Marvel satiriza a todos e a si mesma em Deadpool

Muitos põem em questão os padrões sacramentados dos filmes da Marvel: apresentação da história do herói + grande cena com o vilão + final feliz + cenas após os créditos. Eu, ao contrário, sempre gostei desta receita, uma característica única do selo multimídia de quadrinhos. Para tirar sarro disso (e ao mesmo tempo manter os padrões), a saída é criar um filme da Marvel utilizando um personagem que tem um senso de humor bastante ácido. Deadpool tem dado certo e isso é comprovado pelos excelentes resultados na bilheteria, deixando Os Dez Mandamentos da Record na segunda posição no ranking dos mais vistos.

Deadpool é o oitavo título da franquia X-Men.  O filme proporciona a segunda aparição do “mercenário tagarela” nos cinemas, com sua primeira se dando no filme X-Men Origens: Wolverine, também interpretado por Reynolds, quando foi muito criticado pelos fãs do personagem por não lembrar muito sua figura dos quadrinhos. O vídeo a seguir mostra claramente isso:

Apesar do papel continuar com o ator em Deadpool, desta vez o personagem foi totalmente reformulado para que mantivesse fidelidade às revistas. Diferente da série “Os Vingadores”, que é produzida pela Disney, os filmes do X-Men são realizados pela Fox, estúdio que tem recebido inúmeras críticas, principalmente devido aos últimos filmes da franquia. Ryan Reynolds, por sua vez, foi duramente criticado por sua interpretação do personagem Lanterna Verde.

a6987_20150704-deadpool-paperA fotografia de Deadpool é excelente, a produção conseguiu equilibrar os dramas e alívios cômicos, e um roteiro excelente, que apresenta um humor debochado realmente inteligente.

No Brasil, a classificação indicativa do filme é 16 anos. Portanto, não leve aquele seu primo no início da puberdade, pois haverá muitas piadas de duplo sentido, cenas de nudez (engraçadas, por sinal) e palavrões de montão (eu adorei!), motivos que fizeram o filme ser censurado em alguns países.

Deadpool é um super-herói nada convencional. Primeiro, não gosta deste título, prefere se definir como mercenário, pois faz justiça com as próprias mãos. Segundo, ele fala com o espectador tanto dos quadrinhos quanto dos filmes, quebrando frequentemente a quarta parede do cinema. Terceiro, ele é um tremendo conhecedor da cultura pop, diferente de heróis como o Capitão América. Quarto, ao contrário do Tony Stark, que tem uma autoestima bastante elevada, Deadpool utiliza o bom-humor para inibir os seus demônios, como infância traumática.

Os créditos iniciais já mostram que o filme não vinha para ser convencional quando em vez dos nomes dos atores, a produção optou por algo como “Um Vilão Britânico”. Apesar de ser o mais diferente filme da Marvel, depois de Os Guardiões da Galáxia, eles ainda mantém aquele padrão que mencionei no primeiro parágrafo, sendo que de forma bem Deadpool: debochado.

A sinopse narra a vida do ex-militar e atual mercenário Wade Wilson, que apaixona-se e iniciar um relacionamento com uma stripper estrelada pela brasileira Morena Baccarin, também conhecida pela sua participação nas séries Homeland e V. O protagonista descobre que tem câncer e encontra uma possibilidade de cura em uma sinistra experiência científica. Recuperado, com poderes e um incomum senso de humor, ele então adota o alter ego Deadpool para buscar vingança contra o homem que destruiu sua vida.

O enredo ridiculariza muito X-Men. O filme não tem uma sequência linear, mas aquelas pessoas que nunca viram antes o herói não terão dificuldade de acompanhá-lo. Após as chuvas de críticas a X-Men, cujos erros foram reconhecidas em Deadpool, os produtores finalmente reproduziram de forma fiel o quadrinho.

Os roteiristas conseguiram tirar sarro das críticas pesadas que Ryan Reynolds sofreu com Lanterna Verde (a imagem do herói aparece nos créditos iniciais), das produções anteriores da Fox e também da forma que os heróis são retratados, causando muitas risadas na plateia. As piadas não são forçadas e aparecem das mais diversas formas, algumas sutis, outras nem tanto.

Por fim, Ryan Reynolds está sensacional no filme, mérito reconhecido, de forma que parecia que o herói tinha saído do quadrinho e ganhado vida. Detalhe: o ator sempre quis interpretar este personagem no cinema, tanto que levou para casa o uniforme do herói após as gravações. Depois de várias decepções, a Fox está de parabéns por finalmente ter desenvolvido um filme incrível da Marvel.

Obs: Sim, tem cena pós créditos. E Deadpool vai debochar do público (e de si mesmo) até o último momento.

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Lara Paiva
Natalense, jornalista, gosta de música, livros e boas histórias desde que se entende por gente. Também tem uma quedinha pela fotografia.
Lara Paiva

Lara Paiva

Natalense, jornalista, gosta de música, livros e boas histórias desde que se entende por gente. Também tem uma quedinha pela fotografia.

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