A experiência de ir ao circo pela primeira vez sempre é inesquecível. Na maioria dos casos, nos encantamos e nos apaixonamos por completo por aquele mundo em que tudo é possível, em que mulheres parecem ser de borracha, homens desafiam feras e tudo parece ser muito mais belo. Ou nos assustamos com a maquiagem do palhaço e berramos o espetáculo todo. Pessoalmente, achei mágico aquele universo onde os sonhos se tornam realidade e o homem é capaz das maiores façanhas diante de nossos olhos.
Mia encontra pela frente um mundo mágico, onde será conduzida à diversos espetáculos do Soleil |
O Cirque du Soleil é, sem dúvidas, uma das empresas de entretenimento mais imperativas hoje em dia. Criado em 1984 pelos artistas de rua Guy Laliberté e Daniel Gauthier com base em Montreal, Canadá, sua proposta diferenciada une teatro, números circenses, onde cada espetáculo é particular, possui um enredo, um vestuário, uma trilha sonora e artistas preparadas para a apresentação. Ao todo são 27 espetáculos, sendo 12 itinerantes e 15 fixos. Enredos criativos, trilhas sonoras originais, produções impecáveis e artistas/atletas beirando à perfeição, os canadenses já haviam conquistado boa parte do mercado de entretenimento e era só questão de tempo até chegar à sétima arte.
Ano passado fiquei sabendo de uma união entre o diretor James Cameron e o Cirque du Soleil para a produção do primeiro filme da trupe. Animei-me, ansiosa, corri para ver o resultado em sua estreia. O longa é assinado por Andrew Adamson, que dirigiu Shrek e As Crônicas de Nárnia, e produzido por James Cameron. A ideia do filme é mostrar os espetáculos fixos em Las Vegas: “O”, “KÀ”, “Mystère”, “Viva Elvis”, “CRISS ANGEL Believe”, “Zumanity” e “The Beatles – LOVE”.
“O” primeiro espetáculo subáquatico do Soleil, primeo mundo a ser desvendado |
Somos apresentados a Mia (Erica Linz), uma garota que visita o “Circo Maravilhoso”, que de maravilhoso fica só no nome e em sua atração principal, O Acrobata Aéreo (Igor Zaripov). O casal se conhece no circo mais pra lá do que pra cá e se apaixona a primeira vista. No entanto, a dupla cai em um mundo mágico, onde são postos a prova por seres encantados e perigos, sendo estes os setes espetáculos do Cirque du Soleil, e lá se foi um roteiro! Quando os espetáculos entram em cena em uma projeção de cinema com tecnologia 3D, minha vontade era de que o casal se perdesse por mais e mais mundos, para que assim, eu pudesse acompanhar a mais espetáculos (rs).
O casal principal possui o carisma de um abajur, Erica e Igor são acrobatas do circo e estão ali para nos conduzir pelas apresentações e embora falhos em suas atuações, nos conquistam quando fazem aquilo que sabem fazer de melhor: performances circenses.
KÀ e sua verticalidade, um dos espetáculos mais audaciosos do circo |
Dentre os mundos percorridos, três em particular foram extremamente bem explorados. Foram eles: “O”; primeiro espetáculo aquático do Cirque, que apresenta encenações subaquáticas, tais como nado sincronizado, mesclando com outras performances no picadeiro. O nome O é falado do mesmo jeito que a palavra francesa eau, que significa água. A fotografia em 3D com uma câmera lenta que nos brinda com os mínimos detalhes e cada gota d’água. “Kà”; conta a história heroica de dois gêmeos, um irmão e uma irmã, que se lançam numa aventura perigosa, com temática oriental. Este, que eu considero um dos melhores, se não o melhor, trabalho do circo, os artistas realizam piruetas e demonstrações de artes marciais em um palco vertical multimídia. Por fim, o mais emocionante, para mim, “The Beatles – LOVE”; homenagem aos quatro garotos de Liverpool, as performances de “While My Guitar Gently Weeps” e “Get Back” já são suficientes para pagar o salgado preço do ingresso.
O Acrobata Aéreo (Igor Zaripov) e Mia (Erica Linz) |
Ano passado tive a oportunidade de, enfim, assistir a um dos diversos espetáculos do Cirque du Soleil, “Varekaí”. Na ocasião, lembro-me de ter ficado extasiada com o cuidado em cada detalhe e perfeição da produção. “Cirque Do Soleil – Outros Mundos”, conseguiu me transportar para seu universo, me emocionou em cada performance realizada e me proporcionou uma das experiências visuais mais belas que vi, embora fique devendo um bocado no quesito narrativa cinematográfica. Para àqueles que desconhecem o circo, para aqueles que conhecem ou mesmo para quem é indiferente, o filme é uma experiência que merece ser vivida.
Uma míope quase sempre muito atrasada, cinéfila por opção, musicista fracassada e cronista das pequenas idiotices da vida. Pra sustentar suas divagações é jornalista, roteirista e fotógrafa.