Oscar 2014: Gravidade vence o DGA e disputa do Oscar é a melhor dos últimos anos

O mexicano Alfonso Cuarón venceu neste último sábado, 25, o prêmio de melhor diretor (Outstanding Directing – Feature Film) no DGA Awards (Directors Guild Awards). E deve estar muito feliz por essa honraria, pois o prêmio dado pelo sindicato dos diretores dos EUA, o mais antigo dos sindicatos, é concedido por pessoas que realmente fazem cinema, e neste caso, que fazem a mesma coisa que o Cuarón: dirigem filmes. Seus colegas o reconheceram como o melhor.

O DGA awards é também o prêmio do sindicato mais certeiro em relação a sua respectiva categoria no Oscar.  Nos 65 anos durante os quais o prêmio é dado, apenas sete diretores que ganharam o troféu do sindicato não levaram também o Oscar de melhor diretor para casa (dentre eles, se destaca Coppola, que perdeu o Oscar de melhor diretor por Poderoso Chefão para Bob Fosse por Cabaret). E apenas 13 dos vencedores não viram o seu filme levar o prêmio principal do Oscar, o de melhor filme.

Alfonso Cuarón no set de Gravidade
Alfonso Cuarón no set de Gravidade

Juntando com o prêmio de melhor diretor no Globo de Ouro e tantos outros, o mexicano de 52 anos é o franco favorito a levar o Oscar de Melhor Diretor para casa. A pergunta é: ele terá forças para vencer o prêmio de melhor filme contra seu principal rival 12 Anos de Escravidão, que até o momento é o favorito a sair com a cobiçada estatueta? Os dois filmes empataram na disputa pelo prêmio do PGA Awards (prêmio cedido pelo sindicato dos produtores), que assim como o DGA, é um excelente previsão do prêmio de melhor filme.

Como eu já coloquei nos meus textos anteriores (aqui e aqui), Gravidade não conseguiu uma indicação a melhor roteiro, e a última que tivemos um vencedor de melhor filme sem indicação a roteiro foi em 98 com Titanic. Mas outras coisas acontecem com bem mais frequência, como a divisão dos prêmios de filme e diretor. Dos 85 anos da Academia, 23 vezes isso aconteceu. Neste século aconteceu quatro vezes: Argo e As Aventuras da Pi em 2013, Crash e Brokeback Mountain em 2006, Chicago e O Pianista em 2003 e Gladiador e Traffic em 2001. Reparem aqui que Ang Lee venceu duas vezes o Oscar de diretor, mas um filme seu nunca levou o prêmio de melhor filme. Ang Lee também está na lista dos diretores que venceram o DGA mas perderam o Oscar, por O Tigre e o Dragão, mas também ocupa o outro lado: Affleck venceu o DGA do ano passado por Argo, mas sequer chegou a ser indicado na categoria de melhor diretor do Oscar, cuja estatueta foi arrebatada por As Aventuras de Pi, do Lee.

Mcqueen no set de 12 Anos de Escravidão
Mcqueen no set de 12 Anos de Escravidão

Cuarón e Mcqueen (diretor de 12 Anos de Escravidão) ocupam minoria no Oscar e podem fazer história. Cuarón pode se tornar o primeiro diretor de origem hispânica a vencer o Oscar de Melhor Diretor, e Mcqueen pode se tornar o primeiro negro a vencer na categoria. Se os votantes forem para esse lado, creio que Mcqueen sobressai, e seu filme justamente toca na ferida: a escravidão nos EUA. Seria uma grande passo político para Oscar, pois Mcqueen é apenas o terceiro negro a ser indicado a melhor diretor, os outros dois foram: John Singleton por Os Donos da Rua e Lee Daniels por Preciosa.

Caso você esteja se perguntando cadê o Spike Lee, você deve saber que suas obras-primas Faça a Coisa Certa e Malcom X foram praticamente ignoradas no prêmio da Academia. No ano de Faça a Coisa Certa quem venceu o Oscar foi Conduzindo Miss Daisy. Apesar de ser um viciado em Oscar, são em momentos como esse que faço das palavras do Spike Lee as minhas: “Em 1989, Faça a Coisa Certa não foi sequer indicado [para melhor filme].  E qual filme venceu em 1989? Driving Miss Mother Fucking Daisy! Esse é o porquê de o Oscar não importar . Porque 20 anos depois,  quem está assistindo Miss Daisy?”

O Oscar foi muito injusto com a comunidade negra e esse ano eles podem começar  a se redimir premiando o longa de Mcqueen, o seu forte conteúdo poderá vencer o vazio de Gravidade, que apesar de toda sua maestria, não quer dizer muita coisa, então minha torcida vai para 12 Anos de Escravidão.

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Jonathan De Assis
Acredita piamente que o Pink Floyd é a maior banda de todos os tempos e que ninguém canta melhor que o Robert Plant. Tem o Scorsese como ídolo máximo e sabe que ele transformará o DiCaprio no novo DeNiro. Com Goodfellas aprendeu as duas coisas mais importantes da vida: Nunca dedure seus amigos e mantenha a boca sempre fechada.
Jonathan De Assis

Jonathan De Assis

Acredita piamente que o Pink Floyd é a maior banda de todos os tempos e que ninguém canta melhor que o Robert Plant. Tem o Scorsese como ídolo máximo e sabe que ele transformará o DiCaprio no novo DeNiro. Com Goodfellas aprendeu as duas coisas mais importantes da vida: Nunca dedure seus amigos e mantenha a boca sempre fechada.

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