme em um desses vários sites de download, despretensiosamente baixei o arquivo. Tempos depois numa tarde chuvosa eis que me arrisco a escolher aquele filme com atores adolescentes na pasta de filmes do meu computador. “A Arte da Conquista” (2012) tem um título que não inspira confiabilidade alguma, mas ainda assim teimei em ver. No elenco encontramos o crescido garotinho de “Em Busca da Terra do Nunca”, Freddie Highmore como o complexo e fatalista George Zinavoy e garotinha burguesa e dissimulada Sally Howe, interpretada por Emma Roberts.


Sally (Emma Roberts) e George (Freddie Highmore)

Gavin Wiesen, fez sua estreia escrevendo e dirigindo o longa que se passa na cidade de Nova York. Em uma realidade burguesa, que não chega a ser no nível da série teen “Gossip Girls”, mas que relata a realidade de jovens prestes a concluir o Ensino Médio em uma escola particular de bairro nobre. George é um menino fatalista, que teme a vida mais que tudo, inteligentíssimo e muito pouco interessado com as atividades da escola, é o típico gênio mal compreendido, que não tem amigos na escola e é comumente posto para fora de sala.

Sally é a bela garotinha, que sabe conquistar os garotos, usá-los e depois descartá-os, um tanto insegura e fingida, se interessa pelo excêntrico George após este tê-la livrado de encrenca. O enredo tem tudo para ser um tremendo clichê, assim como as atuações, no entanto, nos deparamos aí com um filme carismático, muito discreto, simples, com bons atores, e consegue a cada cena nos deixar com mais vontade de chegar até o final.

 

George em seu mundo, entre rabicos, música e desilusão amorosa

George é um talentoso desenhista e por obrigações escolares acaba conhecendo o pintor, Dustin (Michael Angarano), que lhe apresenta o mundo das artes com uma opção de carreira a ser seguido. No entanto, o maior problema do jovem adolescente é motivação para a vida e para as coisas, sua apatia é tamanha, que ele sequer consegue fazer as atividades escolares e está a beira da reprovação e também não consegue dizer a Sally seus sentimentos, o que deixa a brecha para que outros o façam. O que acontece, trazendo junto a dor do primeiro amor também.

Freddie Highmore desde pequeno já mostra seu talento, aquele sensível garotinho que me emocionou em “Em Busca da Terra do Nunca” (2004), “A Fantástica Fábrica de Chocolate” (2005), “Um Bom Ano” (2006), “O Som do Coração” (2007) e “As Crônicas de Spiderwick” (2008). Sim eu acompanho a carreira dele, e noto seu amadurecimento diante das telas, o garoto é brilhante. Sem exageros, sem trejetos, não há nada forçado em sua atuação e é justamente por isso que faz de seus personagens tão carismáticos e humanos.

George e seus vários exercícios atrasados da escola

O elenco traz atores consagrados, como a professora de literatura, a loirinha queridinha dos anos 80, Alicia Silverstone; a mãe de Sally , Elizabeth vivida por Charlotte Howe; a mãe de George, Vivian, interpretada pela senhora Tom Hanks, digo, Rita Wilson. O diretor da escola, compreensivo e camarada, é Blair Underwood. Em suas participações, todos se saem muito bem, seguem o tom do roteiro de sobriedade.

Dentre os vários filmes que abordam o tema amor adolescente eu confesso que poucos, pra não dizer quase nenhum me agradam, mas recentemente algumas pequenas produções a exemplo de A Arte da Conquista, Like Crazy e As Vantagens de Ser Invisível, têm trazido conteúdo às narrativas. Ainda bem, porque eu já não aguentava mais adaptações dos romances de Nicolas Sparks!

Em seu projeto de artes, George desenha o que mais quer expressar

Talvez por eu me identificar com o personagem de George, talvez por eu gostar do ator, talvez por hoje ser um domingo chuvoso ou simplesmente porque o filme é carismático e despretensiosamente cativante, eu realmente simpatizei com ele. Um roteiro simples, objetivo, sem grandes reviravoltas, personagens singelos, porém bem interpretados; locações em ruas da Big Apple; alguns bons diálogos e um ar nostálgico, aquela lembrança de coração partido de seu primeiro amor vem a mente e eis que “A Arte da Conquista” não é um grande filme, nem pretende ser, mas que para um fim de semana de chuva e tédio é uma opção que agrada.

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Leila de Melo
Uma míope quase sempre muito atrasada, cinéfila por opção, musicista fracassada e cronista das pequenas idiotices da vida. Pra sustentar suas divagações é jornalista, roteirista e fotógrafa.
Leila de Melo

Leila de Melo

Uma míope quase sempre muito atrasada, cinéfila por opção, musicista fracassada e cronista das pequenas idiotices da vida. Pra sustentar suas divagações é jornalista, roteirista e fotógrafa.

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