Aliança do Crime é um típico caso de “ator maior que o filme”. E digo ator mesmo, não protagonista. Sentei na poltrona do cinema esperando ver a história de Whitey Bulger, um dos maiores gângsteres da história dos Estados Unidos, que levou quase duas décadas para ser capturado.
Em vez disso, o que eu vi foi uma coletânea de momentos pontuais de violência que objetivam pintar o senhor do crime de Boston como um criminoso desprezível, que faz o que for preciso por dinheiro e poder. É pouco. Poucos também são os momentos em que vemos drama e conflito de verdade ao redor de Bulger. As exceções são sua relação com seu filho e sua mãe, numa tentativa de equilibrar a história, humanizando o protagonista.
Na verdade, é até discutível se o personagem de Depp é realmente o protagonista do filme. Mais do que um filme sobre Whitey, a narrativa mostra como ele afeta a vida das pessoas ao seu redor, especialmente a de John Connolly, um agente especial do FBI com quem ele faz uma aliança por troca de informações. O sistema é simples: Bulger fornece informações que ajudam o FBI a pegar outros criminosos, enquanto Connolly (que cresceu junto com ele no mesmo bairro) faz vista grossa para todos os seus desmandos. Novamente: é pouco. Connolly acaba sendo mais protagonista do que Whitey Bulger.
O filme não possui um clímax. Tudo termina com letreiros, informando o espectador sobre o destino dos principais personagens. A impressão que fica é que o filme poderia ser bem melhor, mas escolhe apenas arranhar a superfície. Um ponto positivo é a maquiagem que deixa Depp parecidíssimo com o gângster. De fato, podemos resumir tudo que há de bom no filme em Depp, de resto há pouco a ser elogiado.