No sábado, 18, o palco do Teatro Riachuelo recebeu a atriz e humorista Heloísa Périssé, conhecida por suas atuações na TV (como o seriado “Sob Nova Direção”, ao lado de Ingrid Guimarães) e no teatro (Cócegas). Heloísa trouxe sua nova montagem, o monólogo “E foram quase felizes para sempre”, em que ela não só atua, como também concebe o texto.
Letícia Amado é uma escritora que se vê às portas do lançamento de “Cantinho para dois”, um livro de dicas de viagens e lugares para casais. As lembranças dos episódios que ela viveu para escrever o livro, contudo, remetem ao seu ex namorado, Paulo Vítor, com quem ela viveu um romance intenso, apesar das diferenças de personalidade entre os dois. O monólogo conta a história do relacionamento de Lele e Paulo Vítor, com seus altos e baixos. Um prato cheio para Heloísa cativar o público com seu grande desempenho enquanto atriz de teatro.
O que mais chama atenção na peça é a habilidade da atriz de crescer no palco. O cenário é simples, apenas o essencial está em cena (um sofá aqui, uma cadeira ali). O figurino também é contido e pouco chamativo. Nada que desvie a atenção de Heloísa Périssé, ou que possa distrair o público, é encontrado no palco. Outra atriz deixaria facilmente um público entediado. Mas esse não é o caso. Heloísa se desdobra e interpreta não só a neurótica Lele, como uma dezena de outros personagens. Com a ajuda de um jogo de iluminação bastante eficiente e importante na narrativa, ela cria sotaques, ritmos, vozes, e se mostra habilidosa e conhecedora do texto que escreveu.
É bem verdade que o texto não é lá dos melhores. Por vezes, apelativo e exagerado (como o momento em que a atriz se contorce no chão em representação de um ato sexual), mas a atriz o domina e torna-se a estrela de seu espetáculo. Vale a pena assistir a “E foram quase felizes para sempre”, se não pela qualidade textual da peça, pelo alto nível de atuação de Heloísa, sem sombra de dúvidas, uma das humoristas mais competentes dessa geração.
Jornalista, cinéfila incurável e escritora em formação. Típica escorpiana. Cearense natural e potiguar adotada. Apaixonada por cinema, literatura, música, arte e pessoas. Especialista em Cinema e mestranda em Estudos da Mídia (PPgEM/UFRN). É diretora deste site.