Só os caminhos tortuosos da distribuição do circuito mainstream brasileiro podem justificar que a comédia romântica “Amorosa Soledad” (2008) – dos hermanos Martín Carranza e Victoria Galardi – chegue ao Brasil com cinco anos de atraso. O filme revela a história de Soledad (Inés Efron), uma jovem decoradora que faz um voto de solidão após seu namorado Nicolas lhe pedir um tempo.
O filme tinha tudo para dar certo, especialmente em se tratando da proposta de esquematização do roteiro, muito diferente da maioria das comédias românticas brasileiras e hollywoodianas, nas quais o início (casal protagonista bem), o meio (transtorno que provoca separação e reflexão individual) e o fim (casal reconciliado) estão bem demarcados. Apesar da proposta mais alternativa, quase indie, o fato é que o roteiro de “Amorosa Soledad” não passa de um recorte sem graça de um voto de solidão infantilmente autoimposto.
Embora Inés Efron atue brilhantemente, “Amorosa Soledad” é um filme simples e fraco. |
E o filme fica nisso o tempo todo, em mostrar os sintomas e a dificuldade que Soledad passa ao escolher ficar só. As metáforas da solidão também são bastante óbvias: a masturbação, a fácil disposição para se tornar hipocondríaca e a privada entupida, deixada abandonada pela personagem principal (obviamente porque não há mais ninguém que se incomode com a condição desse artigo). Na verdade, percebemos que a personagem acaba mentindo para si mesma sobre sua vontade de ficar só.
No Rio Show, guia cultural do Jornal O Globo, o filme é classificado como “comédia romântica”, mas os pífios momentos em que tenta ser engraçado não provocam sequer a tentativa de riso no espectador. Fora o roteiro, os outros elementos, em especial a trilha sonora, compõem bem o filme, uma vez que dão o tom de uma personagem tardiamente infantil que ainda está se acostumando a maturidade compulsória.
De qualquer forma, parece que o título do filme foi um apelido especialmente pensado para a atriz Inés Efron, principalmente por causa da perfeita composição dada à personagem, permitindo que o blogueiro responsável pela página “Diário de um Cinéfilo” a classifique como “Woody Allen de saias”. Inés Efron passa um charme inegável a Soledad, fazendo com que os espectadores caiam de amores por essa bela e “amorosa” moça. Tanto é que, se eu e os demais presentes à sessão tivéssemos esta possibilidade, nós a transportaríamos para filmes mais divertidos, temperados e substanciais.
Sagitariano carioca que mora em Natal. Jornalista formado pela UFRJ e UFRN. Apaixonado por cinema, praia e viagens.
Não creio este filme represente essa mediocridade que expos em seu comentarios, ou seja que, “não passa de um recorte sem graça de um voto de solidão infantilmente autoimposto. ” Muito pelo contrario,essa maneira de se isolar e querer fica sozinha é algo que ela se obriga a fazer para se defender do amor, mas o amor que ela sofre porque seu namorado a deixa por puro egoismo, algo de narcisista se pode enxergar nele,pelo perfil de ser um musico,nao foi a toa. de maneira extraordinaria e simples este filme mostra a vida de todos e como sofremos internamente , mas ao mesmo tempo podemos ter bons tempos com nos mesmos, com o nosso interior, levando o ato de estar sozinho para um outro nivel. Revela se nesse filme o medo de todo o ser humano de ficar sozinho, de sentir a solidão e a carencia de um espaço antes preeenchido que no caso da parsonagem foi esvaziado, o vazio existencial é o medo de todos, e o filme consegue mostrar isso de maneira espetacular. ainda digo mais, mostra como nós seres humanos somos bobos e frágeis, não somos uma parede sem sentimentos, somos reais. E a questão da masturbação não é algo obvio, e muitomenos uma fuga, é o prazer com vc mesmo, o prazer individual, a plenitude do seu proprio prazer . o prazer existe por si só. O medo da personagem é o medo de todos, o medo de estar só, de nao ter quem faça carinho em seus cabelos, quem conserte sua privada, quem se preocupe com ela, quem a ame, e quem possa viver com ela fazendo companhia. esse é pdesejo de todo ser humano, porque nos somos assim, nao podemos viver sozinhos, e a unica coisa que ela se esganou foi a questão de continuar sozinha, mas a vida a presentiou com outro amor, e isso a assusta mas ela agarra esse amor como o anterior e segue sua vida, com medo, mas feliz,livre.