Sou dessas que adoram novidades e experiências ainda que seja para constatar que não são válidas por mais de uma vez. Afinal, a primeira tentativa sempre vale, ao menos, um texto. Foi o caso da minha ida ao Cinemark, no Midway Mall, na última segunda-feira, para conferir as famigeradas novas poltronas D-BOX.
Confesso. Estava ansiosa. Evitei ceder à tentação de experimentar as poltronas disponíveis no hall de entrada do cinema, diante de uma tela que exibia o trailer de Guardiões da Galáxia, coincidentemente, o mesmo filme que escolhi para assistir em minha D-BOX.
Estranhamente, não existe uma sala inteira equipada com as cadeiras. Apenas duas fileiras de algumas salas foram substituídas pelos novos equipamentos. Tais poltronas, obviamente, custam (bem) mais caro ao bolso do cinéfilo. Paguei, pela meia entrada, numa segunda-feira, a “bagatela” de R$ 21.
Por essa quantia, o mínimo que se espera é uma fiscalização por parte do cinema quanto ao uso dos assentos. Mas é muito fácil para os espectadores mais espertos (para não dizer caras-de-pau) terem acesso a uma das poltronas, mesmo sem pagar o (alto) valor diferencial. É só fingir-se de louco, sentar em uma das cadeiras, e torcer para que o provável dono não apareça. Nenhum funcionário do cinema vai pedir para conferir seu bilhete, ou mesmo fiscalizá-lo na entrada. E, acreditem, amigos, isso é o mínimo que podemos esperar do público frequentador do Cinemark, conhecido, inclusive, por sua (falta de) educação.
Quanto às cadeiras em si, óbvio que há vantagens. A maior delas, acredito eu, é a ausência do cheiro de morfo comumente sentido nas salas do cinema em questão. O conforto e o espaço um pouco maior também contribuem para uma boa avaliação da poltrona. Contudo, não indico para aqueles que vão em pares ao cinema. Há um abismo de distância entre um assento e outro, dificultando qualquer mínima tentativa de afeto interpessoal. Esse ponto, contudo, é justificável e necessário, se considerarmos a real função das poltronas D-BOX.
No início, é até divertido ficar inclinando de um lado para o outro e sentir os “supapos” que chegam até a ser agradáveis. Mas como, diz sabiamente a minha progenitora, “tudo demais é veneno”, às vezes perguntava-me se eu estava no cinema ou em um campeonato de touro mecânico. Depois de uns minutos, fica a dúvida se o real intuito daquele instrumento era o de inserir-me mais no filme ou desviar a minha atenção dele.
As novas cadeiras D-BOX do Cinemark não são para admiradores da sétima arte. Talvez venham a calhar para o público infantil, ou para aqueles que vão ao cinema com o mesmo intuito com que frequentam um game station ou um parque de diversões. Mas não para aqueles que vão ver filmes, de fato. Para mim, a poltrona em questão ocupou o lugar daquele amigo chato que fica te cutucando o tempo inteiro enquanto você tenta concentrar-se. Sendo assim, em minha próxima ida ao Cinemark, certamente optarei por uma poltrona convencional, que cumpra a digna e esperada função de apenas acomodar-me para que eu aprecie a atração principal – que se passa na tela.
Jornalista, cinéfila incurável e escritora em formação. Típica escorpiana. Cearense natural e potiguar adotada. Apaixonada por cinema, literatura, música, arte e pessoas. Especialista em Cinema e mestranda em Estudos da Mídia (PPgEM/UFRN). É diretora deste site.
Bacana sua crítica.
Mas só um detalhe: As cadeiras são travadas, sendo que só trepidam as que foram pagas no caixa, então não tem jeito de dar o cano e tentar assistir sem pagar.
Oi Mari! Na época que escrevi (há dois anos) não era assim. 🙂
Obrigada pelo comentário!