Lista: Filmes que marcaram a vida de alguns leitores

Há cinco anos, assistia no canal TCM (na época o mesmo costumava realmente a passar clássicos do cinema mundial) a um grupo de burgueses que caminhava para um “nada” tentado buscar pela satisfação absoluta que jamais conseguiram. Ao ver essa cena naquele momento eu não só conheci o cinema surrealista como também vi o filme que marcaria para sempre a forma como me relacionava com o cinema. Esta obra denominada de “O Discreto Charme da Burguesia” de 1972 e dirigida pelo espanhol Luis Buñuel, me levou a  interessar-me em não só assistir, mas também a refletir, a estudar e produzir cinema.  Ao ver o filme, pela primeira vez na minha vida, parei por um instante e comecei a analisar aquela trama que me apresentava a incompletude da burguesia, pois sua satisfação não está em sua posição social nem em suas convenções, mas sim na liberdade de seus atos.

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Fiz esse pequena introdução falando do filme que marcou minha vida, pois esta minha nova postagem será um pouco diferente das que estava acostumado a fazer. Nesse post irei apresentar uma lista, feita por sete leitores d’O Chaplin, em que elas indicam os filmes que marcaram suas vidas e o porquê.

A primeira parte da lista é formado por estudantes de Arte e Mídia:

Nome: Luana Medeiros
Filme Favorito: Filhos do Paraíso (Majid Majidi, 1998)

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“Não me interesso muito por filmes em live action, pelo menos não como os desenhos animados, mas não tenho a menor ideia de qual é meu desenho favorito e por se tratar de filme e não série, a escolha de um apenas, fica ainda mais difícil. Para facilitar as coisas, escolhi o meu favorito entre os live action, “Bacheha-Ye aseman”, título original de “Filhos do Paraíso”, em português.

O filme conta a história de duas crianças irmãs de origem humilde que vivem no Irã, Ali e Zahra, um dia Ali perde o único par de sapato de sua irmã e os dois decidem esconder o fato dos pais para evitar broncas e decepções. A partir daí, passam a dividir o mesmo par de sapatos, revesando-o quando precisam sair de casa. Paralelamente Ali treina para ganhar uma corrida, para que com o prêmio, possa comprar um par de sapatos para sua irmã.

Trata-se de uma história simples, mas o que o transforma sob meus olhos em uma obra magnífica do cinema é o fato de contar essa simples história com uma sensibilidade extraordinária, cada detalhe assistido toca o coração do espectador. Longe das futilidades de uma história comum, o filme faz com que uma simples história incitem os espectadores a refletir sobre assuntos extremamente importantes da vida. Acredito que a maior reflexão induzida é a pergunta sobre “O que realmente é importante na vida?”.  Em suma, passei a ver a vida de outra forma e a dar mais valor a algumas coisas após assistir ao filme.”

Nome: Lucio Flavio
Filme Favorito: Sociedade dos poetas mortos (Peter Weir, 1989)

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“Eu não gosto de assistir a um filme várias vezes, estou tentando corrigir isso, então só assisti ao meu filme favorito uma vez, acho que fiquei com medo de me decepcionar assistindo outra vez e perder a sensação que ele deixou.

Não sei se foi o momento em que eu estava, ou algumas semelhanças que havia entre minha vida e o filme. Eu estudava no Redentorista, uma escola dirigida por um padre, nem de perto se parecia com toda aquela disciplina, mas ainda sim se assemelhava. O filme foi exibido pelo professor de português, em uma de suas aulas. Tal o do filme, ele era bem diferente dos outros professores da escola, que priorizava o ensino técnico e as matérias relacionadas a área de humanas eram renegadas, menos português, e o responsável por isso era esse professor que se desdobrava para fazer com que os alunos interessados, quase que cem por cento, por tecnologia, dedicassem um pouco de seu tempo à leitura, redações e teatro. E eu já naquela época não me via trabalhando entre transistores e capacitores.

Então eu acho que por isso eu gostei do filme, não sei se me arrisco assisti-lo outra vez, um dia eu assisto e vejo se realmente é o que eu imagino ou foram apenas as semelhanças que fizeram com que me identificasse com ele.”

Nome: Allan Vidal
Filme: Contato (Robert Zemeckis, 1997)

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“Primeiramente, sou fascinado por temas espaciais e possibilidade de vida fora da terra. Em segundo, e não menos importante, a elegância filosófica com que o tema foi tratado é algo raro de se ver.”

Nome: Fernando Henrique
Filme: O Silêncio dos Inocentes  (Jonathan Demme, 1991)

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“Tinha dez anos quando vi “O Silêncio dos Inocentes” a primeira vez, e ainda é evidente em minha memória alguns aspectos do filme que me deixaram profundamente impressionados, tais como o lado obscuro da natureza humana apresentado na história. Uma grande lição do filme: para se deter um mal, às vezes é necessário recorrer a um outro mal ainda mais pérfido e amoral.”

Essa segunda parte da lista são indicações de dois atores campinenses:

Nome: Cris Leandro
Filme: O Fabuloso Destino de Amélie Poulain (Jean-Pierre Jeunet, 2001)

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“Esse filme é o meu preferido, primeiro porque amo o cinema francês. Nesse filme em especial, tudo é tão harmonioso, as cores, a música, a fotografia, é uma comédia linda. Estava vivenciando por um momento de mudança, então o filme me fez ficar atenta aos detalhes do dia-a-dia. Sou atriz e tinha acabado de começar uma pesquisa para uma personagem da peça “A feira”, de Lourdes Ramalho, e fazer essa pesquisa na feira central observando os pequenos gestos me ajudou muito. É um filme que sempre volto a assistir.”

Nome: Gedeão Ferrei
Filme: O Piano (Jane Campion, 1993)

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“Eu curto muito um “bom cinema”.  Bem, já vi inúmeros filmes, porém, são raros os que eu considero uma “obra de arte”. Citarei quatro que tenho o DVD e já perdi as contas de quantas vezes assisti:  A Casa dos Espíritos, Rondas da Noite, A insustentável Leveza do Ser e O Piano. Esse último é de quem vou falar.  Ele marcou a minha vida, e é o filme que até hoje, não vi nenhum que o supere.

A primeira vez que o vi, foi em 1995, no antigo e desativado Cinema Babilônia, (Campina Grande, Rua Irineu Jofili). Eu tinha 19 anos, era a segunda vez que tinha ido a um cinema. Tinha escutado, através do meu primeiro rádio, o anúncio do filme, na Campina Grande FM.  Faltei aula para ir ao filme.  Era a sessão das 16h, se não me falha a memória. Em suma, assim que o filme começou, depois de ter lido as primeiras legendas, pronunciadas pela personagem principal, Ada (Holly Hunter), não consegui tirar mais os olhos da tela.  A história, os personagens, o figurino, a iluminação (toda sem recursos elétricos) e a trilha sonora, me deixaram em um estado, que não sei bem explicar. Por causa dele, comprei meu primeiro vídeo cassete, por causa dele atuo, e saio de casa para ir ao cinema, estudar e fazer Teatro. Ele me fez e me faz fazer tudo isso.”

Para finalizar a lista a indicação de um profissional da advogacia:

Nome: Júlio César

Filme: Luzes da Cidade (Charlie Chaplin, 1931)

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Ao filme quando tinha entre 9 e 10 anos de idade. Já conhecia vários trabalhos de Chaplin, principalmente os curtas. Nunca encontrei nada que eu pudesse dar mais risada dos que a sua comédia pastelão, inocente, simples, mas rica. O Luzes da Cidade me tocou profundamente por ter sido a primeira vez que chorei mais do que sorri em um filme de Chaplin. No alto da minha infância fui surpreendido com a genialidade ímpar do eterno vagabundo, dessa vez, explorando a ternura e a bondade do personagem. Daquele dia em diante passei a assistir aos seus filmes de forma mais atenta ao seu trabalho dramático e encontrei outros filmes grandiosos como O Garoto e O Grande Ditador, mas sem deixar de aproveitar da sua capacidade inigualável de nos fazer rir.

Queria pedir aqueles que se interessou pelo poste, coloque no comentário um filme que marcou sua vida.

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Cicero Alves
Fã de cinema desde de criança, estuda Arte e Mídia na Universidade Federal de Campina Grande (Paraíba). Tem como principais paixões a música, os quadrinhos e o cinema.
Cicero Alves

Cicero Alves

Fã de cinema desde de criança, estuda Arte e Mídia na Universidade Federal de Campina Grande (Paraíba). Tem como principais paixões a música, os quadrinhos e o cinema.

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