Spotlight, Carol e As Sufragistas em cartaz… mas não em Natal.

À procura de uma opção a ser considerada para a minha clássica noite cinematográfica de meio de semana, recorri a um dos sites de cinemas comerciais da cidade. Fui surpreendida imediatamente pela publicidade que palpitava na tela sobre o filme “Spotlight – Segredos Revelados”.

Indicado ao Globo de Ouro, uma das mais relevantes premiações do cinema e TV norte-americanos, nas categorias Melhor Filme, Melhor Roteiro e Melhor Diretor, o filme dirigido por Tom McCarthy conta a relevante história do corajoso grupo de jornalistas que investiga o caso de pedofilia por padres da Igreja Católica de Massachusetts, e agrega no elenco nomes como Mark Ruffalo (Os Vingadores), Michael Keaton (Birdman) e Rachel McAdams (Meia-noite em Paris).

O anúncio em questão, que ocupava a tela inteira do site, convidava os espectadores ansiosos a conferir o filme, já em exibições nos cinemas. Empolgada, visto que esse tem sido um filme bastante comentado e esperado no meio cinematográfico (tem avaliação 8.4/10 no IMBD), mantive viva a chama da esperança até constatar que Natal não era um dos poucos centros de exibição da película.

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Spotlight estreou no último dia 07/01, mas ainda não chegou a Natal

Não por falta de espaço, evidentemente, uma vez que duas das salas do cinema em questão estão ocupadas pela comédia nacional “Até que a sorte nos separe 3” e outras duas com a segunda película da franquia também brasileira “Vai que dá certo”, ambas as franquias globonormativas (com a licença do neologismo), com excessos de estereótipos e receitas de bilheterias e escassez de criatividade e inovação artística.

Curiosa com o fato de um filme com a força de Spotlight não ter espaço no circuito comercial da cidade, resolvi clicar na aba “Em cartaz” e me desapontei novamente ao perceber a quantidade de bons filmes que estavam em exibição em outras cidades na mesma rede de cinemas, mas não em Natal. Dois deles me deixaram ainda mais particularmente triste, por se tratarem de filmes que eu muito esperava e por terem sua relevância social bastante explícita.

“Carol” é um drama romântico protagonizado pela oscarizada Cate Blanchett e pela indicada ao Oscar Rooney Mara, e conta a história do romance entre as duas personagens em meados do século passado. Se a temática relevante não é por si só motivo para a circulação do filme, seus méritos no circuito internacional deveriam ser: a película foi selecionada para competir pela Palma de Ouro em Cannes e Rooney Mara competiu na categoria de Melhor Atriz no mesmo festival. O filme também está indicado na categoria de Melhor Filme e Melhor Atriz (com ambas as protagonistas) no Globo de Ouro.

“As Sufragistas”, por sua vez, merecia uma maior abertura nos cinemas sobretudo pelo momento atual da nossa sociedade, em que o movimento feminista se manifesta com cada vez mais força. Dirigido e protagonizado por mulheres, o filme conta a história de mães, filhas e esposas que resolvem lutar por uma maior participação social, sobretudo no direito ao voto. Um filme explicitamente feminista que pode servir de inspiração para a luta contemporânea das mulheres. No elenco, ninguém menos que Carey Mulligan, Helena Bonhan Carter e Meryl Streep.

As Sufragistas conta história da luta pelo sufrágio para as mulheres
As Sufragistas conta história da luta pelo sufrágio para as mulheres

Tentei ainda buscar opções diferentes nas outras duas redes de cinema que figuram na cidade e me apeguei a uma sessão singular de Macbeth que resiste unicamente no Cinépolis Natal Shopping, que parece ser a única rede na cidade que ainda aposta timidamente em títulos com mais proposta artística e menos espetáculo de marketing.

Se a história se repetir, receberemos, sim, Spotlight, Carol e quem sabe também As Sufragistas – depois de já terem circulado por todas as grandes cidades do Brasil e que forem (se chegarem a tanto) consagrados pelo Oscar como merecedores da atenção do público. No mais, por ora, resta àqueles que se agradam do gênero, o trash cult de Quentin Tarantino com sua nova película, Os 8 Odiados, que conseguiu algumas singelas sessões no disputado circuito natalense preenchido por besteróis, animações meia-boca e pelo blockbuster do ano.

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Andressa Vieira
Jornalista, cinéfila incurável e escritora em formação. Típica escorpiana. Cearense natural e potiguar adotada. Apaixonada por cinema, literatura, música, arte e pessoas. Especialista em Cinema e mestranda em Estudos da Mídia (PPgEM/UFRN). É diretora deste site.
Andressa Vieira

Andressa Vieira

Jornalista, cinéfila incurável e escritora em formação. Típica escorpiana. Cearense natural e potiguar adotada. Apaixonada por cinema, literatura, música, arte e pessoas. Especialista em Cinema e mestranda em Estudos da Mídia (PPgEM/UFRN). É diretora deste site.

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