A Feira de Livros e Quadrinhos de Natal (FLiQ) terminou nesta sexta-feira (24) e também foi uma ótima oportunidade para conhecer os novos artistas do mercado. Perambulando pelo evento, conheci os quadrinistas Gabriel Jardim e Igor Tadeu, que moram em João Pessoa, na Paraíba. Eles participaram de uma sessão de autógrafos.
Gabriel veio lançar a sua obra intitulada de “Café”, em que narra o encontro de três personagens: Joanna, que é vítima de bullying na escola; Huang, um chinês imigrante; e Café, mendigo que dá nome à história, viciado em tomar o líquido cafeinado e contar os seus causos. O livro teve sua obra financiada pelo Catarse, site de financiamento coletivo.
O quadrinista é estudante do curso de Mídias Digitais da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e conta que a ideia de produzir “Café” veio a partir das observações durante o curso. “Surgiu por causa do meu curso de Mídias Digitais, na UFPB, e os alunos sempre produzem o tempo todo vídeo, evento e música, aí vi que era a hora de produzir o meu próprio quadrinho”, relata.
A vontade de elaborar os seus próprios trabalhos surgiu ainda pequeno, quando visitou a casa de Mike Deodato, quadrinista natural de Campina Grande e conhecido por ter trabalhado na Marvel e DC Comics. “Eu tinha nove anos, fui à casa dele e vi os desenhos na parede. Fiquei louco e desde então eu decidi que iria fazer isso na minha vida. Levei a sério este trabalho quando eu tinha 15 anos”, disse Jardim, que também tem como inspirações Frank Miller (criador de “Sin City”).
Igor Tadeu, por sua vez, veio lançar a obra “Uma História em cada garrafa” (2014) em Natal, que conta diversas situações diferentes, como humor negro, dores de cotovelo, alcoolismo, dentre outros assuntos. Ele começou a trabalhar a sério como quadrinista em 2008 e integrou ao coletivo “WC”, que também tem como uma de suas participantes a Thaís Gualberto. Com a equipe, ele participou das duas edições da revista “Sanitário”.
“Sempre gostei muito da leitura, quando eu era pirralho minha mãe me influenciava a ler ‘A Turma da Mônica’ e depois passei para super-heróis e, em seguida, histórias underground. Até que eu quis produzir o meu próprio lance. A partir do momento que vi que a internet podia me ajudar a produzir quadrinhos, então comecei a fazer profissionalmente”, afirma, em referência ao seu trabalho autoral.
Depois da revista “Sanitário”, ele produziu o livro “One Hit Wonders” (2012), que conta com várias tiras que retratam diversos assuntos. “A proposta das minhas tirinhas é fazer uma boa, pelo menos”, brinca.
Ambos relataram que esta é a primeira vez que participaram da FLiQ e adoraram trocar experiências com outras pessoas do ramo. Ao perguntar se é nítido o aumento da produção no Nordeste, eles responderam que sim: “Sim. Com a facilidade da internet, fez com que se estimulasse o aumento disso”.
Gabriel, por sua vez, comenta: “A gente até estava conversando sobre a produção na região Nordeste, como tava o movimento. Aqui tem bastante quadrinistas de peso já”.
Natalense, jornalista, gosta de música, livros e boas histórias desde que se entende por gente. Também tem uma quedinha pela fotografia.