Demolidor, uma das séries concebidas por meio da união da Marvel e Netflix nos rendeu mais um temporada este ano. Não era de se esperar que a série mais bem votada no site de streaming por demanda não voltasse a nos surpreender com tamanha qualidade e adaptações magníficas do universo urbano para as telas.
Matt Murdock (Charlie Cox) ainda é um advogado na grande metrópole, porém os deveres como Demolidor acabam reduzindo cada vez mais sua atuação no direito. Depois de expulsar a Yakuza – uma organização criminosa japonesa, mas com atuação também nos EUA – de Hell’s Kitchen e prender Wilson Fisk – o Rei do Crime, vilão da 1ª temporada – a taxa de criminalidade da cidade diminui um pouco. Até que surge mais um vigilante em busca de vingança e acaba matando todos os criminosos responsáveis pelo tráfico de drogas naquela região.Com a apresentação da Mão e o Casto que são organizações secretas que treinaram também Elektra e o próprio Demolidor se enfrentam por séculos, o místico urbano e a arte ninja é criado e apresentado aos espectadores ampliando cada vez mais o universo, além de propor cenas estupendas.
A temporada pode ser basicamente dividida em duas partes: a apresentação e desenvolvimento de Justiceiro ou Frank Castle, interpretado por Jon Bernthal (Shane em The Walking Dead), que está incrível como o anti-herói, parecendo que o personagem foi feito para ele; e apresentação de Elektra, interpretada por Elodie Yung (Hator em Deuses do Egito).

Esse tipo de apresentação para essa nova temporada ficou bem interessante, pois os roteiristas souberam perfeitamente onde encaixar cada personagem no seu tempo certo, fazendo-os coexistir num mesmo universo. Cada um tem seus devidos interesses e não atrapalham uns aos outros no desenvolvimento das subtramas. Ao contrário da primeira temporada, os superheróis tiveram tempo de tela semelhante, deixando a série bem mais fluída. Nesse sentido, não foram só os heróis novos que ganharam destaque, mas os coadjuvantes também tiveram seu espaço nos episódios, que se estendiam até 54 minutos ou mais. Foggy Nelson (Elden Hesson) brilhou nesta temporada, uma vez que o drama envolvendo o personagem é com certeza de deixar qualquer um no chão. O destaque também vale para Karen Page (Deborah Ann Woll). Ambos se desenvolveram e tomaram seus rumos.
Não podia faltar a junção dos universos de Demolidor e Jessica Jones, é claro. A ponte usada entre eles foi com certeza a enfermeira Claire Temple (Rossario Dawson), que apareceu em Jessica Jones ajudando Luke Cage, citado nesta segunda temporada, além da advogada Jeri Hogarth (de Jessica Jones) que citou a própria Jessica. Essa ponte também deverá servir para Os Defensores, série que unirá todos estes heróis urbanos da Netflix/Marvel numa super equipe. Mas não esperamos avanços nessa ligação até a estreia de Luke Cage, em setembro deste ano.
A fotografia de Demolidor apostou na mesma fórmula da primeira temporada em trazer tons amarelados e escuros no cenário, já que o herói só age a noite. Planos sequência, e locais mais fechados foram utilizados também com êxito tanto para o Justiceiro quanto para o Demolidor. Cenas preciosas remetendo aos quadrinhos também foram mostradas em cena, o que deixou o fã ainda mais feliz.
Demolidor agrada aos fãs e também ao grande público, e traz os mais jovens a conhecer esses personagens muitas vezes esquecidos, apresentado-os fora daquela vertente dos Vingadores. A série é sombria do jeito que tem que ser, sangrenta do jeito que tem ser e, também, consegue ser engraçada, misturando, assim, a essência e o legado que Frank Miller e demais autores que passaram pelo Homem sem medo deixaram.