Na primeira cena de “Café com Leite” (2007), temos a impressão de que seu foco é meramente a relação homossexual entre os dois protagonistas, Danilo (Daniel Tavares) e Marcos (Diego Torraca). Ledo engano. “Café com Leite” é um curta sobre mudanças, adaptações, aceitações e relações humanas.

Danilo planeja sair de casa e morar com o namorado, Marcos. Contudo, seus planos se transformam quando seus pais morrem e ele passa a ser o guardião de Lucas (Eduardo Melo), seu irmão mais novo. Os três personagens precisam, então, aprender a conviver com as mudanças que se fazem necessárias com a nova situação que enfrentam.

Danilo e Marcos (cena do curta)

“Café com Leite” é o primeiro curta-metragem do cineasta  paulista Daniel Ribeiro, que também assina o igualmente premiado “Eu Não Quero Voltar Sozinho” (2010). O diretor tem, até agora, seus trabalhos marcados pela presença de personagens gays e pela sensibilidade como lida com as situações. Ambos os filmes tratam de descobertas e do processo de aceitação do que é comum. Os personagens de “Café com Leite”, assim como suas cenas, são leves, e não permitem ao espectador qualquer estranhamento.

A homossexualidade aparece como coadjuvante, na tentativa do diretor de provar que não é preciso superestimá-lo, nem fazer disso um drama principal. Atribui à relação de Danilo e Marcos o que ela é, de fato: apenas um pedaço – importante – de suas vidas, mas não ela por completo.

A níveis técnicos, é um filme que funciona bem, embora o seu maior trunfo seja o roteiro. O diálogo e silêncio coexistem de forma eficiente. Os atores são convincentes e têm sintonia, não estando preocupados em exibir demais os seus personagens. As cenas são simples e bonitas, fáceis de digerir, mas profundas em  sua essência.

“Café com Leite” é um filme para ser visto, revisto e, principalmente, sentido.

Compartilhe

Andressa Vieira
Jornalista, cinéfila incurável e escritora em formação. Típica escorpiana. Cearense natural e potiguar adotada. Apaixonada por cinema, literatura, música, arte e pessoas. Especialista em Cinema e mestranda em Estudos da Mídia (PPgEM/UFRN). É diretora deste site.
Andressa Vieira

Andressa Vieira

Jornalista, cinéfila incurável e escritora em formação. Típica escorpiana. Cearense natural e potiguar adotada. Apaixonada por cinema, literatura, música, arte e pessoas. Especialista em Cinema e mestranda em Estudos da Mídia (PPgEM/UFRN). É diretora deste site.

Postagens Relacionadas

f4819caa3eebf26f8534e1f4d7e196bc-scaled
"Imperdoável" tem atuações marcantes e impacta com plot twist
Se um dia Sandra Bullock já ganhou o Framboesa de Ouro, após “Imperdoável” (Netflix, 2021),...
1_4XtOpvPpxcMjIoKGkUsOIA
Cobra Kai: nostalgia ao cinema dos anos 80
A saga Karatê Kid se tornou um marco memorável aos cinemas durante os anos 80. A série de filmes conta...

Deixe uma resposta

0 0 votes
Classificação do artigo
Subscribe
Notify of
guest
0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments
0
Would love your thoughts, please comment.x