Os anos 90 foram inesquecíveis tanto para a moda quanto para o cinema. Verdadeiros clássicos foram lançados tornando-se grandes produtos para a indústria cultural mundial durante esta década. O filme “Clueless” (As Patricinhas de Beverly Hills), lançado em 1995, trouxe consigo um figurino inesquecível. Protagonizado pela atriz Alicia Silvestone e dirigido por Amy Herckerling (Olha quem está falando, 1989), o longa narra a história da patricinha Cher Horowitz, uma típica riquinha mimada que mora no endereço mais “hypado” de Los Angeles, Beverly Hills. A moda, o consumo adolescente e o american way of life são temas explorados na obra.
Alicia Silverstone (também conhecida pelo clipe “Crazy” da banda Aerosmith) e Brittany Murphy (queridinha de Recém-Casados) foram alçadas à fama e precocemente ganharam status de estrela.
O figurino assinado por Mona May (Encantada, 2007) contém as referências “preppy” (estilo estudante rica bem arrumadinha das universidades inglesas e americanas) para as meninas e “double size” (roupas que são o dobro do tamanho indicado) para os meninos. Como qualquer filme adolescente, As Patricinhas de Beverly Hills divide as personagens em grupos sociais: os skatistas, as patricinhas populares e o os rappers.
Nos anos 90, as culturas hip-hop e grunge cresciam. A tribo grunge tinha como grande exponencial fashion o vocalista do Nirvana, Kurt Cobain. O seu visual tinha como peças principais as t-shirts largas, jeans, camisas xadrez e o all star detonado. Na maioria das vezes, eram caracterizados como aqueles personagens que usavam drogas, eram desleixados, não faziam parte da roda dos populares e gostavam de skate.
Já os personagens que seguiam a cultura hip-hop como mantra fashion adotavam peças maiores do que seu tamanho real. O “double size ” tinha como principais ícones e referência fashion os rappers MC Hammer, Tupac Shakur e Michael Jordan. Essas peças eram aquelas em que usar dois números a mais era sinônimo de status, caso do personagem Murray (Donald Faison), namorado de Dionne (Stacey Dash).
Na década de 90 o status criado a partir do uso de marca cresceu bastante. Nike, Gap e Tommy Hilfiger explodiram em vendas graças aos famosos que as usavam no dia- dia.

A GAP utilizou o estilo “Ivy league” (moda inspirada no estilo americano clássico, normalmente ligado as fardas e vestimentas das principais universidades norte-americanas) que vai muito além dos moletons com o nome das instituições, para garantir o sucesso de suas coleções. Do outro lado, a Nike lucrava com o seu mais importante garoto propaganda: Michael Jordan.

Enquanto as meninas – que copiavam a patricinha Cher – usavam, em sua maioria, saias xadrez e looks que remetem a grandes marcas, o estilista Tommy Hilfiger crescia no mercado jovem americano nos anos posteriores prezando o status e a exibição do nome da sua marca nas roupas como referência fashion.
Cher é a personificação do american way of life ao explorar a importância das marcas de roupa (vestido Calvin Klein) e o estilo das famosas (vide a roupa de ginástica à la Cindy Crawford). O terninho xadrez usado pela protagonista faz uma alusão ao já citado Ivy League. Mais conhecido como preppy o estilo busca fazer uma conexão entre as classes altas inglesas e o estilo “cool” entre os jovens.
Um dos “makeovers” mais interessantes do filmes é a transição de estilo da personagem Tai, interpretado pela saudosa atriz Brittany Murphy. A garota recém-chegada na Costa Leste americana sente que precisa se enturmar e quer se tornar popular na escola, para isso ela abre mão de seu estilo largado grunge e passa a aderir ao preppy quando conhece Cher (Alicia Silverston). Tai, logo passa a agir de forma frívola e não abre mão de um conjuntinho xadrez.
É a partir dessa perspectiva que o filme “As Patricinhas de Beverly Hills” revela a importância da marca como agregador social e como ela transita no espaço dos jovens, estereotipando certos estilos americanos.
As Patricinhas de Beverly Hills para a Cultura Pop
O filme virou uma referência para outras obras do gênero teen. Além de firmar-se como um dos melhores de sua época, a película ainda contribuiu com expressões para o vocabulário norte-americano como “as if ” e “whatever”, que se tornaram um viral na década de 90 e são válidos até hoje.
Outro fato interessante é que “As patricinhas de Beverly Hills” é uma versão moderna do clássico Emma da escritora inglesa Jane Austen.
E pra não dizer que saiu de moda, a rapper australiana, Iggy Azelea no clipe do seu hit, “Fancy” fez uma paródia ao clássico que este ano completa aniversário de vinte anos!
Estudante de jornalismo, aspirante a figurinista e fã incondicional de Grace Codington, Anna Wintour, Nina Garcia e Miranda Priestly.
Frase favorita: “That’s all” .
Gostei do conteúdo 🙂 Queria saber mais, como faço?