Tem série nova estreando no feriadão! Na próxima sexta, 27/5, estreia no A&E a série Damien, inspirada no clássico de terror A Profecia (1976). Nós d’O Chaplin já conferimos e adiantamos: a nova série é meticulosamente má organizada em seus episódios e deixa a desejar em diversos sentidos, que conto a seguir.
Como o título da série já sugere, o protagonista Damien Thorn (Bradley James II, da série Merlin) já está crescido e todos os acontecimentos que se sucederam na infância não passam de uma mera lembrança ruim. Porém, em uma de seus viagens para fotografar guerras, ele se depara com uma senhora que profetiza que ele é o Anticristo que dominará a Terra. Ao ser deportado de volta ao Estados Unidos, Damien fica com a imagem e a fala da senhora na cabeça. Com o afloramento de seus poderes sobrenaturais, o protagonista acaba machucando pessoas próximas a ele, levando-as a morte.
Com sustos prontos e um roteiro um tanto tosco, Damien desvaloriza o gênero tão rico em que ele está inserido. A série não dá o que o telespectador quer ver, que seria a aceitação da condição de ser o Anticristo. Durante toda a série, o personagem principal debanda e prefere não se envolver com o assunto, mas o destino faz com que ele acabe sempre caindo nesse tema, o que deixa a história extremamente chata.
Dos 10 episódios da primeira temporada, apenas 2 deles – o primeiro e o último – conseguem se sobressair e mostrar uma capacidade de roteiro e direção quase perfeitos, se não fossem algumas cenas e diálogos dispensáveis para a trama. O restante, contudo, não surpreende quase em momento nenhum. O mais triste é que a série tinha um certo potencial para se mostrar como referência no gênero de terror na TV com essa temática apocalíptica, mas tal potencial só é sentido, como dito anteriormente, no primeiro e no último episódio da série.
Outro destaque negativo é que a construção dos coadjuvantes é mais cuidadosa do que a do o protagonista. Personagens como Ann Rutledge (Barbara Hershey, de Cisne Negro), que se diz a protetora de Damien, tem seus altos e baixos e sem dúvidas é a melhor coadjuvante que a série poderia ter. O melhor amigo de Damien, Amani (Omid Abtahi, de Better Call Saul) e o detetive James Shay (David Meunier, de Scandal), que está investigando as mortes por trás dos inexplicáveis fenômenos paranormais, também se destacam em alguns episódios.
Mas nem tudo nesta série é ruim. Há pontos positivos que vale a pena serem ressaltados. Um deles é a composição de algumas cenas que, mesmo com a fotografia excessivamente escura atrapalhando, consegue ser bonita, principalmente aquelas nas quais Damien está alucinando e tendo uma espécie de visão. O relacionamento entre os personagens, apesar de raso, fica interessante com o passar dos episódios e os efeitos gráficos são bem executados.
Damien deveria ser uma série incrível e honrar o clássico que a série teve coragem de continuar. Infelizmente, isso não acontece e é complicado recomendá-la. Se você tiver força de vontade e querer realmente dá uma conferida, é por sua conta e risco.
Jornalista em formação, fluente em baianês e musicalmente conduzido no dia a dia
Eu comecei a assisti ontem mas não consegui ir adiante.