Fãs de quadrinhos, boas séries e teoria da conspiração, meus caros, eis a pedida, a série britânica, “Utopia”. Ok, seria pedantismo demais meu fazer um trocadilho sobre a qualidade da série com o título, certo? Mas por favor, me permitam. Utopia é a ideia de algo ideal, isto é, praticamente inalcançável a nós meros mortais, pra não dizer impossível. Mas o importante é dizer que a ideia de utopia é ligada tanto ao presente quanto ao futuro, mas em um paralelo. Acho que a nova série da Channel 4 conseguiu alcançar esse paralelo.
No labirinto de dúvidas os personagens da série são perseguidos por Arby (Neil Maskell) |
O drama/suspense escrito por Dennis Kelly é de tirar o fôlego, há muito tempo eu não me envolvia tanto com um seriado. “Utopia” tem os pré-requisitos básicos para fisgar alguém como eu, leitora de quadrinhos e interessada em filmes de suspense. A premier foi dia 15 de janeiro, mas só agora parei para assistir ao primeiro episódio, dos seis, da primeira temporada.
O primeiro episódio é cheio de lacunas, nós não sabemos ao certo do que se trata, e somos apresentados pouco a pouco a cada um dos personagens principais e ao ponto em comum de todos, a graphic novel: “The Utopia Experiments”, escrita por Mark Dane, um geneticista esquizofrênico paranoico delirante que desenvolveu e finalizou a obra dentro de um hospital psiquiátrico e quando o fez cometeu suicídio. Em sua obra, apresenta segredos do governo britânico, e que consequentemente apontam para futuras catástrofes.
Becky, Ian e Wilson Wilson são alguns dos membros do fórum online dedicados a graphic novel “The Utopia Experiments”. |
A graphic novel underground, fala de um cientista que fez um pacto com o diabo em troca de conhecimento, sendo o diabo representado por um híbrido de humano e animal, na sua maioria um coelho (analogia direta ao coelho da Alice no País das Maravilhas e não distante ao filme Donnie Darko). Escrita em 1985, a obra contém uma ilustração de uma mutação genética que resulta em uma doença chamada Deel, que só foi ser conhecida pelas autoridades em 1986. Ok, agora você leitor para e me pergunta sobre o que diabos eu estou falando!
Conspiração, meus caros, o piloto dessa série tem muita conspiração sobre a indústria farmacêutica! Mas continuemos. Um restrito grupo de fãs da graphic novel “The Utopia Experiments” debatem sobre a obra em um fórum online, e marcam de se conhecer pessoalmente quando um dos membros diz estar com os manuscritos originais de uma segunda parte da obra, que até então não existia. A partir daí, uma caçada aos membros do fórum é traçada mudando a vida de Ian (Nathan Stewart-Jarrett), Wilson Wilson (Adeel Akhtar), Becky (Alexandra Roach) e do pequeno rebelde, Grant (Oliver Woolford) que passam a ser perseguidos por uma dupla extremamente violenta que sempre faz a mesma pergunta, “Where is Jessica Hyde?” (onde está Jessica Hyde?).
Na trama, Ian e Becky são presos acusados de crimes sexuais que sequer cometeram |
Confesso quando a dupla, composta por um gordinho com cara de lunático Arby (Neil Maskell) e o bem vestido e sádico que não sabemos o nome, interpretado por Paul Ready, nos primeiros minutos da série, aparece pela primeira vez fazendo a bendita pergunta, eu já estava completamente imersa de tensão e curiosidade de saber quem cargas d’água era a tal da Jessica Hyde e por que diabos eles estavam atrás dessa mulher. Arby e seu comparsa estão no encalço dos membros do fórum online e as cenas de perseguição aos membros são extremamente instigantes.
O piloto segue um ritmo dinâmico, que prende o espectador. Os questionamentos dos personagens, as dúvidas sobre a veracidade dos fatos relatados na graphic novel, a angústia do grupo e a curiosidade impulsionam tanto os personagens como quem assiste a descobrir as respostas para a série de perguntas e lacunas deixadas no primeiro episódio.
Arby, seu comparsa e a pergunta que não quer calar: Where is Jessica Hyde? |
Como boa fã de graphic novels, que nada mais são que histórias em quadrinhos com uma temática adulta, (diferente das HQs de super-heróis) que tratam de conflitos psicológicos, conflitos das pessoas e mantém uma linguagem mais próxima a literatura. Pude reparar na direção de arte da série, a estética, o figurino, as cores dos cenários, as falas dos personagens, tudo se assemelha muito ao ritmo construído nas narrativas gráficas, em uma Londres dos tempos atuais.
Bem, ao menos a uma das indagações da série pudemos solucionar ao final desse episódio piloto, Jessica Hyde é a atriz Fiona O’Shaughness, mas quem ela é o que ela faz, são cenas para os próximos episódios. E meus caros, pode ser que seja cedo para creditá-la como uma das minhas séries favoritas, mas posso dizer que há muito não via um episódio piloto tão intenso e interessante, a última vez foi com o piloto de Breaking Bad e olhe que faz tempo!
Uma míope quase sempre muito atrasada, cinéfila por opção, musicista fracassada e cronista das pequenas idiotices da vida. Pra sustentar suas divagações é jornalista, roteirista e fotógrafa.
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A C-A-R-A do meu irmão por isso mesmo verei e passarei a dica adiante, Leilaa
=D