007 Contra a Chantagem Atômica: quarto filme da franquia traz Sean Connery ainda mais Bond

007 Contra o Satânico Dr. No (Dr. No, 1962) estreou em 1962, dando início a bem sucedida série cinematográfica do maior agente secreto da literatura. James Bond ganhou notoriedade no cinema e o respaldo de um público cativo, como se mostrou nos anos seguintes. Três anos após sua estreia, Bond volta aos cinemas com 007 Contra a Chantagem Atômica (Thunderball, 1965), quarto filme da série.

Na trama, a organização criminosa SPECTRE se apodera de duas bombas atômicas e pede ao governo britânico um pagamento, em diamantes, no valor de 100 mil libras esterlinas. O não pagamento acarretaria num ataque a uma cidade inglesa ou americana. Diante da situação, o MI6 reúne toda a sua equipe de agentes 00 e designa missões específicas. Cabe a Bond seguir uma pista até às Bahamas para impedir uma catástrofe.

Originalmente, Chantagem Atômica seria o primeiro filme da série inglesa nos cinemas, o que não aconteceu por causa de um processo envolvendo os direitos autorais da obra. Para não perder tempo, os produtores Albert R. Broccoli e Harry Saltzman decidiram filmar outra história.

O atraso nas filmagens favoreceu a trama que, enfim, veio às telas mais encorpado do que provavelmente viria em 1962. O orçamento de U$ 9.000.000, superior aos U$ 1.100.000 de Dr. No, permitiu um filme muito bem produzido, bem dirigido e que agradou bastante o público. Segundo o site Box Office Mojo, Chantagem Atômica ocupa a 10ª posição no ranking de maiores bilheterias da franquia (U$ 63.595.658). Porém, reajustando o valor do dólar da época para os dias de hoje, o filme pula para a 01ª posição com U$ 593.912.000.

Assinado por Richard Maibaum (007 Contra Goldfinger), John Hopkins (Assassinato Por Decreto) e por Jack Whittingham (Os Gigantes do Mar), o roteiro é desenvolvido de forma bem “orgânica” (levando em consideração que se trata de um filme de James Bond, é claro). A trama é apresentada em etapas, tanto do ponto de vista do MI6 como da SPECTRE. Cada etapa é bem disposta em tela: o plano dos vilões, a as informações privilegiadas de Bond antes da missão, o roubo das bombas, a reunião dos agentes e a forma como Bond vai evoluindo na investigação, sempre gradualmente e no tempo certo.

 

Sean Connery (A Rocha) entrega mais uma eficiente interpretação do agente com licença para matar, sabendo dosar as cenas de ação e utilizando sempre ao seu favor a elegância e a presença de espírito do personagem. Destaque para o seguinte diálogo entre Bond e o vilão Emilio Largo (Adolfo Celi de Monsenhor):

Bond – Esse rifle é de mulher.

Largo – Você entende de armas, senhor Bond?

Bond – Não. Entendo um pouco de mulheres.

O restante do elenco não foge muito à cartilha dos filmes de 007. Claudine Auger (A Mansão da Morte) cumpre bem sua função de objeto de desejo do agente inglês (e, em minha opinião, é a mais bela Bond Girl de todas); Largo é interpretado de forma consistente, centrada e pouco caricatural (à exceção de seu tapa-olho); Bernard Lee (Frankenstein e o Monstro do Inferno), Lois Maxwell (Lolita) e Desmond Llewelyn (Merlin) voltam aos seus papéis de M, Moneypenny e Q, respectivamente. Destaque para a breve e bem humorada aparição do engenheiro usando uma camisa praiana.

Connery e Claudine Auger

A direção de Terence Young (O Xeque Mate) merece uma atenção especial. As inúmeras cenas debaixo d’água são extremamente bem filmadas, eletrizantes e bem coreografadas. A batalha entre as forças armadas aliadas e os capangas se mostra muito dinâmica e de fácil entendimento do que se vê em tela. Já a montagem do filme peca em alguns momentos.

Mesmo intercalando, de forma competente, as cenas de ação e de desenvolvimento da trama, a montagem de Ernest Hosler (Fortaleza do Inferno) exagera no fast motion, acelerando demais algumas cenas de ação ao ponto de prejudicar o clímax do filme. Em contra partida, os efeitos visuais impressionaram tanto na época que rendeu à franquia um Oscar® de Efeitos Visuais, segunda estatueta da franquia que havia vencido na categoria Efeitos Sonoros com 007 Contra Goldfinger.

007 Contra a Chantagem Atômica ainda impressiona por seu porte e por sua qualidade. Fez história na época e ainda hoje mexe com muitos fãs do personagem icônico criado por Ian Fleming.

Nota: 09/10

FICHA TÉCNICA:

 

007 CONTRA A CHANTAGEM ATÔMICA (THUNDERBALL, 1965)

Gênero: Ação
Direção: Terence Young
Roteiro: Ian Fleming, Jack Whittingham, John Hopkins, Kevin McClory, Richard Maibaum
Elenco: Adolfo Celi, Bernard Lee, Claudine Auger, Desmond Llewelyn, Earl Cameron, Edward Underdown, George Pravda, Guy Doleman, Harold Sanderson, Leonard Sachs, Lois Maxwell, Luciana Paluzzi, Martine Beswick, Michael Brennan, Molly Peters, Paul Stassino, Philip Locke, Reginald Beckwith, Rik Van Nutter, Roland Culver, Rose Alba,Sean Connery
Produção: Kevin McClory

Por João Victor Wanderley, especial para o blog O Chaplin

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João Victor Wanderley
Radialista por formação e jornalista em formação. Minha paixão pelo cinema me trouxe ao Chaplin; minha loucura, ao Movietrolla. Qualquer coisa, a culpa é d’O Chaplin… E “A Origem” é o maior filme de todos!
João Victor Wanderley

João Victor Wanderley

Radialista por formação e jornalista em formação. Minha paixão pelo cinema me trouxe ao Chaplin; minha loucura, ao Movietrolla. Qualquer coisa, a culpa é d'O Chaplin... E "A Origem" é o maior filme de todos!

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