Animação potiguar ‘O RN na rota de Cabral’ será lançada hoje

Inicialmente idealizada para HQ em ocasião do Prêmio Moacy Cirne de Histórias em Quadrinhos da Fundação José Augusto, há dois anos, a animação “O RN na rota de Cabral” finalmente será lançada nessa segunda-feira (17), às 17h, durante a FLIQ – Feira de Livros e Quadrinhos – que acontece paralela a Semana de Ciência, Tecnologia e Cultura da UFRN (Cientec), na Praça Cívica do campus.

O “documentário-ficcional”, como prefere chamar o criador Lula Borges, foi possível através do Fundo de Incentivo à Cultura da Prefeitura de Natal, conta com técnicas em 2D e 3D e com a colaboração de grandes nomes do audiovisual potiguar. O enredo é baseado na possibilidade de Pedro Álvares Cabral ter chegado primeiro ao Rio Grande do Norte, em vez da Bahia, como defende a historiografia oficial. “Todo o filme fala das possibilidades (cartográficas, geográficas, matemáticas) de ser o RN o ponto de descobrimento do Brasil e não a Bahia. Pensamos em uma abordagem educativa, pelo menos cultural, na verdade o filme é quase um documentário, ou um documentário-ficcional, com 11 minutos de duração”, explica Lula, que é vice-presidente da Associação Brasileira de Documentaristas e Curta-Metragistas do RN (ABDeC/RN).

A animação tem como alvo o público estudantil. O filme será exibido em algumas escolas do município e provavelmente terá um segundo lançamento na Capitania das Artes. No entanto, Lula acrescenta, “a animação é interessante para pessoas de qualquer idade”.

A entrada na FLIQ é gratuita e, na ocasião, cópias da animação serão vendidas em kits com DVD simples e uma revista em quadrinhos com a história do filme, entre outras, ao preço de R$ 5,00.

“Entre na Rota”

Além da animação, o projeto produziu um game, o “Entre na Rota”, também de cunho educativo, cujo objetivo é ultrapassar os obstáculos para chegar ao Brasil em dois minutos.

A ideia de montar um jogo surgiu enquanto a equipe esperava a finalização do filme. “Eu falei: ‘Rapaz, enquanto o som e a legenda não saem, vamos fazer um game com a caravela?’ Fiz o roteiro do game, os obstáculos, e pedi a Diego Costa para modelar os mesmos. Conversamos com David Santana, outro colega que estuda programação e scripts no Blender. O resultado pode ser visto no jogo, que será lançado também junto com o filme”, conta Lula Borges.

No lançamento do filme e do game, durante a FLIQ, será possível fazer cópias do jogo através de dispositivos móveis, como pen drivers. O download também já está disponível no blog do jogo http://www.cabralrn.blogspot.com/, que funcionou como um “diário de bordo”, durante todo o processo de criação do filme e do game.

Lula Borges falou um pouco a respeito da produção. Confira partes da entrevista abaixo:

Como se deu a realização do projeto? Quem participou dele?

Foi possível devido a muito trabalho e muitas mãos, e vão aqui alguns agradecimentos: João Batista, Deuslir e Wagner pela ajuda aos desenhos 2D; a Galego pelo character design; à Waltécia, sem ela não seria possível ter esse aparato histórico dentro da animação; Luiz Elson e sua sempre presente supervisão; ao mestre Diego Costa, aluno que ensinei os primeiros passos no Blender. Hoje, ele me ultrapassou em muito no conhecimento do programa e da tecnologia 3D. À ABDeC/RN, Carlos Tourinho, Regina Cunha, Cristóvam, Geraldo, todos vocês, um grande obrigado pela inserção ao mundo cultural do audiovisual no RN. A Kiko Mosta pelas músicas, gravações e uma paciência de Jó para as finalizações dos áudios. Muitos dos que produziram o filme o fizeram apenas para ajudar mesmo e pela experiência, pois o prêmio do FIC estava aquém do valor real de um filme, especialmente uma animação, mas foi um bom início e a tendência é melhorar sempre. Agradecemos a esse primeiro incentivo e que outros possam vir, também de outras entidades potiguares e natalenses.

Qual a peculiaridade de “O RN na rota de Cabral?” O que o diferencia das outras produções potiguares?

A animação no RN vem se desenvolvendo desde os anos 1980, especialmente em peças publicitárias e nos anos 90 com algumas animações autorais. A partir de 2000, 2001, naquele tempo trabalhando muito com quadrinhos, comecei a desenvolver as primeiras animações (www.youtube.com/lulareverbo), sempre, como todos os outros produtores, de maneira tradicional, em 2D com papel, lápis e mesa de luz. Aos poucos e com os computadores mais rápidos, comecei a fazer o material de forma digital, ganhando em tempo e material, pois não precisava mais de papel, ou mesa de luz, tudo era no PC. Com a chegada do Blender, novos estudos tiveram que ser feitos e estamos fazendo até hoje, todos os dias. A animação é isso, um curta tradicional, como todas as outras peças feitas no estado, mas com elementos 3D, como o mar, a caravela, o marco, o forte dos reis magos, enfim, muita coisa, mas o vídeo é 2D. Achamos ser esse o grande diferencial: usar técnicas 2D e 3D ao mesmo tempo em uma produção potiguar. Outra coisa interessante a ser vista é que tem tanto dado histórico dentro da animação, mesmo não sendo oficial, que o filme acabou sendo quase um documentário animado. Também não sei se teve outra produção de vários meses feita com equipe totalmente potiguar, com investimento público, o que deu uma experiência ímpar aos agregados do projeto. Podemos dizer que estamos prontos para novas investidas com mais qualidade no que se refere à animação aqui no RN.

Qual a importância dessa produção para o Rio Grande do Norte?

Acreditamos ser um marco (junto com o de Touros) na produção de audiovisual no estado, que vem aumentando e melhorando as produções de cinema e vídeo há alguns anos. Outro elemento a se observar é que existe uma anseio de estudantes, profissionais e curiosos de plantão em produzir sua animação. Com esse material sendo mostrado aos mesmos, oficinas sendo ministrada por animadores e algum incentivo do poder público, poderemos ter um bom núcleo de audiovisual e arte sequencial no RN e esse anseio pode se transformar em produto a ser visto pela população.

Confira o trailer de “O RN na rota de Cabral”

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Andressa Vieira
Jornalista, cinéfila incurável e escritora em formação. Típica escorpiana. Cearense natural e potiguar adotada. Apaixonada por cinema, literatura, música, arte e pessoas. Especialista em Cinema e mestranda em Estudos da Mídia (PPgEM/UFRN). É diretora deste site.
Andressa Vieira

Andressa Vieira

Jornalista, cinéfila incurável e escritora em formação. Típica escorpiana. Cearense natural e potiguar adotada. Apaixonada por cinema, literatura, música, arte e pessoas. Especialista em Cinema e mestranda em Estudos da Mídia (PPgEM/UFRN). É diretora deste site.

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