Hoje as facilidades advindas da internet nos permitem trocas culturais mais ágeis e rápidas, começamos a descobrir de maneira mais eficaz a cultura de outros países, iniciamos uma busca por novos autores e também por antigos. Lembro-me que foi a partir do meu primeiro computador ainda com uma internet discada que pude conhecer um dos grandes escritores russos, Fiódor Dostoiévski.
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Uma das minhas primeiras leituras foi Notas Do Subsolo e logo em seguida comprei uma edição de bolso do livro O jogador. A partir daí, o interesse começou a despertar, fiquei maravilhado como a sua forma de trabalhar o espaço e o tempo, onde o inesperado é possível e o instante toma vida e força. Quando menos você espera, o momento relaxa desaparecendo no decorrer da leitura. Comecei, então, a buscar cada vez mais a literatura estrangeira como por exemplo: A Divina Comédia de Dante Alighieri, as peças do grande autor elisabetano William Shakespeare, as narrativas de Victor Hugo, etc.
O meu interesse pela literatura estrangeira se intensificou ainda mais quando comecei a cursar História na Universidade Federal de Campina Grande e lá conheci novos autores como, por exemplo, Jean-Jacques Rousseau, Júlio Verne, Nietzsche, etc. Mas em contrapartida vi meu interesse pela literatura brasileira se distanciando a ponto de desconhecer por completo nossos principais autores e nossos melhores movimentos literários.
Ultimamente tive a curiosidade de retomar o tempo perdido e começar a ler intensivamente livros de autores brasileiros. Durante as minhas leituras, despertei a paixão por uma dos movimentos literários que, ao meu ver, é um dos mais instigantes por ser um retrato de um período de transição histórica do nosso país: o realismo.
Meu interesse no realismo é exatamente pelo movimento surgir durante uma período onde as ciências começam a caminhar por novos caminhos, buscando através de novos métodos de experimentação e observação da realidade uma tentativa de achar respostas para explicar o mundo físico, além de estar situado também em uma transformação social, como o desenvolvimento de uma população urbana, a desigualdade econômica, o surgimento do proletariado e uma nova forma de economia, o capitalismo.
Minha primeira leitura desse movimento veio com o livro “O Cortiço”, escrito por Aluísio de Azevedo, um livro bastante interessante para se entender como se deu o processo de formação social e econômica do Brasil no período do final do século XIX. O livro foi lançado em 1890, nele percebemos uma denúncia do autor sobre a exploração e as péssimas condições de vida dos cidadãos menos abastardas da sociedade.
!["Dom Casmurro", em edição da editora Moderna](https://revistapagu.com.br/wp-content/uploads/2014/02/dc.jpg)
Um outro grande autor desse movimento foi Machado de Assis, que além de romancista também passeou por vários gêneros literários tais como poesia, cronista, dramaturgo, contista, folhetinista, jornalista e crítico literário. Como se não bastasse, o escritor ainda foi o primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras.
Uma de suas obras mais conhecidas é “Dom Casmurro”. No livro acompanhamos a história do advogado carioca Bento de Albuquerque Santiago, o Dom Casmurro. Narrado em primeira pessoa vemos no livro a tentativa de Dom Casmurro de atar duas pontas de sua vida, lembrando na velhice de fatos que marcaram sua adolescência.
O livro busca construir uma narrativa que exerce a função de uma pseudo-autobiografia do protagonista. A obra traz grandes recursos como o emprego de capítulos curtos, digressões, metalinguagem e intertextualidade. Outro fator de grande relevância do livro é a maneira como Machado de Assis analisa a mente humana, buscando nisso uma construção de um retrato íntimo do homem e da sociedade.
Então para quem também gosta de literatura e se interessa em começar a buscar por novos caminhos de leitura indico veemente autores do realismo brasileiro, como Machado de Assis e Aluísio Azevedo, que até hoje são considerados dois dos principais nomes de nossa literatura. Uma dica é buscar alguns livros Google Play.
Fã de cinema desde de criança, estuda Arte e Mídia na Universidade Federal de Campina Grande (Paraíba). Tem como principais paixões a música, os quadrinhos e o cinema.