Dando continuidade à semana de aniversário d’O Chaplin, hoje falarei sobre mais um grande filme que completa 20 anos de seu lançamento em 2013.
Cinema tem função social, ou é apenas entretenimento? Tomo a liberdade para responder. Sim, Cinema tem função social. E digo mais, Cinema desenvolve o intelecto do espectador, o faz crescer, se sensibilizar mais. Philadelphia (1993) é um belo exemplo de como uma questão polêmica na sociedade pode ser tratada de forma bela e desmistificada, criando um novo entendimento a quem possa vir a assistir.
A história tem como protagonista Andrew Beckett, magistralmente interpretado por Tom Hanks, um jovem advogado que vem se destacando em uma grande empresa da Filadélfia. Andrew recebe a oportunidade de assumir um grande caso para a firma e tudo parece andar bem. Porém, o protagonista, que é homossexual, descobre que está com AIDS e passa a esconder o fato de seus colegas de trabalho. Certo dia, Andrew é sabotado na empresa e consequentemente demitido. Começa então o conflito dramático do filme.
Achando que foi demitido por ser gay e portador de HIV, o personagem de Hanks parte em busca de um advogado que o represente contra seus ex-patrões. Mas ninguém quer defendê-lo, ainda mais contra uma causa em que todos já davam como perdida. A última alternativa é Joe Miller (Denzel Washington), um espirituoso advogado de pequenas causas. De início, Miller também rejeita a proposta de Andrew, no entanto, após encontrá-lo em uma biblioteca e presenciar o colega sofrendo preconceito acaba por mudar de ideia.
A partir daí, a dupla trava uma batalha jurídica contra o grupo de sócios donos da antiga empresa de Andrew. Enquanto um lado alega ter sofrido de preconceito, o outro nega veementemente. As argumentações usadas por ambos são um dos pontos altos da película. O caso torna-se amplamente explorado pela mídia, e ganha contornos gigantes.
Ao passo em que o processo se desenrola, vemos o estado de saúde de Andrew se complicar, ele vai ficando cada vez mais frágil e debilitado, mas sempre carismático e sereno. Joe, um homofóbico de carteirinha, começa a ser afetado pelo contato e amizade com o personagem de Tom Hanks. Uma cena antológica é a que Hanks interpreta a ópera La Mamma Morta, deixando o personagem de Washington desconcertado. Sem dúvidas, um trecho marcante.
O filme vai nos deixando com um aperto no peito, pois estamos vendo Andrew definhar e o caso chegar ao fim no tribunal. Os desfecho é algo tão tocante que seria covardia citar aqui, fica a cargo do leitor assistir ou rever.
Philadelphia é importante, pois mostra como a sociedade, neste caso especificamente a americana, tratava o tema AIDS, com preconceito e ignorância. Ao mesmo tempo, o filme desmistifica estereótipos, desde a relação entre Andrew e seu namorado Miguel (Antonio Banderas) até a forma com que a família do protagonista encara isso, aceitando-o e apoiando-o sempre. Outra cena memorável é quando os irmãos de Andrew o estão confortando em um hospital. Impossível não se emocionar. Lembremos que o filme é de 1993, poucos anos após a descoberta do vírus HIV.
O longa foi bem premiado nos mais importantes festivais de cinema do mundo, ganhou dois Oscar: de Melhor Ator, mais do que justo, para Tom Hanks, e de Melhor Canção Original para Streets of Philadelphia, de Bruce Springsteen. A propósito, esta música, aliada à sequência de abertura do filme, merece um aplauso à parte. Denzel Washington também dá um show de interpretação.
Philadephia tem valor artístico e social consideráveis, e cumpre seu papel de transportar o espectador para uma realidade que não e a sua e mesmo assim criar empatia.
Jornalista, headbanger baterista e metido a roteirista. A rima só não é pior que o gosto por mindblowing movies.
Apesar de tratar sobre um assunto muito recente, na época, o filme não tem muitas qualidades para um cinema de autor. É clichê, como a vida, e fraco em sua essência.
A grande exceção aqui é a atuação de Tom Hanks, apenas.