Máquinas no Ar: som agrada com um misto de pop rock calmo e dançante

A trupe do Máquinas no Ar está há pouco tempo na estrada (surgiu em 2012) e lançou em 2013 o primeiro Extended Play (EP), cujo título é o mesmo que nomeia a banda. Os integrantes do grupo já foram membros de outras bandas potiguares e participaram de vários festivais de música. Eles também atuam como compositores.

Todas as canções do EP foram de autoria de Fábio Mathias, vocalista do grupo (somente uma música contou com a parceria de Fernando Medeiros), e a capa é um desenho da filha dele, Alice, de nove anos de idade.

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Máquinas no Ar após o show no Festival Bandas Novas | Fotos: Leila de Melo

O Máquinas no Ar também tocou na edição de 2014 do Festival Bandas Novas, organizado pelo Centro Cultural Dosol, que aconteceu no dia 18 de janeiro. A equipe d’O Chaplin acompanhou o show, onde teve acesso ao EP da banda, e coube a mim fazer uma resenha sobre o trabalho dos meninos.

O som da rapaziada tem uma pegada mais pop rock. Ao escutar a primeira faixa do EP, “Nossa Vida”, a primeira coisa que pensei foi que eles são uma mistura de Biquíni Cavadão com Legião Urbana. Facilmente o Bruno Gouveia (vocalista do Biquíni) faria um cover dessa canção. Tem uma boa base de baixo e bateria, que faz com que a música tenha uma pegada “mais animada”, dançante. A letra é uma injeção de ânimo, pois o compositor quis mostrar que apesar da vida possuir obstáculos, isto não é motivo para desistir de tudo. “Nossa Vida” também lembra um pouco as bandas indie vindas da Inglaterra, como Arctic Monkeys.

Na sequência do disco surge “No País das Maravilhas”, que mostra a vontade de que o mundo seja maravilhoso no futuro e pare de ser retratado como um caos. Canção otimista para aqueles que não acredita mais na humanidade, tanto que eles mantêm uma melodia alegre.

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A letra da terceira faixa do disco, ” Índole”, é interessante. A canção quer tentar tirar uma pessoa de algo ruim e fazer com que esta melhore. É o retrato do nosso cotidiano, no qual muitas pessoas estão se isolando, ficando cada vez mais individualistas. O ritmo de “Índole” assemelha bastante Nenhum de Nós, uma das bandas que o Máquinas no Ar tem como influência. Destaque para a bateria nesta canção.

“Aliás” também apresenta uma boa base de baixo e bateria. Ao contrário da faixa inicial do EP, esta mostra uma presença maior das guitarras e solos. Isso deixou o som um pouco mais agressivo e casou com a letra, que conta sobre uma decepção amorosa e o intérprete demonstra estar com raiva da pessoa que lhe causou este sentimento. Eles falam de desapontamentos sem precisarem ser depressivos e melosos ou fazerem com que o ouvinte tenha vontade de dormir. Ponto para a banda!

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A penúltima música do disco, “Sobre as Pedras”, é parecida com a primeira faixa, a canção também tem uma forte presença do baixo e da bateria.

O Máquinas… finaliza o seu primeiro EP com “Tudo Vai Passar”. Confesso que não gostei muito. A base da canção é construída a partir de teclado e guitarras distorcidas. O começo da música é bem maçante e quando menos se espera aparece um riff de guitarra para ninguém botar defeito, porém depois volta à parte boring.

Escutando o disco ao passar das faixas, o som do Máquinas lembra um pouco o Seu Zé, banda potiguar que encerrou as atividades nesse ano. Essa comparação já foi dita pela Regina Azevedo em sua reportagem sobre o Festival Bandas Novas.

Além disso, você consegue perceber que o grupo alterna de um som mais leve, com melodias limpas e suaves, para um som um pouco pesado, com guitarras e riffs. A força das canções do Máquinas no Ar vem do baixo, pois é este quem segura as músicas, realiza o suporte.

As letras têm o enfoque mais nos conflitos pessoais, como solidão, dificuldades do cotidiano, decepções amorosas… O final das canções sempre mostra um lado positivo dos problemas ou apresenta alguma solução.

Apesar da banda seguir o seu objetivo e os músicos terem bastante técnica, ela ainda é um pouco tímida e ainda não mostrou realmente a que veio.

Precisa amadurecer um pouco mais (primeiro grande show deles foi feito há pouco tempo), faltou um pouco de ousadia no pessoal. Entretanto, eles podem preencher espaços de bandas como Seu Zé e Jane Fonda.

Concorda ou discorda com a nossa opinião? O perfil do grupo no Soundcloud está disponibilizando o EP gratuito. Tirem as suas próprias conclusões sobre essa mais nova banda potiguar.

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Cover do EP “Máquinas no Ar”

Membros:

Fábio Mathias: vocal e guitarra
Sihan Felix: piano, teclado, violino e voz
Isaac Melo: baixo e voz
David Coelho: bateria
Data de gravação: junho a agosto de 2013

Faixas:

1) Nossa Vida
2) No País das Maravilhas
3) Índole
4) Aliás
5) Sobre as Pedras
6) Tudo Vai Passar

Influências: Legião Urbana, The Cure, Barão Vermelho, The Smiths, Nenhum de Nós, REM, Titãs…

Acesse aqui a fanpage do grupo

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Lara Paiva
Natalense, jornalista, gosta de música, livros e boas histórias desde que se entende por gente. Também tem uma quedinha pela fotografia.
Lara Paiva

Lara Paiva

Natalense, jornalista, gosta de música, livros e boas histórias desde que se entende por gente. Também tem uma quedinha pela fotografia.

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