Beats eletrônicos e carisma marcam show de Julieta Venegas em Natal

O Teatro Riachuelo recebeu na última quarta-feira (21) uma das artistas mais carismáticas e queridas das Américas, a mexicana Julieta Venegas. Pela primeira vez na cidade, a cantora trouxe sua turnê, “Los Momentos”, que dá nome ao seu mais recente trabalho. O relógio marcava 21h e esta repórter que vos escreve andava a passos largos para alcançar seu assento, o atraso (por motivos que pouco importam agora) me fez chegar exatamente na hora em que Julieta entoava os primeiros versos da noite, às 21h15min.

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Julieta Venegas e banda em show no Teatro Riachuelo. | Fotos: Andressa Vieira

Sem show de abertura e contando com a banda completa, Julieta Venegas subiu ao palco com simplicidade e simpatia. Em um portunhol agradeceu a presença de todos e disse estar contente em estar na cidade pela primeira vez. O público parecia estar se acostumando a setlist, até a mexicana tocar “Seria Felíz”, uma de suas canções mais famosas; na sequência, Venegas – e seu indefectível acordeon – mandou “Limón y Sal”, outra música muito conhecida, animando assim o público que não parecia estar tão familiarizado com seu mais recente trabalho.

Com uma experiência de quem está há quase vinte anos nos palcos, Julieta tem um trabalho autoral que faz referências à música raiz mexicana, música pop, rock, eletrônica e música brasileira também. Aliás, as várias visitas da mexicana ao país lhe renderam um conhecimento até razoável no português, ou como ela mesma disse: “Falo portunhol e acho que esse será o idioma do futuro”.

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O clima eletrônico do seu novo disco novamente tomou conta do setlist com a canção”Verte Otra Vez”. A música poderia muito bem estar na playlist de alguma banda oitentista, com a bateria marcada e os vários efeitos de sintetizador. A iluminação lindíssima e o uso de vídeos para cada música nos telões mostrou o esmero da produção. “Los Momentos”, ao meu ver, é o álbum mais universal de Venegas, há poucas referências da música de seu país, não que seja ruim, mas não tem o mesmo brilho, tempero apimentado e colorido de sua discografia.

Quando já estava me acostumando com os sintetizadores, eis uma pausa para “Eres Para Mí”, diretamente do álbum “Limón y Sal” (2006). Na sequência, “Te Vi”, uma das minhas músicas favoritas do álbum “Los Momentos” (2013). Julieta convidou a cantora potiguar Camila Masiso para cantar com ela, “Algo Esta Cambiado”, o dueto combinou e foi um dos momentos de orgulho e aplausos da plateia. Mantendo o público animado e cantando, a cantora tocou “Ilusión”, canção que fez em parceria com Marisa Monte e que “por natureza já nasceu no portunhol”, como a mexicana brincou. A plateia, embora não tenha cantando a parte em português da música, fez coro e cantou em espanhol mesmo com Julieta.

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“Vuelve”, “Despedida”, “Los Momentos” foram algumas das várias faixas tocadas do álbum que dá nome à turnê. Mas a comoção geral veio na décima nona canção do setlist, “Me Voy”. Vozes ecoaram no teatro, parecia que todos os presentes não só conheciam a música como sabiam cantá-la. “Que lastima pero adiós, me despido de ti e me voy” foi o trecho mais cantado da noite. E só pra não cair no clichê e sair do palco se despedindo, a mexicana que faz tudo a sua maneira ainda cantou mais uma música. Atendendo a pedidos da plateia, cantou “El Presente”, colocou todo mundo pra dança e assim se foi.

Palmas e pedidos de bis trouxeram de volta a franzina latina ao palco. Confesso que a esta altura já não tinha mais nem bloquinho, nem caneta por perto; larguei mão do lado jornalístico e dancei ao som “Andar Conmigo”, “Por que” e “Algun Dia”. Creio que assim como eu, os presentes no Teatro Riachuelo saíram deveras satisfeitos com o show de alto nível e com a presença de palco da cantora. Espero que tenha sido a primeira de outras tantas visitas da conterrânea de Frida Kahlo a Natal.

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Pra encerrar a noite, nada como tietar com a cantora, certo? Claro, mas nada de “meet and greet” a la Avril Lavigne, em que não se pode encostar na cantora. Julieta atendeu a todos que foram levados ao seu camarim com um sorriso e simpatia, apesar do cansaço pós-show. E sim, eu tirei foto, falei no idioma do futuro, portunhol, e com lástima despedi-me da noite que foi, graças a Venegas, uma das mais divertidas do ano.

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Leila de Melo
Uma míope quase sempre muito atrasada, cinéfila por opção, musicista fracassada e cronista das pequenas idiotices da vida. Pra sustentar suas divagações é jornalista, roteirista e fotógrafa.
Leila de Melo

Leila de Melo

Uma míope quase sempre muito atrasada, cinéfila por opção, musicista fracassada e cronista das pequenas idiotices da vida. Pra sustentar suas divagações é jornalista, roteirista e fotógrafa.

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