Do rock ao soul. Do funk à música eletrônica. David Bowie não deixa de inovar e gerar bons frutos para a cena musical. O multifacetado artista inglês completou no último dia 8 de janeiro 67 anos e o pensamento de aposentadoria passa bem longe. Lançou, em 2013, o álbum “The Next Day”, que chegou a ser um dos mais vendidos do Reino Unido na primeira semana de lançamento. Fazia dez anos que não produzia um disco.
Conhecido como o “Camaleão do Rock”, o inglês David Robert Jones, seu nome de batismo, apresentou várias fases em sua extensa carreira e inspirou diversos artistas. Bowie nasceu em Londres e quando criança participou do coral da escola. Seu pai lhe influenciou a escutar cantores como Little Richard e Elvis Presley.
Aos treze anos de idade ganhou um saxofone da mãe e chamou Ronnie Ross, músico local, para lhe dar aulas. Na adolescência, tocou nas bandas Kon-Rad, The King Bees, Manish Boys, Lower Third e Buzz, além de ter gravado alguns compactos como Davy Jones, porém sem nenhuma repercussão.
Em meados dos anos 1960 adotou o sobrenome artístico “Bowie”. Seu primeiro álbum, com o nome que lhe tornou conhecido, foi lançado em 1967. Entretanto, foi um fracasso comercial. Foi somente em 1969, com o ‘Space Oddity‘, que o jovem, com então 22 anos, começou a ficar famoso e na época o disco se tornou o quinto mais vendido da Grã-Bretanha. Como forma de homenageá-lo, O Chaplin listará algumas fases pelas quais o cantor inglês passou:
Ziggy Stardust
Foi um personagem que Bowie incorporou em 1972. Essa era é bastante lembrada por ter sido uma das “sementinhas” do Glam Rock. O personagem é um ser alienígena vindo de Marte para salvar o Planeta Terra e que conheceu o rock and roll.
O Stardust era conhecido pelo seu cabelo incrivelmente vermelho, visual andrógeno, os olhos pintados e as roupas super extravagantes. O alienígena surgiu nos álbuns ‘The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars’ e ‘Aladdin Sane‘.
Durante essa fase, David Bowie realizou a turnê com a banda Spider From Mars. Ziggy “morreu” em 03 de julho de 1973 durante um show em Londres.
Álbuns que marcam essa fase: The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars e Aladdin Sane.
Músicas que marcam essa fase: ‘Starman‘ e ‘Ziggy Stardust‘.
Curiosidades: O brasileiro Seu Jorge produziu um disco chamado The Life Aquatic Studio Sessions. Jorge fez versões das canções do Bowie em português para a trilha sonora do filme A Vida Marinha com Steve Zissou. A maioria das versões veio dessa fase. Além disso, a vida de Ziggy Stardust foi transformada em documentário pela BBC, que pode ser visto aqui.
Thin White Duke
Depois do Ziggy, David Bowie grava ‘Diamond Dogs‘, que é inspirado no mundo pós-apocalíptico da obra ‘1984’, de George Orwell. Mudou-se para os Estados Unidos e lançou um disco com um som voltado para o soul e funk (‘Young Americans‘). Depois dessas publicações citadas, surgiu o álbum ‘Station to Station’ (1976) juntamente com mais um personagem, o Thin White Duke (O Duque Magro e Branco, em português). Era um homem que cantava canções de amor com uma intensidade desesperada.
Álbuns que marcam essa fase: Station to Station.
Músicas que marcam essa fase: ‘Stay’ e ‘Golden Years’.
Curiosidades: Nesse período, Bowie foi bastante criticado por afirmações sobre Hitler e foi apontado como pró-fascista. Apesar das controvérsias, The Duke foi uma fase de transição para próxima ideia do Bowie, a Trilogia de Berlim.
Trilogia de Berlim
Bowie mudou para Suíça. Devido ao interesse pelo cenário musical da Berlim Ocidental, em meados da década de 1970, partiu para Alemanha e lançou três discos com músicas mais minimalistas, experimental, além de ter a presença de estilos como new wave, pós-punk e música industrial. Então, surge a Trilogia de Berlim.
Álbuns que marcam essa fase: Low, Heroes e Lodger.
Músicas que marcam essa fase: ‘Sound and Visions’ e ‘Heroes‘.
Curiosidades: O nome dessa fase é debatido, uma vez que foi apenas um disco que foi gravado totalmente na Alemanha. O nome, todavia, pode estar relacionado com a influência do cenário musical germânico.
Tin Machine
A década de 1980 de Bowie é marcada pelo dueto com Queen (‘Under Pressure‘), lançamento de álbuns dançantes (‘Let’s Dance’ e ‘Tonight’) e também na criação da banda Tin Machine.
Além do David Bowie, o grupo era composto por Reeves Gabrels (guitarra), Hunt Sales (baixo), Tony Sales (bateria). Possuía letras bastante politizadas e tinha uma pegada hard rock. O álbum de estreia homônimo foi lançado em 1989, teve uma ótima recepção do público, mas recebeu uma chuva de críticas. O segundo disco, Tin Machine II (1991), foi um fracasso comercial. O quarteto se desfez em 1992, com uma turnê chamada “It’s My Life Tour”, que rendeu seu último álbum, ao vivo, Tin Machine Live: Oy Vey, Baby.
Curiosidades: Bowie continuou a parceria com Reeves Gabrels em trabalhos posteriores.
Atualmente
Na década de 1990, David voltou a trabalhar em sua carreira solo e fez quatro discos com influências da música eletrônica, hip-hop, rock industrial, e entre outros estilos. Realizou uma parceria com a banda Nine Inch Nails e entrou para o Rock and Roll Hall of Fame. Nos anos 2000, Bowie produziu poucos álbuns (‘Heathen’ de 2002 e ‘Reality’ de 2003). Em meados desta década teve que ser submetido a uma cirurgia cardíaca. Em 2006 ganhou um Grammy pelo conjunto da obra.
No ano de 2013, ele lançou o primeiro disco de inéditas após 10 anos, ‘The Next Day‘, e em apenas uma semana, o álbum se tornou o mais vendido no Reino Unido. O cantor publicou diversos clipes, como The Stars (Are Out Tonight), que contou com a atriz Tilda Swinton, e I’d Rather be High (disponibilizado em dezembro).
Museu em São Paulo abre exposição em homenagem ao artista
Entre os dias 31 de janeiro a 20 de abril, o Museu da Imagem e do Som (MIS), que fica em São Paulo, vai abrir uma exposição para contar a vida e obra do artista. São 300 itens relacionados ao artista, com letras de música e figurinos. Os ingressos custam R$ 5 (meia) e R$ 10 (inteira). Caso viaje para São Paulo ou mora lá, o endereço fica na Avenida Europa, 158, o telefone para contato é (11) 2117-4777. A entrada para exposição pode ser comprado pelo site Ingresso Rápido.
Natalense, jornalista, gosta de música, livros e boas histórias desde que se entende por gente. Também tem uma quedinha pela fotografia.
[…] Para saber um pouco mais sobre as várias fases da carreira do ícone leia esse texto. […]