As cinco maiores zebras do Oscar

Ao assistir ao Oscar deste ano, fiquei com a impressão de que estava diante de uma cerimônia cujo o objetivo era a distribuição de prêmios aleatórios à figurinhas carimbadas do cinema americano. Bem, até aí nenhuma novidade, isso é comum a uma cerimônia feita especificamente para ressaltar o modo de vida de uma nação; o que tanto me incomoda é essa previsibilidade dos prêmios. Não é preciso mais assistir aos filmes para você saber quem vai levar o prêmio máximo da noite; se a película tiver um discurso relativamente alinhado às políticas da academia (Argo corrobora totalmente com isso), tem chances expressivas de levar o carequinha para casa. Salvo algumas exceções, houve filmes que conseguiram romper o bairrismo e preconceito da academia, e acabaram por levar o prêmio de melhor filme, quebrando um pouco a previsibilidade da cerimônia. Aqui vai um top 5 com essas zebras, segundo minha humilde opinião:

I – Como era verde o meu vale (1941)

 

A vida de uma família de mineiros em uma pequena cidade da Irlanda nos anos 30, em meio a uma crise econômica que afetava essa atividade. Clássico de Ford adaptado de um best-seller de Richard Llewellyn. Ganhou cinco Oscar, incluindo o de melhor filme, derrotando o favorito Cidadão Kane. Hoje, certo excesso de sentimentalismo é um dos aspectos que envelheceram. Mas assim mesmo a narrativa sob a ótica do menino (McDowall) ainda emociona, principalmente quando conta com a presença de Crisp (o patriarca que está perdendo o controle da família).

II – Volta ao Mundo em 80 dias (1957)

 

 

Nobre inglês aposta que consegue dar a volta ao mundo em uma balão em 80 dias. Produção rica e caprichada baseada em história de Júlio Verne, com elenco all-star em pequenas participações. Oscar de filme, trilha sonora, roteiro adaptado, fotografia e montagem. Derrotou o favorito daquele ano, Os Dez Mandamentos.

III – Operação França (1972)

 

 

Investigador da polícia de narcóticos de Nova York sai no encalço de um traficante de drogas francês que começa a espalhar nos EUA os tentáculos de sua organização. Um dos grandes filmes de ação dos anos 70, notável por uma célebre sequência de perseguição de automóveis. Baseado no livro de Robin Moore, a trama realista tira todo o glamour da atividade policial. No mesmo ano, concorria Laranja Mecânica, de Kubrick.

 

IV – Rocky, um Lutador (1977)

 

 

Boxeador inexpressivo se recupera ao enfrentar campeão mundial. Escrito pelo próprio Stallone, tem narrativa envolvente e mensagem ufanista (os EUA viviam o clima de derrotismo político por causa do Vietnã e do escândalo de Watergate). Oscar de melhor filme, direção e montagem. No mesmo ano concorriam outros títulos de peso, como Rede de Intrigas, Todos os homens do presidente e Taxi Driver.

V – Carruagens de Fogo (1982)

 

Dois corredores, um missionário escocês e um estudante judeu de Cambridge, competem nas Olimpíadas de 24. Um bonito retrato da época e das emoções e frustrações que motivam os dois esportistas. Oscar de filme, trilha sonora, roteiro e figurino. E só para constar: o filme é inglês.

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Fernando Lins
Abandonou a escola logo cedo porque não conseguia aprender nada. Cursou História na UFRN, para mais uma vez descobrir que as instituições de ensino são “gulags” que destroem todo e qualquer sentido genuíno de saber. Hoje, exilado em Campina Grande-PB, dedica-se ao anarquismo espiritual.
Fernando Lins

Fernando Lins

Abandonou a escola logo cedo porque não conseguia aprender nada. Cursou História na UFRN, para mais uma vez descobrir que as instituições de ensino são "gulags" que destroem todo e qualquer sentido genuíno de saber. Hoje, exilado em Campina Grande-PB, dedica-se ao anarquismo espiritual.

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