Lena Dunham escreve, dirige e encena a série Girls, da HBO. Seu livro ”Not that kind of girl”, traduzido como ”Não sou uma dessas” e lançado no Brasil pela Ed. Intrínseca, narra absolutamente tudo sobre a vida de Lena: suas descobertas sexuais, várias paixões mal sucedidas, amizades, situações envolvendo trabalho e problemas com alimentação.
O livro, de cara, impressiona pela beleza da própria edição e pelas inúmeras pequenas ilustrações assinadas por Joana Avillez, autora de ”Life dressing”. Nas primeiras páginas, anima também constatar que o livro é divido em 5 seções: amor e sexo; corpo; amizade; trabalho e, por último, panorama. Assim, se o leitor estiver curioso de imediato apenas sobre determinado assunto, basta ir direto ao ponto.

As seções ”amor e sexo” e ”corpo” são as mais engraçadas, por narrar, obviamente, várias situações esquisitas e de caráter totalmente pessoal, que toda mulher – e toda pessoa, claro – passa ao menos uma vez na vida. Ambas as seções servem como alerta, para que outras meninas fiquem atentas e não passem por situações chatas pelas quais ela possa ter passado, mas também como um aviso, para que as meninas tenham consciência de várias coisas boas.
Além dos textos inseridos em cada uma das seções, Lena também apresenta várias listas, que variam desde ”18 coisas improváveis que eu disse no meio de um flerte” a ”Minhas 10 maiores preocupações com a saúde”.
A narrativa inteira conta com vários relatos dos mais diversos tipos: desde sobre sua relação conflituosa com a própria alimentação até aventuras que podem ser taxadas de ”esquisitas”, como, por exemplo, um gosto especial por apenas dividir a cama com homens. Dormir, mesmo. Só dormir. Coisa que acho até natural, bonita, etc. Aposto que tem muito mais gente por aí que às vezes tem vontade de uma simples companhia no momento do sono.
As situações narradas são, em geral, interessantes. Excêntricas, divertidas. Mas há muito detalhe desnecessário que pode cansar ou, pior, não surtir efeito algum. Desnecessário mesmo. 12 páginas do livro são gastas apenas com uma espécie de anexo, sem cortes, de um diário de alimentação que ela escreveu num período no qual estava tentando uma dieta maluca e contando as calorias consumidas diariamente.
A obra, no entanto, não exagera no desnecessário. É um livro legal. As meninas precisam saber que não são obrigadas a transar sem vontade, que dietas malucas só fazem mal, que o corpo muda muito, que mulher se masturba… E Lena chuta essa bola quando afirma:
”(…) Se eu puder lançar mão do que aprendi para tornar qualquer tarefa mais fácil pra você ou evitar que você faça o tipo de sexo em que ache melhor nem tirar os tênis para o caso de querer sair correndo durante o ato, então cada passo em falso que dei terá valido a pena.”
Finalmente, devo dizer que Lena cumpriu seu objetivo. A leitura é leve, engraçada, e, à título de entretenimento, maravilhosa. Tenho certeza que todos os leitores vão querer tirar os tênis, deitar na cama e só tornar a se levantar depois de ter terminado o livro.
Poeta, estudante de Multimídia, formada no curso FIC de Roteiro e Narrativa Cinematográfica pelo IFRN, apaixonada por História da Arte e fotografia.