Era o final de uma manhã de um sábado ensolarado em Natal quando a equipe d’O Chaplin foi ao Palácio Potengi. As enormes janelas do prédio de estilo neoclássico estavam abertas, sinal de que podíamos visitar. O local é onde funciona a Pinacoteca do Estado, espaço aberto para apresentações de artistas potiguares, nacionais e internacionais. Visitamos as exposições e vamos comentá-las a seguir. Algumas, vale lembrar, estão se despedindo ainda nesta semana.
A fim de tornar o texto organizado e ágil, faremos nossas observações em tópicos.
Afetudes Psicontáticas
Assim que entramos, educadamente uma funcionária indicou quais partes do prédio estão com obras expostas. “As portas mostram onde fica cada exposição”, disse. Realmente estava dessa forma.
A primeira que visitamos se chama “Afetudes Psicontáticas”, do artista visual potiguar Diego Torres. Nascido em Natal e atualmente residente da cidade de Brasília, o artista realizou trabalhos com colagens e pinturas (com cores bem vivas), usando diversos materiais, como vinis, fotos antigas e imagens da internet.
Estão presentes nas obras observações sobre o mundo, que de vez em quando ele via no modo otimista, outras vezes bem pessimista. Parece ser confuso, entretanto depois o público identifica que essas confusões e inquietações fazem parte da mensagem transmitida.
Alguns trabalhos trazem a reconstrução de memórias entre o presente e passado. Além disso, Torres apresentou xilogravuras, técnica que utiliza a madeira como suporte e, em seguida, reproduz gravuras no papel ou em outros tipos de materiais.
Uma das coisas mais peculiares nesta exposição está simplesmente no caderno de visitas, construído a partir da carteira de trabalho do próprio artista, que atualmente faz o curso de graduação de Artes Plásticas na Universidade de Brasília (UnB).
Fragmentário de Fri (c) ções da Rua
Logo após ter observado o “Afetudes Psicontáticas”, vimos um trabalho denominado de “Fragmentário de Fri (c) ções da Rua”, criado pelo perfomer André Bezerra, do coletivo ES3. Tudo começou quando André realizou uma performance chamada “Fragmento Ao Ar Livre”, em Porto Alegre, onde ficou oito dias sem entrar em um local fechado, sem entrar algum prédio.
Durante os passeios pelas ruas gaúchas, o artista coletou diversos materiais jogados no chão e os catalogou, sem se importar com a real utilidade deste objeto jogado. Foram encontrados diversos tipos de material, desde chumaço de cabelo até parafusos. A intenção do artista era mostrar como um material pode ter outro significado quando se transforma em lixo. As fotos da atuação do André Bezerra na capital gaúcha também foram divulgadas.
Empatia Visual
Exibir contrastes e o inesperado da vida urbana, esse foi o principal objetivo desta exposição. Foi criada pelo fotógrafo espanhol, radicado em Natal, Juan Casanova. “Empatia Visual” tentar exibir a compreensão do fotógrafo sobre as situações da vida urbana nas metrópoles.
São 10 fotos em preto e branco que mostram a beleza oculta dentro das cidades europeias. É apenas uma mostra do trabalho original de 24 fotografias e chegou a ser premiada em 2010 no sétimo Encontro Fotográfico de Gijón (Espanha). As fotografias são belíssimas e provoca uma vontade de conhecer as outras que não foram expostas.
Elas
Após subir as escadas, nós entramos ao salão nobre da Pinacoteca do Estado e vimos “Elas”, que reúne cerca de 10 artistas para exibir a visão delas sobre o mundo feminino. A mostra reúne fotografia e artes visuais no mesmo lugar, fazendo com que o local ficasse “eclético”. Traz diferentes pensamentos sobre mulheres e nos permite refletir sobre a importância delas no mundo.
Na entrada da exposição, são exibidos objetos e fotografias sobre mulheres com mensagens sobre o que precisa ser melhorado no cotidiano feminino.
Devido a uma gravação que estava acontecendo no salão nobre da Pinacoteca, tivemos que ver a exposição um pouco apressados (era um corre-corre de pessoas circulando no local). Entretanto, vale a pena conferir.
As artistas que fazem parte da nova exposição da Pinacoteca são: Petrúcia de Nóbrega, Sabrina Bezerra, Mariana do Vale, Elisa Elsie, Jackie Monteiro, Civone Medeiros, Francis Silva, Rosa MC, Letícia Pareguas e Ana Claudia Viana.
Frequência e horários de visitação
Falando em visitas sobre o espaço, apesar do sábado e de manhã, algumas pessoas foram à Pinacoteca para conhecer mais sobre o local. Enquanto estávamos circulando de sala em sala, quatro alemães visitavam o Palácio, com câmeras em punho e tirando fotos de tudo o que viam pela frente.
É uma ótima oportunidade para resgatar um pouco da pequena história existente do Rio Grande do Norte. Além disso, existem outros museus na cidade do Natal que estão abertos as visitações, como o Memorial Câmara Cascudo e a Fortaleza dos Reis Magos. Lembrando que algumas das exposições da Pinacoteca vão terminar no próximo sábado (05), e abrirão espaço para novas.
Os horários de visitação são de terça a sábado das 08 às 16 horas. O local fica na Praça 7 de Setembro, Cidade Alta, próximo da Assembleia Legislativa e Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte (TJ/RN). Como foi falado anteriormente, algumas exposições acabam ainda esta semana. Então, para entrar em contato com a Pinacoteca e obter mais informações sobre as exposições correntes no espaço, é só ligar para os telefones (84) 3211-7056 ou (84) 3232-2997.
Sobre a Pinacoteca do Estado
A Pinacoteca Potiguar fica no Palácio Potengi, prédio que foi construído durante o século 19. Alguns historiadores apontam que o prédio ficou pronto, de fato, em 1873, quando o Rio Grande do Norte ainda era uma província. O local guarda parte do acervo de Artes Visuais pertencentes à Administração Estadual. Lá funcionou, por muito tempo, a sede do Governo do Estado.
Endereço:
Pinacoteca do Estado
Praça 07 de Setembro, s/n, Cidade Alta
Telefones: 3211-7056 e 3232-2997
Facebook da Pinacoteca Potiguar
Natalense, jornalista, gosta de música, livros e boas histórias desde que se entende por gente. Também tem uma quedinha pela fotografia.