Conseguir imaginar Han Solo numa aventura sozinho antes mesmo de conhecer seus amigos Leia, Luke e até mesmo seu parceiro de longa data Chewbacca é difícil que dê certo ainda mais nos livros. É isso o que acontece em Armadilha do Paraíso, o primeiro volume da chamada aqui no Brasil de “Trilogia Han Solo”.
O livro conta a história deste coadjuvante no filmes da saga Star Wars que, aqui, se torna um protagonista extraordinário, narrando desde a criação do personagem até o momento que Han Solo se tornou do jeito que o conhecemos. Órfão e perdido nas ruas de Corellia, Han é acolhido por um capitão de uma nave chamado Garris Shrike; nas mãos do capitão, ele é treinado para roubar e aplicar golpes juntamente com o seu “pai” e torna-se caçador de recompensas junto com outras crianças que Garris também “acolheu”.
Cansado dessa vida, Han decide então escapar da Sorte de Mercador, nome da nave de Garris, e sair de vez dessa vida, pois seu sonho mesmo é virar um oficial da Marinha Imperial. Com a ajuda de Dewlanna, ele por fim acaba fugindo e indo parar em Ylesia, onde se torna contrabandista de especiarias. Lá ele conhece duas pessoas importantes: Muuurgh, um togoriano, e Bria, também corelliana.
Como o livro se passa entre os episódios III e IV da saga, o Império está em seu auge. O controle do universo estão nas mãos de Palpatine e Darth Vader, mas apenas Palpatine é citado razoavelmente e em rápidos fragmentos. Outras referências do universo de Han também são citados no livro, como Jabba e Hutt. Alderaan também é citada juntamente com Tatooine.
Apesar do livro ser do selo Legends, ou seja, não faz parte da história principal relacionada à narrativa do filme, a autora – A.C. Crispin – consegue estabelecer uma consistente base para o personagem que fica até difícil descrevê-la. Neste primeiro livro, ela consegue apresentar onde surgiu todos os trejeitos do personagem e o porquê dele ter ficado desse jeito, do jeito como vemos nos filmes. Fique atento na forma como a autora descreve a obtenção da habilidade para pilotagem e do manejo ágil de pistolas. São bons exemplo da escrita habilidosa da autora.
Outro ponto alto de Armadilha do Paraíso é uma analogia – bem desenvolvida pela autora, por sinal – sobre enganações religiosas. Mesmo com a primeira edição do livro tendo sido lançada em 1997, essa analogia tem muito a ver com os dias atuais: de como as pessoas podem ser enganadas por uma organização que, no caso de Ylesia, entrega um prazer momentâneo em troca da mão de obra escrava.
Em suma, o livro é bem escrito, mas logo após o clímax da história, a autora perde um pouco mão e entrega acontecimentos rasos, sem a mesma ação da primeira metade do livro, que tão somente contribuem para o seguimento da história. O final também não é um fim propriamente dito, já que se trata de uma trilogia.
O que será que realmente acontecer com Han Solo?