Fim de tarde, pôr do sol sobre a Lagoa Manoel Felipe repleta de pedalinhos. Crianças correndo, brincando, dançando, adultos compenetrados com o espetáculo. Assim se deu o último dia da 4° edição do “MPB Jazz”, no domingo (30). Famílias e grupos de amigos lotaram o anfiteatro da Cidade da Criança para prestigiar a cantora americana Michaela Harrison. Aurora Nealand e Jewel Brown, que cantaram nos dias anteriores do festival, também estavam na plateia e chamaram atenção do público.
Michaela cativou a todos com sua espirituosa e forte voz, com seu amplo repertório, incluindo jazz, blues, R & B, soul, samba e MPB, e por ela falar português fluentemente, o que possibilitou uma ótima interação com o público. A cantora explicava a história e/ou o conteúdo das músicas antes de interpretá-las, o que envolveu ainda mais os presentes.
Nessas conversas introdutórias, ela mostrou um pouco mais de si e de sua visão de mundo: para ela seu trabalho, a música, tem poder curativo e transformador, contestador da realidade. Assim foi ao escolher cantar Four Women, de Nina Simone, música que retrata a história de quatro mulheres negras com vidas sofridas, que Michaela trata como uma representação de sua própria vivência como mulher negra e uma lembrança de sua avó. Ou ao dedicar a sua última música a Michael Brown, jovem negro americano morto pela polícia. A cantora trouxe uma reflexão ao público: “Não é fácil a vida de um jovem negro nos Estados Unidos. Aqui também não, né? Vamos ser sinceros”.
A cada papo desses Michaela e sua banda eram aplaudidos. Nossa, como houve aplausos para eles durante todo o show. Penso que o fato deles seres estrangeiros explica um pouco isso. Mas é fato que eles encantaram o público. Uma senhora ao meu lado me disse em certo momento: “está ouvindo a voz dessa mulher? Estou toda arrepiada. Você sabem se estão vendendo o CD dela? Quero levar para casa”. Respondi afirmativamente, indicando uma mesa ao lado do palco, onde os discos podiam ser adquiridos com a produção do evento.
Um dos pontos altos do show foi quando Michaela convidou o guitarrista Jubileu Filho e a cantora Valéria Oliveira ao palco para compartilharem a interpretação de “Desde que o samba é samba”, de Caetano Veloso, ela chamou os artistas potiguares de novos amigos, e juntos fizeram uma linda homenagem ao samba que tinha sua data de celebração próxima (dia 02 de dezembro). Em outro momento, Michaela fez uma nova homenagem à música popular brasileira ao cantar “Dindi”, de Antonio Carlos Jobim e Aloysio de Oliveira.
Sobre Michaela Harrison
Michaela começou a cantar na igreja Batista aos 5 anos. Seu estilo musical incorpora suas raízes do evangelho, bem como uma grande variedade de gêneros: na sua bagagem cabe jazz, blues, R & B, soul, samba, MPB e música tradicional africana. Ela cante em inglês, francês e português, línguas que fala com fluência, também é familiarizada com o espanhol e suaíli, língua falada em diversos países da África Oriental. Ela considera, no texto biográfico presente no seu site, “sua música como uma medicina do amor, trazendo cura para o corpo, a mente e o coração”.
Alguém com dificuldade de se descrever. Está em transição. Mas que tem o sonho de conhecer esse mundo e escrever sobre ele. Sofre de ansiedade e curiosidade. Tem sede de ludicidade. Jornalista em processo de formação, comunicadora desde que nasceu.