Segunda temporada de ‘Sense8’ prioriza ficção científica em detrimento dos sentimentos

Demorou, mas chegou. A própria Netflix utilizou, em campanha de marketing, o longo tempo entre a primeira e a segunda temporada de Sense8, cerca de 1 ano e 9 meses. Apesar do duradouro período de concepção – e da ansiedade dos fãs –  a nova temporada da série prioriza alguns aspectos da narrativa em detrimento de outros, acarretando, assim, em falhas.

Ao final do episódio especial, quando Will é “pego” por Sussurros, ele consegue se esconder e o engana de diversas maneiras para proteger a si e a seu grupo. Na nova temporada, é dado sequência à caçada do antagonista ao policial e, além disso, começa uma guerra entre os protagonistas e a empresa responsável por acabar com o sensates. Também há os núcleos individuais, que narram e projetam seus protagonistas para um futuro único e culminante: a luta pela sobrevivência do grupo.

Novamente, diversas questões sobre homossexualidade, racismo e aceitação são levantadas durante toda a temporada, mas o que chama mesmo atenção é o aprofundamento da mitologia da série: de onde e como surgiram os sensates; se há outros sensates no mundo; como funciona cada um individualmente. Em outras palavras, a nova temporada de Sense 8 tem uma pegada muito mais sci-fi do que os episódios anteriores.

Sun foi a personagem mais bem trabalhada nessa temporada, juntamente com Capheus.

O que a nova temporada excede em informação, falta em sentimento. Falta, de fato, o significado poderoso da palavra “sensate”. Não é uma falha capaz de tirar completamente o mérito do bom trabalho de produção e da mente criativa de Lana, mas infelizmente a lacuna sentimental fica evidente.

Quanto a outras questões técnicas, destaca-se a direção de arte – a mesma da temporada passada – que utilizou de forma exemplar a fotografia para transparecer os sentimentos dos protagonistas.

Apesar de não ter o mesmo impacto da primeira temporada, os novos episódios de Sense8 tem o poder de prender muito bem o espectador. A sutileza que a série possui – mesmo com vários momentos de agressividade – e roteiro potente produzem uma obra final belíssima que merece ser disseminada para um público ainda maior. Os onze novos episódios parecem passar como um piscar de olhos, deixando os espectadores à espera, por mais alguns anos, de uma próxima (talvez a última) e efervescente fervente jornada.

 

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Vinícius Cerqueira
Jornalista em formação, fluente em baianês e musicalmente conduzido no dia a dia
Vinícius Cerqueira

Vinícius Cerqueira

Jornalista em formação, fluente em baianês e musicalmente conduzido no dia a dia

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