Conheci Forasteiro Só no show que eles fizeram no Ateliê Bar, junto com Plutão Já Foi Planeta e Andróide Sem Par, conforme falei nesta matéria. A banda é formada por Lipe Tavares (ex-Seu Zé) no vocal e baixo, Diego Bezerra (guitarra), Gustavo Leitão (guitarra) e Telo (bateria). Antes do CD “Chuva”, lançado neste ano, já tinham gravado dois EPs.
Minhas primeiras impressões: um som leve, gostoso de ouvir e, ao mesmo tempo, empolgante. As letras românticas não são aquelas que deixam o ouvinte sofrendo e chorando. Depois de escutar o álbum, vi que eles fizeram um documentário sobre os detalhes da gravação, que foi feito dentro de um apartamento. Confira a seguir:
O álbum é bastante trabalhado nas tendências mais modernas do rock e bebe da fonte do indie rock. Eles também têm características similares aos novos artistas da MPB, como Silva, Marcelo Jeneci e Cícero. A voz de Lipe Tavares e gírias populares potiguares deram um toque de nordestino nas canções.
A primeira música chama-se “Estúpido”. Percebe-se que a banda comenta sobre cotidiano dos casais e vidas amorosas. Fala de um cara que foi idiota, ignorou as mensagens da companheira e está lamentando pelos acontecimentos. Uma canção empolgante e introdutória do que estaria por vir neste debut album. Lembra muito Los Hermanos e Moptop.
Depois vem “Mala”, que é uma canção mais pesada que a faixa antecessora, a letra não é propriamente puxada para o romantismo e fala de algo do cotidiano, quando as pessoas guardam as coisas que amam dentro de uma mala. Gostei bastante da guitarra e bateria desta música.
A terceira faixa é “Longe do Chão”, que é uma mistura boa de folk e indie rock. Ora parte para calmaria, ora vem uma agitação. Entretanto, música para escutar em momentos calmos. “Amor à Milanesa” foi a música de que mais gostei, arranjo e a letra apresentam uma forte ligação, fiquei imaginando um clipe da mesma na minha cabeça e ponto positivo por colocar gírias nordestinas na letra.
“Metrópole” tem uma batida mais folk e country que as anteriores e conta sobre o conflito das pessoas que vivem em uma cidade grande. “Raskolnikov”, por sua vez, é inspirada no livro “Crime e Castigo”, de Fiódor Dostoiévski, e narra a história do protagonista do livro, cujo o nome leva o título da faixa.
“Margarita” tem um som pesado e a letra tem uma ótima construção narrativa, conta a história de uma mulher misteriosa e que vive na boemia. A próxima é “Herói”, que conta a história de uma pessoa que quer ser herói e tem um solo de guitarra muito bom, por sinal.
A penúltima faixa se chama “Berlim”, que lembra o som das bandas indies vindas da Inglaterra, é uma balada gostosa de escutar e uma das melhores músicas do disco. Já a última, “Dias de Chuva”, foi uma ótima surpresa, letra muito bonita, efeitos sonoros de chuva e gostei da introdução feita com violão.
Um detalhe bonito que deixei para o final foi a capa, adorei a composição dos elementos e o tom do azul que foi feito. Além disso, a arte do CD em si também ficou bem feita. O álbum contém letras bem elaboradas e feitas de forma minuciosas. Percebe-se que a banda se preocupou em fazer com que as músicas ficassem na mesma sincronia que os ritmos. Espero que a banda seja sucesso no ano de 2015. Para escutar o álbum inteiro, entre na página deles no Soundcloud.
Natalense, jornalista, gosta de música, livros e boas histórias desde que se entende por gente. Também tem uma quedinha pela fotografia.