O mexicano Alfonso Cuarón venceu neste último sábado, 25, o prêmio de melhor diretor (Outstanding Directing – Feature Film) no DGA Awards (Directors Guild Awards). E deve estar muito feliz por essa honraria, pois o prêmio dado pelo sindicato dos diretores dos EUA, o mais antigo dos sindicatos, é concedido por pessoas que realmente fazem cinema, e neste caso, que fazem a mesma coisa que o Cuarón: dirigem filmes. Seus colegas o reconheceram como o melhor.
O DGA awards é também o prêmio do sindicato mais certeiro em relação a sua respectiva categoria no Oscar. Nos 65 anos durante os quais o prêmio é dado, apenas sete diretores que ganharam o troféu do sindicato não levaram também o Oscar de melhor diretor para casa (dentre eles, se destaca Coppola, que perdeu o Oscar de melhor diretor por Poderoso Chefão para Bob Fosse por Cabaret). E apenas 13 dos vencedores não viram o seu filme levar o prêmio principal do Oscar, o de melhor filme.
Juntando com o prêmio de melhor diretor no Globo de Ouro e tantos outros, o mexicano de 52 anos é o franco favorito a levar o Oscar de Melhor Diretor para casa. A pergunta é: ele terá forças para vencer o prêmio de melhor filme contra seu principal rival 12 Anos de Escravidão, que até o momento é o favorito a sair com a cobiçada estatueta? Os dois filmes empataram na disputa pelo prêmio do PGA Awards (prêmio cedido pelo sindicato dos produtores), que assim como o DGA, é um excelente previsão do prêmio de melhor filme.
Como eu já coloquei nos meus textos anteriores (aqui e aqui), Gravidade não conseguiu uma indicação a melhor roteiro, e a última que tivemos um vencedor de melhor filme sem indicação a roteiro foi em 98 com Titanic. Mas outras coisas acontecem com bem mais frequência, como a divisão dos prêmios de filme e diretor. Dos 85 anos da Academia, 23 vezes isso aconteceu. Neste século aconteceu quatro vezes: Argo e As Aventuras da Pi em 2013, Crash e Brokeback Mountain em 2006, Chicago e O Pianista em 2003 e Gladiador e Traffic em 2001. Reparem aqui que Ang Lee venceu duas vezes o Oscar de diretor, mas um filme seu nunca levou o prêmio de melhor filme. Ang Lee também está na lista dos diretores que venceram o DGA mas perderam o Oscar, por O Tigre e o Dragão, mas também ocupa o outro lado: Affleck venceu o DGA do ano passado por Argo, mas sequer chegou a ser indicado na categoria de melhor diretor do Oscar, cuja estatueta foi arrebatada por As Aventuras de Pi, do Lee.
Cuarón e Mcqueen (diretor de 12 Anos de Escravidão) ocupam minoria no Oscar e podem fazer história. Cuarón pode se tornar o primeiro diretor de origem hispânica a vencer o Oscar de Melhor Diretor, e Mcqueen pode se tornar o primeiro negro a vencer na categoria. Se os votantes forem para esse lado, creio que Mcqueen sobressai, e seu filme justamente toca na ferida: a escravidão nos EUA. Seria uma grande passo político para Oscar, pois Mcqueen é apenas o terceiro negro a ser indicado a melhor diretor, os outros dois foram: John Singleton por Os Donos da Rua e Lee Daniels por Preciosa.
Caso você esteja se perguntando cadê o Spike Lee, você deve saber que suas obras-primas Faça a Coisa Certa e Malcom X foram praticamente ignoradas no prêmio da Academia. No ano de Faça a Coisa Certa quem venceu o Oscar foi Conduzindo Miss Daisy. Apesar de ser um viciado em Oscar, são em momentos como esse que faço das palavras do Spike Lee as minhas: “Em 1989, Faça a Coisa Certa não foi sequer indicado [para melhor filme]. E qual filme venceu em 1989? Driving Miss Mother Fucking Daisy! Esse é o porquê de o Oscar não importar . Porque 20 anos depois, quem está assistindo Miss Daisy?”
O Oscar foi muito injusto com a comunidade negra e esse ano eles podem começar a se redimir premiando o longa de Mcqueen, o seu forte conteúdo poderá vencer o vazio de Gravidade, que apesar de toda sua maestria, não quer dizer muita coisa, então minha torcida vai para 12 Anos de Escravidão.
Acredita piamente que o Pink Floyd é a maior banda de todos os tempos e que ninguém canta melhor que o Robert Plant. Tem o Scorsese como ídolo máximo e sabe que ele transformará o DiCaprio no novo DeNiro. Com Goodfellas aprendeu as duas coisas mais importantes da vida: Nunca dedure seus amigos e mantenha a boca sempre fechada.