Banda Resgate completa 25 anos de rock n’ roll

Quando escuto a palavra rock na minha cabeça, a primeira coisa que me vem à cabeça é Resgate! Não, não aquele número que você disca quando alguém precisa ser socorrido, para com essa zoeira já. Falamos aqui da banda que escuto desde a barriga da minha mãe, afinal de contas tenho meus vinte e um anos. Talvez isso explique o fato de eu gostar tanto deles, talvez não. Fato é: do primeiro aos últimos CDs, Resgate sempre foi a minha referência de som e qualidade quando falávamos de músicas mais pesadas até as mais calmas do velho e bom rock n’ roll.

O Resgate tem seus primórdios lá em 5 de maio de 1989, quando uns malucos (com todo respeito, é claro) que estavam aprendendo a tocar guitarra, Zé Bruno e Hamilton, resolvem montar uma banda. Até onde lembro, Hamilton (ou mais carinhosamente Mito) tinha suas raízes no heavy metal. Contudo, o narigudo – quero dizer, o Zé – impõe que se era para fazer uma banda, que deveria ser de rock puro e simplista. Cara chato, hein?

65067_565081420173253_104126712_n
Na ordem: Jorge Bruno, Zé Bruno, Hamilton Gomes e Marcelo Bassa

A banda estava formada, duas guitarras e pronto. É o que importa, não é? Quase se esqueceram do baterista e do baixista, aí resolveram chamar o Jorge Bruno, irmão do Zé Bruno, e o Marcelo Bassa para fazer a baixaria da banda, afinal de contas alguém tinha que preencher o espaço vazio. Agora sim, perfeito, duas guitarras e o restante da banda. Assim nascia o Resgate na igreja Batista, que não ouso dizer qual era, porque com certeza eu vou errar.

A partir daí o grupo foi se organizando como uma banda de rock, lançando então seu primeiro disco: Vida, Jesus & Rock n’ Roll. É esse CD que leva um dos maiores hits da banda: Rock da Vovó. Se você perguntar para alguém se ela conhece a banda Resgate e ela responder que sim, duas músicas são obrigatórias na carteira de ouvinte: Rock da Vovó e Florzinha (essa última, com direito a multa do Ibama por uso indevido da flora brasileira nas letras).

Já em seu segundo CD em 1993, intitulado de Novos Rumos, encontramos os hits: Daniel e Florzinha, que possuía a mesma sonoridade do primeiro musicalmente falando, sem inovações, mas sempre com excelentes letras, que é uma das marcas registradas e patenteadas da banda. Essa sonoridade é aquela do rock n’ roll simples, mas bem executado, marcado por riffs simples e chicletes, que te fazem assobiar e cantarolar um bom tempo se “pegar na sua cabeça”.

10386810_897697203578338_856327246539938756_n

As novidades só chegaram no terceiro álbum, o poderoso e pesado On The Rock (1995), em que o Resgate abraça o som do hard rock e cria as suas músicas mais pesadas, podendo citar, como exemplo, Doutores da lei, Acusador, Tempo, Solidão e o hit 5:50 AM (dez pra seis, esse é o jeito certo de falar). Dois anos mais tarde sai o único CD sem um nome para intitular, Resgate (1997), em que a banda toma uma sonoridade mais experimental, voltando aos primórdios em alguns sentidos e também trazendo elementos que faziam a música soar um pouco mais pop, sem perder o peso das guitarras. Deste álbum saíram mais alguns hits: Terceiro Dia, O Jantar e Em todo lugar (a melhor música do CD, com aqueles riffs simples, mas arrepiantes).

Com a banda ainda experimentando sons, chega Praise (2000), com letras mais introspectivas e reflexivas sobre nossas vidas, com relação à fé professada pela banda, o cristianismo. Apesar do conteúdo das letras, o peso das músicas volta a aparecer. Deste saíram mais hits: Infinitamente mais, Restauração, Sete dias e O nome da paz. Um ano mais tarde, sai o primeiro e único CD acústico. Além de gravar clássicos, a banda aproveitou para lançar mais duas músicas inéditas: Água viva e Lucifeia. Neste álbum, eu tive a oportunidade de vê-los gravando no antigo edifício Copan.

As guitarras em ação
As guitarras em ação

Nem só de acertos viverá uma banda. Em 2002 foi lançado o álbum  que os integrantes e a crítica consideram como o mais fraco da discografia: Eu continuo de pé. O som das guitarras soava mais simples, mas nem por isso ruim, talvez o grande problema fosse não ter algo que “perfumasse” o disco, o algo diferente que existia nos anteriores. Mesmo assim, saiu um grande hit do CD: Pra todos os efeitos. Mais um ano se passa e um CD e DVD são gravados, agora comemorando os 15 anos da banda, este foi chamado de Ao vivo (2004) que além de regravar os principais sucessos da banda, contou com três músicas inéditas: O rio (hit da banda), Mais longe e O meu lugar (hit absoluto da banda!).

Passados então quatro anos, chega o CD de renascimento do Resgate pesado e criativo: Até eu envelhecer (2006). Lembro-me bem que naquela época eu o adorei do começo ao fim. Acredito que desse ponto em diante a banda encontrou o seu eixo musical, os ventos que ela seguiria em estilo, que era produzir um CD que fosse pesado e leve também nas músicas, andando pelas sonoridades que a banda sabia muito bem executar. Deste CD saíram hits: Passo a passo, Astronauta, A Gente, O médico e o monstro e O perdido e o Sentido. Além do CD em estúdio, a banda gravou um CD e DVD ao vivo, que contava com as músicas novas e alguns clássicos já bem consagrados.

De 2010 em diante, o grupo se revolucionou e gravou o seu melhor CD neste ano, intitulado de Ainda não é o último. Nome curioso, com uma justificativa ao estilo Resgate de ser. Perguntavam ao Zé Bruno (vocalista) se o CD anterior era o último, e ele então respondia: Não, ainda não é último. Aí pegou, né? A banda conseguiu trazer neste álbum o que fazia de melhor e multiplicou por dois, experimentou nas músicas, trouxe riffs pesados, letras para cantar junto e uma sonoridade agradável de ser ouvida, agradando aos que gostam do Resgate mais lento e aos headbangers (talvez?). Sem contar no humor e na inteligência ácida das letras que acompanham cada nota das músicas. Deste CD saíram os hits: A hora do Brasil, Depois de tudo, Jack Joe and Nancy in the Mall e Vou me lembrar.

Atendendo aos pedidos da população, que queria ouvir as músicas antigas do Resgate, a banda lança uma coletânea chamada Pretérito Imperfeito, mais que perfeito (2011), composto pelas principais músicas lançadas remasterizadas. E, além disso, lançaram uma nova música: Assim caminha a humanidade, que, assim como a maioria das músicas do Resgate, possui uma crítica concreta e inteligente a respeito da sociedade. Passado mais um ano, outro disco é lançado, chamado Este lado para cima (2012), que respeita a sonoridade do disco anterior, porém se lançando ainda mais na crítica não somente à sociedade, mas ao que o cristianismo vem se transformando, num verdadeiro motor econômico, desempenhado um papel muito diferente do que é escrito nas sagradas escrituras. E mais hits acompanham o álbum: Eu estou aqui, Errando e Aprendendo, O que não precisa e Eles precisam saber.

10298949_865071710174221_4561420374773365714_n

O último lançamento da banda ocorreu em 2013, quando foi gravado um DVD na ocasião do lançamento do CD Este lado para cima, contando, como sempre, com boa parte dos hits do quarteto, e com um nome inusitado: Aos Vivos. A explicação é bem simples, porque gravar somente para um vivo? Gravaremos para todos! Tão óbvio, não?

Humor, simplicidade, musicalidade boa, qualidade e inteligência são atributos que definem a banda em suas músicas, nas entrevistas e no conviver com as pessoas nos shows. Resgate fala da fé que seus integrantes professam, mas eles vão além e mostram que é possível inovar, ousar e criar músicas com a qualidade que se vê nos principais artistas do cenário nacional. Este ano a banda completa seus 25 anos de estradas. Assistindo aos clipes da banda é bem notória a pitada de humor ácido, mas ausente de malícia, que faz um bem danado para a nossa alma.

Cada CD possui particularidades que escrevem a história do Resgate, de uma balada lenta até as músicas mais animadas que fazem a galera pular. Com uma linguagem simples, a banda consegue transmitir sua mensagem sem provocar ninguém, falando do que acredita, tocando o que gosta e fazendo as coisas por diversão. A cara da banda é essa, leveza, simplicidade e sempre uma guitarra plugada num amplificador valvulado.

Parabéns, Resgate!

Se você não os conhece, aproveita e dá uma clicada aqui embaixo, garanto que não vai se arrepender.


Compartilhe

Matheus Geres
Analista de Sistemas, nas horas vagas web designer, estudante de Sistemas de Informação, apaixonado por Tecnologia, Informática, videogames, rock n’ roll, boa música, teatro, cinema, gibis e quadrinhos. Se um sorriso resolvesse todas as coisas, seria uma pessoa muito bem resolvida com a vida. Além disso, Cristão por escolha e amor, amante das pessoas e do calor humano.
Matheus Geres

Matheus Geres

Analista de Sistemas, nas horas vagas web designer, estudante de Sistemas de Informação, apaixonado por Tecnologia, Informática, videogames, rock n' roll, boa música, teatro, cinema, gibis e quadrinhos. Se um sorriso resolvesse todas as coisas, seria uma pessoa muito bem resolvida com a vida. Além disso, Cristão por escolha e amor, amante das pessoas e do calor humano.

Postagens Relacionadas

Rugido_2
Lista: 3 séries feministas para assistir na Apple TV+
Não é de hoje que sou entusiasta emocionada do streaming da Apple, o Apple TV+. Dentre os motivos, estão...
foto da revista capituras
Capituras: revista cultural potiguar com foco em produção de mulheres é lançada
O Rio Grande do Norte acaba de ganhar a primeira revista cultural com foco na produção artística realizada...

Deixe uma resposta

0 0 votes
Classificação do artigo
Subscribe
Notify of
guest
0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments
0
Would love your thoughts, please comment.x