Os clichês femininos na cultura pop não me representam

Ingressos comprados na promoção. Pipoca com a quantidade devida de sal. Um local centralizado, nem muito frio nem muito quente, sem ninguém atrás pra colocar o pé fedido na sua cadeira. As luzes estão apagadas e a projeção roda por quase duas horas. Na tela, uma mulher ou duas, quem sabe. Talvez sem grandes falas, certamente sem grandes atos. Por ora, muito engraçada, por outra, muito petulante. Quando não morta tragicamente. E eu definitivamente não me vejo representada ali do outro lado da tela.

O cinema é uma ferramenta fantástica que tem a incrível capacidade de nos fazer esquecer das contas pra pagar, das discussões inúteis nas redes sociais, dos problemas mal resolvidos. Mas o cinema não deixa a gente esquecer que há dívidas a serem igualadas, discussões a serem pautadas e um monte de problema pra resolver quando a questão é mulher.

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A falta de representatividade começa com uma personagem e vai até as ocupações da cadeira de direção. Num mundo em que pelo menos metade da população é composta por mulheres, a quantia dos nossos papéis dentro da indústria cinematográfica é tão preocupante quanto a qualidade da nossa representação cercada de amarras e estereótipos.

E não é por que a cultura pop é responsável por nos divertir e encantar que está isenta da sua responsabilidade social de parar de perpetuar padrões comportamentais inatingíveis e inadequados que influenciam mulheres por todo o mundo. Dentro dos bilhões de dólares arrecadados por essa indústria anualmente, quantos será que são necessários para inserir mais mulheres nos filmes, jogos, HQs, animações e retratá-las como seres humanos completos e complexos?

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“Como as mulheres são representadas nas telas nos top 500 filmes de 2007 a 2012” 

A partir dos clichês que envolvem o universo feminino na cultura pop, a américo-canadense Anita Sarkeesian decidiu gravar a série de vídeos Tropes vs. Women para exemplificar os estereótipos mais comuns sobre a retratação da mulher. As seis publicações no Youtube trazem explicações didáticas que envolvem os mais diversos gêneros cinematográficos, produtos culturais e estigmas sociais impossíveis de não causar uma identificação mínima. Apesar dos vídeos serem em inglês, a opção de legenda em português é de boa qualidade e pode ser ativada.

Recomendo mais esses vídeos do que muita superprodução recém-lançada por aí…

Você, mulher, conta pra gente: qual o último filme a que assistiu e de que forma o seu gênero foi retratado nele? Te representa?

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